- O que te faz pensar isso? - ele perguntou.
- Eu tenho uma filha, ela é minha responsabilidade e nenhuma mãe em sã consciência iria se envolver com um... gangster... é perigoso demais. - expliquei e cruzei meus braços tentando conter as emoções.
- Te prometi que não te machucaria. - ele falou e não consegui decifrar seus olhos.
- Eu sei, eu me lembro de cada momento de nós dois juntos, mas... tenta me entender... fora que eu sou só sua enfermeira. - falei e ele riu indignado.
- É claro que você é só a minha enfermeira, não acredito, você realmente acha que estava rolando algo entre nós? - ele perguntou debochado e eu franzi as sobrancelhas.
- Eu sei que você gosta de mim, Colin, dá pra ver quando eu olho pra você. - ele revirou os olhos.
- Tão ingênua… Eu só queria carne fresca, você não percebe? Tudo que eu queria de você era provar o seu sabor, e você é tão complicada, ainda me vem com essa, gastei meu dinheiro atoa. - ele bufou e eu abaixei meu olhar.
Minha garganta se secou e eu senti como um nó no estômago, meus olhos se encheram de água e senti algo ruim dentro de mim, apertei ainda mais os meus braços e encarei qualquer lugar que não fosse ele.
- Devia ter imaginado... eu... eu vou chamar outra pessoa pra cuidar de você. - falei tentando conter qualquer lágrima e saí da sala apressada.
E pela primeira vez, eu saí correndo daquela sala, como todas as outras...
Vi Judi na frente de uma porta conversando com outra enfermeira e a alcancei.
- Oi, Judy, eu sei que você queria cuidar do Campbell, então, estou disponibilizando ele para você. - falei e ela levantou uma sobrancelha desconfiada.
- E por que você está fazendo isso? - ela perguntou e dei ombros.
- Pense o que quiser. - saí do hospital apressada.
Entrei no meu carro, apoiei minha cabeça no banco respirando fundo, liguei o motor e dirigi até uma sorveteria que eu adoro. Pedi um pote de sorvete enorme de chocolate e comecei a comer. E ali eu desmoronei, deixei tudo sair para fora, derramei muitas lágrimas de decepção.
Saber que eu estava sendo usada doeu demais. Eu não deveria ter deixado ele entrar, ele é um canalha, uma cilada, todo mundo sabia, inclusive eu, mas mesmo assim, de alguma maneira, eu achei que ele era diferente, que seria diferente comigo, achei que conhecia o real Colin Campbell, no entanto, tudo que recebi foi um tapa na cara e um pote de sorvete para pagar.
Como eu pude deixar eu criar sentimentos por aquele filho da puta desgraçado? Eu já devia saber que ele estava apenas me usando.
Quando percebi, já tinha comido todo o pote de sorvete. Paguei e voltei para casa. Me joguei no sofá na mesma posição de sempre, de bruços e com a vista linda do teto vazio. Comecei a chorar ainda mais e acabei pegando no sono.
...
- Lise... pequena. - escutei sua voz rouca me chamar e abri os olhos lentamente. - Não dorme aí. — ele avisou e percebi que havia dormido na poltrona.
- Desculpa. - esfreguei os olhos. - É que a Alice acordou no meio da noite hoje e demorou pra dormir. - expliquei e Colin sorriu compreensivo.
- Vem cá. - ele pegou a minha mão e me puxou até a sua cama. - Deita aí. - franzi as sobrancelhas.
- Está ficando doido? E não posso deitar aí, você quem deve deitar aí. - falei sonolenta e ele riu.
- Deixa de ser teimosa e deita. - ele mandou e me empurrou me obrigando a deitar.
- Então tá, mas você tem que deitar junto. - falei e puxei ele junto.
Ele pareceu surpreso, mas assim que me aconcheguei em seus braços, senti ele encostar sua cabeça na minha enquanto abraçou meu corpo, me aquecendo.
- Agora você pode dormir, relaxe, eu estou aqui. - ele sussurrou em meu ouvido, me trazendo conforto.
Com seu cheiro, logo meus batimentos ficaram mais calmos e podia escutar o seu ao contrário, batia rápido, sorri de lado e fechei meus olhos deixando ele me acolher em seus braços.
Acordei e fiquei estática, olhei o relógio e eram apenas quatro horas da manhã, a uns 20 minutos atrás eu tinha acordado por causa de Alice e agora por causa dele. Me levantei e dei de cara com o espelho, eu estava horrível, olheiras profundas e o rosto todo inchado por causa do choro.
Respirei fundo e tomei um banho quente, enquanto a água quente batia nas minhas costas não parava de pensar nele, no quanto ele virou a minha vida de ponta cabeça que já estava bem torta por conta de Alice.
Alice... minha única salvação e luz em meio a escuridão. Só de pensar no nome dela um sorriso genuíno aparece em meu rosto. Minha pequena de modo algum foi um peso para mim e acho que jamais será.
Assim que terminei, coloquei um conjunto de moletom e minhas pantufas de coala. Desci as escadas e fiz um chá, pela cortina dava pra ver a luz da manhã aparecendo e assim que terminei de preparar o chá, corri para a varanda para ver o raiar do sol.
Me sentei no balanço que amo, que tem na frente da minha casa e dá pra ver um pouco por cima das casas. Tomei o líquido quente em minhas mãos e aproveitei a tranquilidade da manhã.
Alguns minutos depois terminei o chá e me levantei, mas antes de entrar dentro de casa, um barulho alto de carro me chamou atenção. Era um carro bem bonito, mas não conheço marcas de carro, só sei que é chique e caro, muito caro.
Ele parou na frente da minha casa e eu arquei uma sobrancelha. De lá saiu o dono dos olhos verdes mais intensos que eu conheço. Ele usa uma camisa social preta com os dois primeiros botões abertos, uma calça social da mesma cor da camisa. Arfei com a visão, seus cabelos bagunçados e ele caminhando na minha direção daquela maneira fez meus pelos se arrepiaram.
Espera... ele tá vindo na minha direção e está na frente da minha casa?! Puta que pariu!
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Changes
RomanceElisa Barnes, brasileira que estudava nos Estados Unidos e viveu intensamente durante essa temporada, infelizmente, acabou grávida e se mudando para a Califórnia. Trabalhando em um dos melhores hospitais como enfermeira, ela recebe um paciente inesp...