Capítulo 18. Decisões

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-Bom dia. Você não acha que é um pouco tarde para me buscar? O momento passou! - Respondeu Ava, se virando na cadeira e para encarar ele.

-Você tem toda razão, eu fui um ignorante, mas te peço uma chance para conversarmos e aceitarei o que você quiser. - Zoren colocou todo o seu arrependimento e respeito por sua companheira, nesta fala.

-Sente-se e tome café conosco, Alfa - convidou Sheila.

-Obrigado, Sheila, mas quero resolver logo essa pendência. - disse Zoren.

-Então eu sou só uma pendência a ser resolvida? Depois é o ponto final e acabou? - Perguntou Ava.

-Não interprete minhas palavras como uma afronta, Ava. Como pendência, me refirou ao que aconteceu ontem e não gostaria de tratar esse assunto particular, junto com tantas pessoas que podem agregar suas opiniões e nos influenciar em nossas decisões. - Explicou o Alfa.

-Vai filha, ele está certo, qualquer coisa, estamos aqui. - Aconselhou Sheila.

-Ai de você, Zoren, se maltratar Ava de novo. - Ameaçou o delegado.

-É disso que estou falando, todos se dão ao direito de defender Ava, e sequer perceberam, que agindo assim, tiram o direito dela de pensar por si mesma e desrespeitam ela, sugerindo que ela não é capaz de decidir sozinha - falou para todos e olhou para Ava - Somos companheiros destinados Ava, mas não nos conhecemos. Peço a você uma chance para tentarmos fazer dar certo. Se você quiser, estou esperando lá fora. - Ele falou e saiu.

Zorem pegou o cadaco que havia deixado no encosto do sofá na sala e saiu, fechando a porta e esperando na calçada. Dali a pouco, Ava saiu e fechou a porta atrás de si. Ele correu até ela e ajudou-a a vestir o casaco que havia trazido para ela.

-Qual a perna ferida? - Perguntou.

-A direita, na lateral, mas já cicatrizou. - Respondeu Ava.

Então ele estendeu os braços, dobrando os joelhos, a pegou no colo, pelo lado esquerdo, para não segurar na ferida. E seguiu, carregando ela no colo até em casa. No caminho, Ava passou os braços pelo pescoço dele e deitou a cabeça em seu ombro, sentindo seu aroma de cedro. Sua loba estava feliz. Zoren sorriu percebendo a atitude de sua companheira e entendendo o chamado da loba, pois seu lobo também pulava de alegria dentro dele.

**

Enquanto isso, na casa dos pais de Ava, Sheila dizia umas verdades ao delegado.

-A quantos anos você e Uchôa conhecem a gente? Desde de jovens. Conheceram Aveline novinha e quando ela desapareceu, ajudaram a procurar, então me digam, porque não nos procuraram para contar e que direitos acham que têm de decidirem o que é melhor para ela, esquecendo que ela tem uma família e um companheiro? - Perguntou ela.

-Nem Uchôa, nem eu imaginamos que aquela lobinha ferida, era Aveline. Ela levou semanas para se curar e meses para voltar ao corpo humano, perdendo assim, suas características humanas e parte das memórias. Foi se lembrando com o passar do tempo e a história de Aveline ficou esquecida e iniciou a de Ava, como ela gostava de ser chamada - contou o delegado.

-Aí está delegado, vocês sequer procuraram de onde ela era, pelo menos aqui, não vieram. Então deixe que os dois se entendam, porque pode ser que ela comece juntar os pontos e ver que todos erraram ao cuidar dela. - completou Sheila, fazendo um pedido com uma ameaça velada, ao delegado

-Nossa, Sheila, isso foi pau na moleira. O pior é que você tá certa e eu sempre me culpei sobre isso, acho que é esse sentimento que me faz ser tão exagerado ao cuidar dela.

-Agora é esperar delegado. - Falou Begay.

-Então vou embora, tem muito trabalho na cidade com aqueles caçadores, ainda. - Despediu-se e saiu

Alfa AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora