Capítulo 27. Reunião

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Enquanto viviam um tempo de calmaria e acasalamento, pois vários shifters encontraram seu par, uma movimentação estranha acontecia no estreito de Bering. Depois que os caçadores foram mortos e os shifters ursos falaram com as autoridades, contando sobre o êxodo que estava acontecendo do lado Russo do estreito, iniciou uma movimentação de fiscalização na área.

Foi descoberto que alguns politicos associados a empresas de caça e pesca e laboratório de pesquisas, estavam se aproveitando do êxodo, para caçar indevidamente, os shifters. A caça desenfreada no território gelado, foi a causa de várias espécies de animais entrarem em extinção. Infelizmente a caça tinha vários destinos.

Um deles e o mais secreto, era a pesquisa dos shifters. Cientistas examinavam os animais de todas as maneiras possíveis, tirando sangue, secreções ou partes dos animais e também injetavam substâncias químicas ou davam choques. Provocavam a mudança quando os animais não davam lugar a forma humana e obrigavam ao acasalamento com outras espécies, quando não estupravam, pela sua mera curiosidade e satisfação.

Com a descoberta desses caçadores na floresta de pinheiros do Alasca, seguiram as pistas e dicas e tudo tomou um vulto muito maior do que se esperava, pois todo o projeto clandestino, era muito grandioso. Os políticos começaram suas trocas de favores e os empresários usaram seu capital para corromper e comprar legalidade para seus projetos.

O terremoto havia destruído uma das instalações científicas subterrâneas, oculta pela neve, de onde muitos dos animais que apareceram na reserva vigiada por Ava, fugiram. Este laboratório ficava no lado do Alasca, no estreito de Bering.

Quando Ava ouviu essas notícias, imediatamente ligou para o delegado e solicitou uma reunião com todos os que estiveram envolvidos diretamente com os caçadores e foi dessa maneira que convocou-se uma reunião, que foi realizada na madeireira dos shifters ursos.

-O que você está planejando nesta cabecinha, heim? - Perguntou Zoren, segurando o rosto de Ava, de frente para ela.

Estavam na porta de casa, já para irem à reunião, mas Zorem percebeu sua fêmea muito séria e preocupada.

-Eu estou quase certa de que deixei passar algo muito importante e grande, com o qual não posso lidar sozinha e que pode causar um grande mal a todos nós - confirmou ela, sabendo da preocupação de seu macho.

-Tão sério assim? - Perguntou Zoren, vendo a preocupação de Ava.

-Sim, vamos logo, chegando lá, conto para todos.

Sairam na caminhonete em direção a madeireira,as uma criatura apareceu correndo na lateral do veículo, fazendo Zoren parar.

-Deixa eu ir, deixa eu ir?

-Mas o que você quer agora, Sophia? - Perguntou Ava.

-Tô com um aperto no peito, acho que meu Arlon corre perigo - falou ligeiro, quase sem fôlego, de preocupação.

Ava abriu a porta e deixou a jovem entrar, se aproximando mais de Zoren, que sorriu, gostando do corpo de sua fêmea encostado ao seu

Zoren ainda sentia a necessidade de estar intimamente com Ava, era o momento deles estarem se conhecendo, mas o que precisavam fazer era mais importante, pela preocupação de Ava e agora também de Sophia.

A estrada estava limpa, pois a neve derretia e lavava a pista. Ava olhava o tempo todo para a montanha, como se procurasse algo e quando chegaram a madeireira, desceu rápido, procurando Arlon, junto com Sophia, que quando o avistou, correu para ele, não como uma menina, mas como uma fêmea preocupada.

Arlon recebeu a fêmea, cheirando seu aroma e sentindo sua preocupação.

-O que tens, Sophia? Porque essa preocupação? - Perguntou olhando seu semblante tenso.

-Não sei. Senti um aperto no peito, como se algo tivesse acontecido com você - disse Sophia toda preocupada.

-É melhor todos entrarmos, não podemos perder tempo - falou Ava, já entrando de mãos dadas com Zoren.

Todos entraram no grande galpão que era o armazem da madeireira. Uma grande mesa de madeira, coberta com mapas grandes, da região, estava os esperando.
Ava iniciou falando:

-Meus amigos, desculpem-me pelo que vou contar a vocês agora, pois eu fui descuidada. Coisas ruins podem vir a acontecer por causa deste meu descuido. - Pediu Ava e todos franziram as testas, preocupados.

Ava era uma excelente guarda florestal e graças a ela, várias vezes escaparam de caçadores na região. Se agora, ela fala algo tão sério e parecendo ameaçador, é por que era.

-Não acredito nisso, caçadora, mas conte-nos o que sabe. - Disse Arlon.

-Lembram que os caçadores pareciam brotar da terra? Mal abatemos um grupo e logo chegava outro, sem deixar rastro de como chegaram aqui - ela perguntou.

-Sim, eu lembro de comentarmos isso, neste último grupo que pegamos. - Concordou Zoren.

-Pois bem, vendo o noticiário hoje, falando sobre laboratórios clandestinos subterraneos e caçadores no estreito de bering, lembrei que nesta área, há decadas atrás, haviam túneis, abertos por  exploradores de minério. Eu percebi algumas vezes, coisas estranhas no chão, quando fazia a revista a reserva. Eram canos ou pedaços de madeira e tudo perto do sopé da encosta do lado de lá da montanha - contou Ava.

-Você faz vistoria até aquela área? - Perguntou o Alfa, ficando desconfortável.

Ava pressentindo a mudança de humor do macho e seu excesso de preocupação, tratou de acelerar o assunto.

-Olhem o mapa, vêem essa área marcada com esse símbolo diferente? Isso indica entrada de túnel de mina subterrânea. Foi juntamente aqui que vi os materiais estranhos. Se vocês olharem bem tem outros símbolos destes pela montanha. Quando deu no noticiário, que eles aproveitaram a neve para se camuflar, lembrei das minas, que foram desativadas a muitos anos e só conhece quem sabe a história do lugar - completou Ava.

-Plinio! - Falou Dalton.

-Sim. Onde ele está? - Perguntou Ava.

-Trancado no porão da serralheria - contou Dalton.

-Então eles estão vindo buscá-lo, pois ele é quem deve guiá-los pelos túneis, com todo o alvoroço, eles debem estar doidos para encontrarem mais túneis - Falou Arlon e Ava concordou com a cabeça.

-Vamos preparar o terreno, Dalton verifique as armas. Uchôa, monte as armadilhas externas, Zoren pode ir com ele ajudar, Ava ficará em um posto escolhido por ela e os russos ficarão nas janelas, impedindo que aquele que passar pelos armadilhas e por Ava, consigam entrar - Arlon falou tudo usando o tradutor.

-Precisamos guardar as fêmeas e as crianças. - Lembrou Ava.

-Sim, eu vou cuidar delas, aproveito para pedir reforços e me informar com a central se houve novidades. Fiquem sempre com um rádio por perto. - Comandou Arlon.

Dalton chegou com as armas, distribuindo-as. Uchôa e Zoren já haviam saido para armar as armadilhas. Ava teve uma ideia e chamou Dalton em um canto para conversar. Eles sairam, depois de Dalton dar um beijo em sua fêmea, rapidamente, deixando o trio de russos ali, inclusive a fêmea, que pelo jeito, entendia bem de armas.

Ava acompanhou Dalton até a serralheria e desceram ao porão, levando uma corda. Envolveram ele todo na corda, como se fosse uma múmia e amordaçaram, para que não conseguisse emitir nenhum som.
Dalton o colocou nas costas e saíram em direção a floresta, por trás da  madeireira.

Encontraram uma árvore bem alta e Ava subiu com uma corda e uma roldana, que prendeu no alto da árvore e jogou a ponta para Dalton, que amarrou em volta do corpo enrolado de Plínio e assim conseguiram levá-lo e amarrá-lo no alto da árvore. Ava usou seu peso para ajudar a erguer o pesado Plínio e depois enrolou a sobra da corda ao redor do corpo, prendendo as pontas para que ninguém percebe-se.

Ava desceu no exato instante que ouviram o som de motores a distância e então correram para estar em seus postos.

Alfa AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora