Algo muito estranho estava acontecendo no local, enquanto Demétrio corria pela Floresta de Pinheiros e subia a montanha de Neve, observou uma revoada de pássaros, não migratórios, mas em fuga de seu habitat natural, que é a costa rochosa do mar.Os pássaros voavam em bando, sem saber aonde ir, alguns pousavam na floresta e outros caíram pelo caminho, por não serem pássaros de grandes voos. Alguns animais, também corriam pela floresta em meio a neve e caíam e não levantavam, pois quebravam as suas patas. Todos esses animais vinham da Costa.
Demétrio precisava avisar o alfa, pois não demoraria muito e aquele lugar estaria infestado de pessoas e animais que não habitam no local e muitos morreriam por não resistirem às intempéries. Alguma coisa aconteceu na Costa e estava assustando os animais.
Demétrio correu de volta a casa do urso e arranhou a porta com as garras até que alguém o atendeu. Era Uchôa e trazia uma capa de frio nas mãos, imaginando que fosse o lobo. Demétrio logo voltou a forma humana, vestiu a capa e entrou. Todos perceberam sua agitação, Zoren levantou-se e foi em direção a ele, estendendo uma cadeira para que sentasse.
-Respira fundo Demétrio e conta o que aconteceu, porque você está tão agitado? - Mandou o Alfa.
Mas Demétrio só sabia olhar para a irmã e lembrar tudo que fez contra ela. Deixando as lágrimas caírem, olhou bem fundo nos seus olhos e pediu o quê sua alma ansiava a muitos anos:
-Perdão minha irmã, por favor, me perdoa. Eu te amo tanto, mas fui um fraco egoísta e não soube cuidar de você. Agora, acho que nunca mais seremos uma família unida…
-Pare com isso, menino! É claro que voltaremos a ser uma família unida, o importante é que Ava está aqui e viva, muito viva, graças a Deus - Sheila cortou a fala de Demétrio.
-Mesmo assim, me perdoe Ava, não foi minha intenção. Eu procurava, aliás nós, - olhou para o pai e para o alfa. - procurávamos por uma menininha, não fazíamos ideia de que você havia se transformado em uma lobinha. Sei que não é desculpa, mas me perdoa.
Ava olhava para ele de maneira inexpressiva e não respondeu, foram muitos anos de mágoas pelo abandono, sentiu-se rejeitada e se não fosse Blanca, teria sido devorada pelos selvagens. Só o tempo poderia dizer se a ferida curaria.
-Hoje cedo encontrei um fradinho preso em uma de minhas armadilhas e achei muito estranho, creio que pelo jeito que entrou por estas portas, apavorado, deve ter visto algo estranho também. O que foi? - Ava perguntou sem responder ao irmão.
Demétrio ficou triste ao ver que Ava não lhe respondeu, mas daria tempo a ela e achou melhor falar sobre o que viu.
-Sim, quando sai correndo daqui, entrei pela Floresta de Pinheiros e subi a montanha de Neve e quando olhei para o alto, vi bandos de aves diferentes, vindos da direção da Costa, Também vi alces que não costumam vir para essa área e carneiros daqueles de chifres curvos, que gostam das montanhas rochosas que têm na costa, estavam passando pela floresta. Entre as aves, havia uma águia e corujas, todos fugindo da Costa e entrando pela Floresta de Pinheiros - contou Demétrio.
Todos ficaram quietos, meditando no que haviam acabado de escutar. Eles, como moradores da área mais fria do Alasca, sabiam muito bem o que significava esta revoada de pássaros e estes animais vindo da Costa. Provavelmente algum acidente ambiental ocorreu na costa. O alfa agora precisava saber qual a gravidade deste acidente, para poder tomar providências e proteger a sua alcateia. Já Uchoa estava preocupado com seus irmãos e amigos ursos e com sua fêmea que acabaram de parir seus três filhotes.
Precisavam se reunir urgentemente, para traçar uma estratégia de proteção a toda aquela área de reserva dos shifters.
Finalmente Zoren tomou a dianteira e falou como o alfa que é:
-Vamos todos agora para a alcateia e no informarmos do que está acontecendo. Depois disso telefonarei para o delegado e trataremos de orquestrar uma proteção para a reserva. Uchoa, peço que você entre em contato com os outros ursos e peça a eles que se mantenham na forma humana e tentem ver um local próximo onde todos possam ficar. - Pediu Zoren.
-Já havia pensado nisso mesmo, Zoren. Alguns já estão hibernando e vão permanecer assim até o final do inverno. Mas há aqueles que estão acordados, tomando conta de suas famílias, com certeza falarei com eles, eles também já devem estar preocupados e veremos o melhor a fazer. - Falou Uchôa.
-Ava vem conosco, você não pode ficar sozinha naquela cabana, correndo risco de ser atacada por animais, selvagens ou não - Zorem praticamente intimou a fêmea.
-Eu posso ficar aqui, para ajudar a Blanca com os bebês - redarguiu Ava.
-É melhor você ir com eles Ava, logo vou falar com meus irmãos e nos deslocaremos, não conseguirei cuidar de você, de Blanca e dos filhotes. Vá querida, está na hora de voltar para casa. - Falou Uchôa, beijando-lhe a testa enquanto o Alfa tentava controlar seu desagrado pelo contato dos dois.
Ava abaixou a cabeça e assentiu. Ela, é melhor do que ninguém, sabia quais os perigos daquelas terras. Não queria correr riscos novamente, de ser atacada por animais selvagens e não conseguir se depender. Não era dessa forma que queria voltar a alcateia e a casa de sua família. Mas parecia ser o único jeito de fugir da situação que estava se formando.
A família, mais o Alfa, entraram na caminhonete, Ava foi na frente ao lado de Zoren que dirigia. Desceram a montanha e puderam observar vários animais correndo e pássaros voando desordenados, alguns já mortos pela estrada. Chegaram na Alcateia e quando todos desceram, o Alfa segurou o braco de Ava e não deixou ela descer. Ela puxou o braço com força, reclamando.
-Você vai para minha casa, você é minha companheira, lá em casa tem mais espaço e você poderá ficar mais à vontade. Fique tranquila que não forçaria nenhuma intimidade com você. - Explicou o Alfa.
Ava olhou para ele desconfiada, mas pensou na situação em que ficaria, tendo que compartilhar a casa com seu pai e seu irmão, aos quais ela já tinha alguma contrariedade. Já na casa do Alfa, ela poderia ficar mais preservada da convivência com os dois e poderia evitar a companhia dele o máximo possível.
-Va filha, é perto e eu vou lá te ver. Dê tempo ao tempo e tudo vai se acertar. Vou pedir a Sophia que arranje umas roupas para você, mas peças íntimas eu tenho, - falou baixo, pertinho de seu ouvido - eu sempre comprava para você na esperança de que um dia voltasse. - Fez um carinho no rosto da filha e se espichou para passar pela janela da caminhonete e beijá-la também.
-Obrigada mãe, vou gostar de estar com você. Obrigada. Eu te amo. - Aquela declaração foi tudo para aquela mãe, que sofreu tanto por tantos anos.
Se despediram e Zoren seguiu em frente, parou na frente de uma padaria e comprou pão, frios, bolo e chocolates.
-Vai receber visitas Alfa? - perguntou Miguel, o dono da padaria.
-Encontrei minha companheira, quero agradá-la. - Respondeu o Alfa sorridente.
-Que maravilhosa notícia, parabéns e tudo é por conta da casa. - Falou Miguel, todo sorridente.
O Alfa agradeceu, pegou a sacola e saiu, não queria se estender muito, queria ficar próximo a sua fêmea.
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Queridos leitores, na pressa de publicar, tenho deixado passar alguns erros ortográficos, me desculpem, por favor.
Obrigada por seguirem comigo nesta aventura shifter pelo Alasca.
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Alfa Abandonada
FantasyUma Alcatéia em um lugar inóspito, onde metade do ano é um inverno rigoroso e na outra metade é só um inverso, mas seus membros estão acostumados ao frio e a neve. As crianças adoram brincas de escorregar na neve e os mais velhos cuidam dos mais nov...