Capítulo 22. Derrubando o Urso

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Depois de enterrarem o pobre arminho e examinarem a coleirinha, tiveram certeza de que era o mesmo animalzinho que tinham visto no dia anterior. A decepção de Ava foi grande, jamais esperaria uma atitude dessas de Plínio.

Ainda estavam na floresta, quando o urro de um urso os previniu do perigo, Zorem transformou-se imediatamente e Ava mandou Sophia correr para casa , no que a jovem obedeceu rapidamente e Ava foi atrás de Zoren, só que na forma humana.

Continuavam ouvindo o urro do urso, que devia ser o Alfa, mas quem viram vir correndo foi Plinio, que ao ver o lobo negro, correu e se chocou com o lobo de Zoren, que também corria em sua direção, e iniciaram uma luta feroz. Ava observou os dois e viu quando o urso atirou o lobo longe. A força do golpe foi tanta, que o lobo ao bater em uma árvore, a derrubou.

Ava aproveitou este momento e saiu correndo em direção a uma árvore que estava próxima a lateral do urso, chegou nela e subiu em duas passadas, dando um pulo para trás e se virando, caiu sentada nos ombros do urso e pegando a faca em sua bota, enfiou em seu ombro, o fazendo urrar em desespero.

Retirou a faca e escorregando por suas costas, evitando as garras que a queriam pegar, cravou a faca atrás de seu joelho, o derrubando, no exato momento em que o urso Alfa chegava e saltava sobre ele, o prendendo ao chão.

Ava rolou na hora em que o urso saltou e assim não ficou presa sobre o peso do enorme urso. Logo em seguida chegou Uchôa em uma caminhonete, pela parte da floresta ligada a Alcateia Zagaia. Desceu e pegou uma corda e uma corrente na carroceria e amarrou o enorme urso imobilizado e com a ajuta do urso de Dalto, colocaram ele na carroceria e o prenderam ali.

O peso era tanto que arriou a parte de trás do veículo. Dalton então foi embora correndo pela floresta e Uchôa se desculpou com Ava e avisou que o gerador já estava no lugar e os homens da Alcateia já estavam instalando. Também explicou que sairia do bolso do próprio Plínio, que estava passando pela febre do acasalamento.

-Obrigado por não matá-los caçadora. Ele realmente estava desnorteado, querendo acasalar com você. Me perdoe por não ter percebido suas intenções. - Pediu Uchôa.

-Somos família e eu jamais mataria um irmão, agora vai que preciso cuidar do meu macho - despediu-se dele e foi até o lobo que estava sentado próximo a árvore derrubada.

O lobo olhou para ela e arreganhou os dentes grunhindo. Ava olhou para ele e perguntou:

-Tá com raivinha porque? Ainda com aquela história de que sua fêmea é frágil e não pode se meter em uma luta? Se vai ficar de ranhetice, vou embora e vou te deixar aí, uivando pra lua. - Ela ameaçou e se virou, começando a andar.

O lobo se levantou e sua altura ultrapassava a da fêmea, se colocou, andando ao seu lado e esfregando sua lateral nela, quase a desequilibrou e ele escorou-a com a cabeça, emitindo um som parecido com risada. Ela grunhiu para ele, mas depois sorriu e passou a mão nos pelos de sua grande perna.

Chegaram em casa e ele entrou para voltar a forma humana, queria evitar apatecer nú, com sua fêmea a seu lado, na frente de todos. Ela se virou e ele mudou e correu para as escadas, tomou um banho e quando saiu enrolado na toalha, ela estava lá esperando.

-O quê? - Perguntou.

-Vim ver se está ferido, vira. - Mandou ela.

-Estou bem - respondeu ele, se mantendo de frente para ela.

-VIRE-SE, AGORA! - Gritou ela.

Ele grunhiu, fazendo uma careta, mas se virou e ela pode constatar o tamanho da ferida. Foi uma pancada e tanto. Não chegou a cortar, mas estava esfolado e com uma enorme mancha escura. Ela se aproximou e tocou na altura das costelas para verificar se havia fratura. Mas não, era só a luxação.

Ava abriu a caixa de primeiros socorros que havia colocado sobre a cama e pegou uma pomada para luxação e uma tala. Foi até ele e aplicou a pomada e depois o enfaixou, prendendo as pontas com esparadrapo. A pele esfolada logo estaria curada e a luxação levaria mais uns dois dias.

-Pronto meu macho alfa ranheta - ela falou, puxando seu braço para que ele voltasse a ficar de frente para ela.

Ele olhou em seus olhos sem saber o que dizer ou fazer. Mas ela sabia. Passou os braços por trás de seu pescoço e se aproximou para beijá-lo. Foi aí que ele despertou e a puxou para si, envolvendo-a com seus braços. Primeiro cheirou seu pescoço e depois se entregou ao seu beijo. Ficaram assim até ele gemer com dor, então ela o soltou e foi pegar um conjunto de moletom, que deu para ele vestir e foi para o outro quarto, também tomar seu banho.

**

Quando os dois desceram, haviam pessoas na varanda esperando. Zoren abriu a porta e cumprimentou todos. Haviam mais pessoas na calçada e quando Ava apareceu ao lado do Alfa, todos bateram palma e depois juraram fidelidade a nova Luna.

-Mas eu nem a apresentei ainda, o que estão fazendo? - Perguntou o Alfa, lento para aceitar as coisas.

-Aceita, Alfa, é de coração. - Falou um dos homens.

Zoren riu e balançou a cabeça, abraçando de lado, sua fêmea. Um porta voz se aproximou e falou:

-O gerador já foi colocado e está funcionando.

-Percebi a água quente, obrigado - disse Zoren.

-Mesmo assim, as casas estão abastecidas com reserva de lenha para lareiras e fogão. Também as peles foram distribuídas para as crianças se aquecerem. Tudo conforme nossa Luna ordenou.

-Ordenou é? - Perguntou Zoren, olhando para ela. - Sei.

-E em gratidão por tudo que fizeram, as mulheres trouxeram a refeição para o dia dos Alfas - fez um gesto com a mão e várias cestas surgiram.

Ava sentiu o aroma das comidas e percebeu que estava com muita fome, então saiu do caminho e deixou que os homens passassem em direção a cozinha.
Depois que saíram, Zoren agradeceu e disse que assim que houvesse o degelo, fariam uma festa para comemorar.

-Obrigada a todos pelo carinho e pela comida, estarei sempre ajudando no que for necessário para a Alcateia. - Agradeceu Ava, também.

Todos se despediram e voltaram para suas casas, sorridentes e felizes com seus Alfas. Zoren e Ava entraram e foram direto para a cozinha ver a comida. Era tanta coisa gostosa que não sabiam o que comer primeiro. Ava arrumou a mesa e colocou as travessas com a comida, sentaram e comeram. De vez em quando, Zoren dava algo na boca de Ava e assim foi a refeição.

Alfa AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora