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Abri a porta novamente e o procurei, milhares de pessoas corriam de um lado para outro, logo iam sendo atingidos e sendo derrubados.

Senti meu coração apertar ainda mais e respirei fundo tentando me acalmar.

Fui até onde ele estava e procurei ao redor, merda. Até que o vi sendo arrastado por dois homens. Corri até eles e peguei um vaso caro quebrando na cabeça de um, o outro me encarou surpreso e pegou sua arma apontando para mim.

Felizmente, Colin o derrubou e roubou sua arma atirando em sua cabeça, Colin me olhou aflito e me puxou para uma área calma, me agachou junto com ele, nos deixando escondidos entre as paredes.

— Era para você ter fugido. - ele gritou irritado.

— Eu não poderia deixar você para trás. - segurei suas bochechas. - Eu morreria se perdesse você, Colin.

— Agora não, Elisa. - ele me repreendeu ainda aflito.

— Você está bem? - perguntei notando sua respiração alterada.

— Dois tiros. - ele respondeu e eu arregalei os olhos. - Um foi na perna…

— E o outro? - perguntei e pelo seu rosto sabia que deveria esperar pelo pior.

Soltei uma lufada de ar ao ver ele retirar a mão ensanguentada do lugar atingido, no estômago, se eu não tratar disso ele vai morrer. Mordi o lábio nervosa e olhei ao redor, arranquei o cinto de Colin e estanquei o sangue.

— Precisamos sair daqui. - ele desviou o olhar.

— Eu não posso. - eu ri nervosa. - Eu tenho que matá-lo, Lise. - suspirei.

— Você está ferido, Colin, não pode fazer nada.

— Tem razão. - me virei assustada ao escutar aquela voz.

O desgraçado estava intacto e apontando uma arma para Colin.

— Então você trabalha para ele. - ele riu, mas nos olhou mais uma vez e sorriu desgraçado. - Não, vocês são mais que isso, você é a Elisa, a garota que tanto escutei falar, a que fisgou o coração do Campbell.

— Você não vai encostar um dedo nela. - Colin disse entre dentes.

— Campbell, encare a verdade, você não está em condições de ameaçar ninguém aqui, é o seu fim. - senti minhas mãos tremerem.

— Ernesto… - me levantei e engoli o seco quando a arma foi apontada para mim.

— Doce garota, onde foi que você se meteu? - ele perguntou e eu ri de nervoso.

— Eu não sei, mas eu não posso perder o meu namorado, não posso perdê-lo. - Ernesto fez bico.

— Sinto muito por você. - ele mentiu.

— Você tem família? - perguntei e ele franziu as sobrancelhas.

— O que isso importa? - ele perguntou e aos poucos me aproximei sentindo todos os meus pelos arrepiarem.

— Você tem família? - perguntei de novo.

— Eu tenho um filho. - ele respondeu.

— E como você acha que seu filho se sentiria se perdesse você? - perguntei e ele riu desviando os olhos.

— Por que está me perguntando isso?

— Porque aquele cara ali, assim como você, tem uma filha, ela é linda, o nome dela é Alice, ela tem só um aninho, tão nova. - ele parou por alguns segundos.

— Ela não é filha dele, é sua. - ele respondeu e dava para ver que ele estava mexido com a situação.

— É claro que ela é filha dele. - olhei para Colin. - Porque ele a ama como filha, porque ele cuida dela como filha, ela o vê como pai, você tinha que ver a reação do Colin ao escutar a Alice dizendo papai para ele, ele foi o homem mais feliz do mundo naquele momento, eu vi, eu senti.

Colin deixou uma lágrima rolar por sua bochecha e respirei fundo sentindo as minhas completamente molhadas.

— E eu não vou deixar você tirar isso da gente. - eu disse entre os dentes e agilmente arranquei a arma das mãos de Ernesto.

Ele estava fraquejando, pensativo, viajando em momentos com o filho dele, refletindo sobre o que deveria fazer, e isso o fez fraquejar, então eu consegui derrubá-lo de vez, porque não se pode fraquejar.

— Você nem sabe segurar uma arma. - ele riu sarcástico.

— Nunca duvide de uma mulher com raiva. - alertei e segurei a arma firme.

— Mas você não é assassina, é uma enfermeira. - ele retrucou e eu concordei.

— Tem razão.

Com o cabo da arma, soquei o rosto de Ernesto que caiu desmaiado no chão, processei o que tinha acabado de fazer, até que escutei a risada cortada por gemidos de dor de Colin, certo, eu tinha que ser forte nesse momento, por ele.

— Você está bem? - perguntei me agachando na frente de Colin.

— Essa é a minha garota, só minha. - ele sorriu com seus dentes cheios de sangue.

— Precisamos ir para o hospital. - ele assentiu.

— Tem uma saída, é por ali. - ele apontou na direção.

— Você consegue andar? - perguntei preocupada e ele assentiu.

— Acho que sim.

Com a minha ajuda, ele conseguiu levantar, suspirei aliviada ao achar no meio do caminho Joshua, ele nos ajudou a escapar da briga que rolava entre os sobreviventes. Conseguimos chegar no hospital, Colin ainda tinha pulso, mas por conta da perda de sangue, desmaiou.

Eu como novata sem experiência, não pude fazer muita coisa, tudo que poderia fazer era rezar e tentar manter a calma. Mas assim que Colin foi levado para a sala de cirurgia, não consegui conter o choro.

Eu olhei para o corredor movimentado esperando notícias do Colin, mas tudo que enxergava era um vazio, em cada parede branca do hospital, eu via o seu rosto pálido e seu corpo ferido.

Desabei, simplesmente deixei que todos vissem como estava me sentindo, com o corpo encolhido na cadeira e o medo me consumindo por dentro, eu não poderia perdê-lo, pois ele se tornou tudo para mim, minha família.

Finalmente, Joshua tomou coragem para tentar me consolar, me deu um copo de água e me disse que tudo ficaria bem, mas ele não foi cem por cento verdadeiro.

— Colin me fez um pedido. - franzi as sobrancelhas. - Ele me pediu para que nesse momento, eu a acalmasse, ele me disse para fazê-la dormir e ter bons sonhos. - olhei para o copo de água.

— Você me dopou? - perguntei assustada.

— Sinto muito, mas estou apenas seguindo ordens. - ele disse e senti tudo escurecer.

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