Captulo 29. Traidores

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Ava continuava sobre a árvore, alguma coisa a inquietava e de lá, podia ver tudo. Observou toda a área mais uma vez e achou bom ter mais alguns snowmobiles, poderiam também contratar pelo menos um ajudante para ela. Voltou seu olhar para o depósito e os russos ainda trabalhavam no corpo.

Não conseguia vê-los por inteiro, só da cintura para baixo e foi o suficiente para ver que um dos shifters macho, guardou algo no bolso. Pegou o rádio e chamou Uchôa, já que Dalton e Zoren estavam ocupados. Relatou o que vira e pediu que ele fosse investigar, pois aqueles russos acabaram de chegar e nem ninguém os conhecia realmente.

As ambulâncias sairam, assim como os carros do reforço policial, levando os presos. A caçadora confiava que fariam os registros corretos e depois do que viram ali, ficariam atentos e encaminhariam os caçadores feridos para exames detalhados.

Ava estava preocupada com as mulheres e foi até onde estavam Blanca e Sophia, que ao vê-la, correu a abraçá-la.

-Ei, porque você está tão abalada assim? Os médicos estabilizaram ele e não esqueça que ele é um urso - tentou consolá-la, Ava.

-Eu matei um homem, Luna, eu matei um homem - falou chorosa, apoiada em seu ombro.

-Ela nos defendeu, atirando no caçador que atirou em Arlon e entrou pela porta da casa, armado. - Relatou Blanca.

Ava afastou Sophia, segurando em seus ombros, para olhar em seus olhos e falou:

-Você fez o certo, agora não é hora de chorar, você d via ter ido com Arlon na ambulância, aproveita e vai de carona com quem for levar os corpos e chega de choro - Ava secou as lágrimas dela com os dedos e Sophia parou de chorar, despertando para cuidar de Arlon.

-Luna! Obrigada. Eu preciso mesmo cuidar do meu companheiro, não sou mais uma menininha, sou uma fêmea que já tem seu companheiro. - Falou Sophia, como se recitasse um mantra e Ava e Blanca sorriram.

Depois disso, Ava foi ver Zorem e Dalton com o rapaz que caira da árvore.

-Como ele está? - Perguntou, já se curvando para retirar a flecha de seu ombro.

-Ahhh! Sua maluca - gritou o jovem shifter, recebendo um chute nas pernas.

-Veja lá como fala da caçadora, rapaz. Se não fosse ela, estaríamos todos mortos. E tudo graças ao Plínio e pelo jeito, a você também. Me arrependo amargamente de ter deixado você com ele - falou Dalton, lhe chamando a atenção.

-Qual é o nome dele? - Perguntou Zoren.

-Raul - respondeu o próprio.

-Raul, você compreende que por causa das ações de Plínio, fomos atacados e por pouco não morremos? - Perguntou Zoren, ajudando ele a sentar e se escorar na árvore.

-Eles só queriam soltar o Plínio, não iam ferir ninguém - defendeu ele, aos caçadores.

-Mas é um iludido mesmo… Eles iam matar todos para não deixarem testemunhas e iriam usar Plinio para conhecer os tuneis e depois fariam experiências com ele e se você fosse junto, fariam com você também - esclareceu Dalton.

-Como você pode ter certeza? - Raul continuava descrente.

-Porque se eles fossem bonzinhos, não precisavam se esconder e nem caçavam e aprisionavam shifters, como fizeram com a minha companheira - Falton passou a mão na cabeça, totalmente decepcionado. - Eles entortaram sua cabeça, espero que tenha jeito, se não você acabará morrendo cedo.

-Você tá me ameaçando? - Perguntou Raul com raiva das palavras de Dalton.

-Não, garoto. Não sou eu que vou fazer isso, será o resultado de suas próprias ações, se continuar se envolvendo com coisas erradas. Vamos, levante, vou cuidar de seu ferimento - ajudou o rapaz, com pena de sua mente confusa.

Zoren se aproximou de Ava e abraçou-a de lado, olhando para Falton levando o rapaz.

-Muito triste isso. Mas não podemos parar para pensar nele, temos muito o que fazer - disse Ava.

-Sim, por onde começamos, descendo o traidor? - Perguntou Zoren.

-Não, vamos deixá-lo ali mais um tempo, vamos até a cabana dele, para ver se encontramos alguma coisa ou mapas sobre as minas. Eu sei onde é, vamos. - Saiu andando e Zoren, acompanhou.

Estavam chegando à cabana, quando o rádio tocou e Ava atendeu.

-Oi.

-Você estava certa Ava, o russo tinha posto um pendrive no bolso e já amarrei ele e prendi em uma sala, até os irmãos dele se espantaram com a traição, pelo que entendi, ele mesmo vendeu os irmãos para os caçadores.

-E eu ainda me espanto. Você já olhou o que tem no pendrive? - Quis saber Ava.

-Sim, tem parte do mapa das minhas nas, creio que a parte que Plínio vendeu para eles. Também tem plantas de instalações de alguns laboratórios. Tem alguns dados, que só um cientista examinando para saber o que é.

-Ok, guarde tudo, estou na cabana de Plínio, para ver se achamos alguma coisa, depois nos falamos. Câmbio - desligou e entraram na cabana, parando logo em seguida, olhando a bagunça que estava lá.

-Parece que alguém teve a mesma ideia que nós e pelo jeito, também não acharam nada, se não, não tentariam resgatar o Plínio. - Falou Zoren.

-Sim, mas se eu conheço bem o Plínio, ele guardaria algo importante, enfiado em alguma brecha das toras da cabana. Procure entre os encaixes da madeira, nas paredes. - Sugeriu Ava.

Procuraram centímetro por centímetro e quando estavam desistindo, Zoren resolveu olhar na caixa de armazenagem de lenha para a lareira, do lado externo da casa. Ava foi junto e ajudou a esvaziar tudo e encontraram um fundo falso, estreito, onde havia um papel bem dobrado, que quase não se distinguia e tiraram de lá.

Nem olharam para ver o que era, estavam cansados e com fome, decidiram voltar para o depósito e deram sorte, a mesa estava sendo abastecida de alimentos frescos, preparados pelas mulheres.

Sentaram-se em bancos corridos e iniciaram a refeição. Dalton tentava consolar sua fêmea, muito triste pela traição do irmão, pondo em sua boca, pequenas porções de alimento e secando uma ou outra lágrima que escorria de seus olhos. Não falavam a mesma língua, mas se entendiam muito bem.

Zoren também cuidava de Ava. Sentia sua fêmea, abatida. Serviu-lhe suco e insistiu quando ela não quis beber, o mesmo foi feito com a comida, que ele foi colocando em sua boca.

-Bom gente, eu sei que precisamos achar aqueles túneis, mas estamos todos cansados e nossas fêmeas, bem abatidas, até minha caçadora está caidinha. Vou levá-la para casa e amanhã cedo voltamos - comunicou Zoren e por incrível que parecesse, Ava não discutiu.

Despediram-se e partiram. Ao chegarem em casa, Ava estava quase dormindo, Zoren pegou ela no xolo e levou para dentro, colocando-a no sofá e trancando a porta. Subiu com ela, ajudou-a a tomar um banho rápido, vestiu-lhe uma camisola e ajudou-a a se deitar.

Logo já estava banhado e vestia só uma sunga. Deitou-se ao lado dela, puxando-a para si, abraçando-a e cheirando seu pescoço e ligo depois estavam dormindo o sono dos que lutam por suas famílias e amigos.




Alfa AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora