24

24 2 1
                                    


— Eu estava pensando em algo… — iniciei a conversa de modo manso.

— O que você quer pedir? — ele perguntou impaciente.

— Amanhã é o aniversário de Alice, e eu estava pensando em fazer uma festa pequena, apenas para amigos. — sugeri e ele me encarou.

— E quantos meses ela vai fazer? — ele perguntou e eu automaticamente sorri, ele está pensando.

— Um ano.

— Nossa… ela já está tão grande. — ele observou e eu assenti.

— Eu nem percebi o tempo passar. — comentei e ele brincou com os meus dedos.

— Apenas amigos? — ele perguntou em busca de confirmação.

— Apenas amigos. — confirmei.

— Então pode fazer o que quiser. — ele respondeu e beijou meus cabelos.

— Eu não queria iniciar essa conversa com você, mas eu preciso disso. — soei receosa. — O que temos, acha que é para o futuro? — engoli o seco. — Ou apenas algo passageiro? Por favor, seja sincero comigo. — respirei fundo. — Eu não quero mais me magoar.

— Ei. — ele segurou meu queixo e me fez encará-lo. — Eu nunca me relacionei da forma que eu me relacionei com você, sequer pensei em algo mais sério com ninguém, mas você, você é alguém com que eu me vejo trocando alianças e tendo filho, se depender de mim, Lise, você já é a mãe dos meus filhos e dona do meu coração. — ele se declarou e eu não contive o sorriso bobo.

— Eu te amo.

— Eu te amo. — ele beijou meus lábios.

Após isso, decidimos, na verdade, eu decidi comprar algumas decorações para o aniversário de Alice, e para não me deixar sozinha nesta missão, ele me acompanhou.

Coloquei um vestidinho, um tênis branco e fiz um rabo de cavalo no cabelo, enquanto Colin usava suas roupas comuns, ou seja, preto e mais preto.

— Você deveria mudar essa paleta de cores de vez em quando. — sugeri enquanto preparava minha bolsa.

— Não sou tão versátil quanto você. — ele abraçou minha cintura e eu o encarei pelo reflexo do espelho.

— Somos tão diferentes. — observei sorrindo ao ver eu vestida de uma maneira e ele de uma maneira totalmente ao contrário.

— Dizem que pessoas diferentes se atraem. — ele beijou meu ombro desnudo me fazendo arrepiar.

— Vamos logo, se não, não vamos conseguir comprar nada. — falei e Colin fez careta.

Poucos minutos depois estávamos numa loja do shopping escolhendo as decorações.

— Devíamos contratar profissionais. — Colin disse olhando nosso carrinho com coisas aleatórias.

— Eu sei o que estou fazendo, Colin. — menti e ele assentiu cerrando os olhos em minha direção. — E perderia toda a graça.

— Quem vai chamar para a festa? — dei de ombros.

— Os amiguinhos de Alice.

— Sem amiguinhos, apenas amiguinhas. —  ele ditou e eu gargalhei.

— Não acredito que está com ciúmes de uma bebê de um ano. — disse entre risadas.

— Sem garotos. — ele continuou com sua palhaçada.

— Olha que lindo. — mostrei um chapeuzinho colorido de festa.

— Será que cabe na cabeça de Alice? — ele questionou pegando outro e o analisando.

— Acho que não, mas vamos levar. - o joguei no carrinho. — Acha que vai sair muito caro? — perguntei ao notar o carrinho cheio.

— Grana é o de menos. — ele disse simples.

— Está bem, senhor milionário.

— Um dia vamos viajar pelo mundo e você vai aproveitar a vida como nunca antes. — ele prometeu e eu sorri.

— Promessa é vida, fique ligado. — alertei e ele sorriu.

...

Rodei na frente do provador para que Colin visse a roupa por completo, desde o body amarelo e a saia de tule, até o decote do body nas costas.

—"O que acha desse? — perguntei esperançosa de que ele se agradasse.

— Não, esse decote mostra muito e essa saia é muito curta.

— Eu não sei se você é muito crítico ou muito ciumento, mas acho que você é ciumento mesmo, porque eu fiquei linda neste body e vou comprá-lo. 

— Como você quiser. — ele respondeu a contragosto, ele nem queria estar aqui mesmo.

— Agora que já escolhemos a roupa da Alice e a minha, vamos escolher a sua. — avisei separando as roupas que eu iria devolver.

— Nem pensar. — ele discordou automaticamente.

— É claro que sim. — o puxei em direção a parte masculina da loja.

Escolhi várias camisas coloridas e algumas calças jeans claras.

— Eu não vou vestir nada disso. — ele avisou assim que visualizou as roupas e suas cores.

— Vamos, apenas as prove, por favor. — pedi e ele suspirou frustrado.

Mesmo eu insistindo muito, ele se recusou a comprar uma das roupas e eu aceitei que ele não mudaria seu estilo por nada, tudo bem, ele fica lindo de preto. Pagamos tudo e fomos até a creche da Alice e eu entreguei os convites para os pais dos amiguinhos da minha baby.

Após tudo isso, me joguei na cama cansada, andei de mais.

Eu preciso redecorar a casa para ficar mais a minha cara.

— A gente pode fazer isso depois, bem depois. — Colin respondeu cansado. —  Tudo que eu preciso, é de uma distração. — ele me encarou com fome nos olhos.

Durante a noite, após escutar o choramingo de Alice e dar leite para ela, fui até a cozinha em busca de um copo de água, soltando um grunhido de susto ao ver Natália na varando fumando um cigarro.

— Foi mal. — ela disse e eu sorri sem mostrar os dentes.

— Eu acho que é de costume as pessoas desse ciclo fumarem, todos parecem fazer isso. — eu observei.

— Eu não costumava fumar. — ela tragou mais um pouco.

— E o que te fez fumar? — perguntei curiosa e quando ela me olhou, pude sentir sua dor. — Se você não quiser responder, tudo bem.

— Apenas decepções, só isso. — ela respondeu e assenti.

— Sei bem como é.

Eu queria saber mais, se era culpa de um amor inacabado, mas seria errado de minha parte forçar essa barra, falar sobre decepções é difícil, eu sei bem disso, é como cutucar em uma ferida aberta.

Natália, mesmo com a expressão acabada, continua sendo uma linda garota, ela é gentil e tem um grande coração, mas se esconde em uma armadura de piercings e roupas apertadas.

— Eu sei que dói, dói demais, mas só está doendo porque aquela pessoa mudou algo em você, fez você de alguma forma, alterou sua perspectiva sobre a realidade, mas no fim, isso vai passar e a única dor que vai ficar é a dor da dúvida, da saudade e de tudo que você viveu ao lado daquela pessoa que você tanto amou.

Ela escutou cada palavra que eu disse atentamente, e olhou para o céu como se pensasse, talvez ainda houvesse chance para ela e o amor que a decepcionou. Eu queria que ela ficasse bem, de verdade, tudo que eu mais quero, é que a minha melhor amiga seja feliz ao lado de alguém, seja quem for.

ChangesOnde histórias criam vida. Descubra agora