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- Eu estanquei uma parte do sangue. - ele falou e assenti.

Coloquei Alice na poltrona e a bolsa no chão ao seu lado. Lavei as minhas mãos e peguei tudo que era necessário.

- Respira fundo tá? - interrompi a saída de sangue apertando forte seu abdômen.

Ele gemeu, mas depois de um tempo parou de sair sangue. Terminei tudo e dei um analgésico pra ele. Enquanto lavei as mãos suspirei e não encarei ele.

- Te disse pra apertar o botão, Colin!

Uma lágrima desceu e logo a enxuguei.

- Lise...

- Você ficou sofrendo esse tempo todo... quando poderia ter simplesmente apertado o botão e estaria tudo bem... fora que tudo isso é culpa minha, não devia ter deixado você se esforçar. - desviei os olhos para qualquer outro canto.

- Ei. - ele puxou minha mão nos aproximando mais. - Não é necessário tudo isso, está tudo bem. - ele me consolou e acariciou minha bochecha molhada. - Cadê a minha Elisa afrontosa?

Borboletas voaram na minha barriga ao escutar "minha".

- Preocupada demais por você ser um retardado. - falei rindo nervosa e dei um tapa fraco no seu braço.

- Eu não sou retardado.

Escutei uma risadinha e olhei para Alice que sorria animada olhando para nós, peguei ela no colo e a trouxe para perto de Colin.

- Tá vendo ele? Ele é um mau exemplo, não abre mão da sua mamãe. - brinquei e ela cruzou os braços.

- Parece até que entende. - ele segurou a pequena mãozinha dela e riu.

- É claro que você entende, né filha? - ela franziu as sobrancelhas ameaçando a chorar. - Certo, certo. - peguei a sua bolsa e seu mordedor, a entregando. - Daqui a pouco vai passar tá bom? - falei e beijei sua bochecha.

Senti o olhar de Colin sobre nós, mas apenas foquei na minha filha que mordia inocentemente o mordedor e me olhava para Colin com seus olhos curiosos.

. . .

Cheguei em casa e Alice está exausta em meus braços, a professora dela disse que ela brincou bastante hoje. Dei um banho nela, coloquei uma roupinha confortável e a coloquei para dormir. Tomei o meu banho e coloquei minha camisola, pronta para dormir também.

Mas antes fui até o quarto de Alice, ver ela é meu passatempo favorito, não sei, só me deixa com uma paz imensa. Enquanto olhava para ela, me lembrei dos olhos verdes dele. Suspirei e encarei novamente Alice, o que eu estava fazendo? Estava me envolvendo com um gangster? Eu sou mãe, minha vida é Alice.

Não posso me envolver com Colin, estava tão alucinada por ele que esqueci que não posso deixar minha pequena Alice sequer chegar perto dele, eu nem deveria ter me aproximado dele.

Desde aquele dia que ele teve a veia rompida se passaram dois dias e hoje finalmente ele vai levar alta, talvez seja a minha oportunidade de acabar com tudo aquilo de uma vez. Depois de amanhã vou receber a resposta da faculdade e tenho quase certeza que vou ser aceita no emprego, pois a moça disse que eu tinha fortes chances de ser contratada por conta do meu bom desempenho escolar.

Suspirei e deixei uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Querendo ou não, eu sei que estou gostando dele e muito, daquele toque dele na minha cintura, dos seus lindos olhos verdes, da sua ousadia e até da mudança de personalidade com outras pessoas.

Às vezes eu acho que ele também gosta de mim por causa disso, ele me trata diferente das outras pessoas. Ele não é um gangster comigo, ele é só... o Colin Campbell...

Eu consigo ver que ele é diferente comigo só pelo seu olhar, comigo ele não carrega um olhar de terror, apenas um olhar... como posso dizer... amável, apaixonante, tranquilo e inquieto ao mesmo tempo.

Acabo adormecendo na poltrona à mercê dos meus pensamentos e desperto do nada. Dava pra ver a luz pela cortina, merda, eu devo estar muito atrasada. Corri para meu quarto e suspirei aliviada ao ver que não estava tanto assim e ainda não deu a hora de trocar o curativo. Acordei a Alice e tomamos banho juntas. Arrumei ela e peguei a primeira peça de roupa no meu quarto.

Uma blusa branca com uma calça jeans e deixei meu cabelo solto. Levei Alice para a creche e suspirei aliviada quando cheguei no hospital com apenas 10 minutos de atraso, o que não é muito. Bati na porta e entrei, Colin estava mexendo no seu celular, mas logo me encarou e levantou as sobrancelhas surpreso.

- Estamos tão próximos assim que você não faz mais nem questão de se arrumar? - ele perguntou e, nervosa, eu mordi o lábio.

- Desculpe, eu me atrasei. - falei nervosa e comecei a preparar as coisas.

- Você está bem? - ele perguntou e eu mordi novamente o lábio. - Mordeu o lábio pela segunda vez em menos de 5 minutos. - eu encarei minhas mãos.

- É só que… - não consegui terminar de falar por conta do nervosismo, não faço ideia de como ele vai reagir.

- Lise… - soltei um grunhido de susto ao sentir suas mãos na minha cintura. - Por que está tão nervosa, em? O que tem a me dizer, pequena? - ele sussurrou em minha orelha e eu arrepiei.

- Colin… - sussurrei e ele apertou mais suas mãos na minha cintura.

- Essa blusinha sua me deixa tão excitado, eu poderia te comer em todas as posições possíveis agora. - ele falou colando nossos corpos e eu arfei.

- Não... não podemos...

- Claro que podemos, eu já estou melhor lembra? E eu estou tão ansioso por isso.

- Colin... não... não podemos. - insisti e ele me virou para ele com um sorriso debochado.

- Eu sei que você quer isso, pequena. - ele falou e acariciou minha bochecha, fechei os olhos apreciando seu toque gelado em contato com a minha pele aquecida.

- Eu quero, mas eu não posso. - falei firme e suspirei me afastando.

- Porra, Elisa, o que foi? - ele perguntou irritado e desviei minha atenção para sua mandíbula tensa que é extremamente atraente.

- Não podemos mais fazer isso, Colin, eu não posso me envolver com você. - seus lindos olhos verdes agora me encaravam confusos.

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