Faz dois dias que eu estou aqui, presa nessa casa, eu tento ficar o mais afastada de todos, fica apenas eu, Alice e a Natália (a babá), que por incrível que pareça, é legal. Estou nesse momento deitada na cama junto de Alice, enquanto ela brinca, eu assisto uma série qualquer, mas uma batida soou e logo liberei a entrada de quem quer que fosse.
— Senhorita Elisa, o senhor Campbell te espera no hall. — ela avisou e saiu rapidamente.
Me levantei surpresa e peguei Alice no colo descendo para o hall em seguida, quando desci as escadas me deparei com Colin, com suas roupas formais de sempre.
— O que foi? - perguntei.
— Deixei Alice com a babá, vamos sair. — ele mandou e eu assenti.
Temendo que ele grite ou faça algo comigo, apenas obedeci, dei a Alice para Natália e fui no carro de Colin para não sei aonde, como previ, o silêncio desconfortável estava presente e seu cheiro estava por todo canto, me deixando desconfortável, pois eu me senti mal por me sentir relaxada ao sentir seu cheiro.
Um tempo depois chegamos em uma enorme mansão estilo vitoriana antiga. Entramos e lá dentro parecia um bar, homens por todos os lados fumando e se drogando. Todos logo olharam para mim e Colin, me encolhi diante de seus olhares.
Chegamos em uma sala que parece ser um escritório. Ela tem uma parede só de janela, uma mesa com a cadeira do chefe e duas outras que ficavam no canto do escritório. Logo dois homens entraram e notei ser os dois homens que estavam no hospital.
— O que ela tá fazendo aqui, chefe? — o mais novo perguntou soltando a fumaça do seu cigarro.
— Ela vai fazer parte do trampo. — Colin disse e se escorou na sua cadeira.
O encarei de olhos arregalados, eu? fazer parte dos negócios sem lei deles? Eu não sou o tipo de pessoa que mata ou se droga, eu sou uma enfermeira, caralho!
— Puta merda, Campbell, você não pode colocar uma pessoa sem o nosso consentimento. — o outro finalmente se pronunciou.
— Eu que tomo conta dessa porra toda, olha como vem falar comigo, Joshua.
— Mas que porra ela vai fazer? É só uma puta metida à princesinha, olha só o rostinho de santa dela. — Erick falou me encarando de um jeito indecifrável e me encolhi nervosa.
— Mida suas palavras ao se referir a Elisa, Erick. — Colin alertou e Erick se pôs em seu lugar, por alguns segundos…
— Sem mais papo furado, ela é a peça que faltava no nosso quebra-cabeça. Ela poderá distrair Rebeca enquanto eu lido com Halfred. — Colin explicou.
— Isso pode dar certo. — Joshua disse..
— Eu não vou participar do que quer que for os planos de vocês. — soei aterrorizada.
— Você vai ser minha companheira numa festa, vou te levar até um dos nossos sócios. Você vai distrair a segurança dele por um bom tempo e o resto é com a gente. Viu? Nada demais.
— E por que eu faria isso? — perguntei e ele sorriu irônico.
— Por que eu estou mandando. — ele disse e eu suspirei.
— Onde tem um banheiro? — perguntei e Joshua apontou para a porta a direita.
Assenti e levei comigo a garrafa de whisky. O banheiro é gigante e tem uma banheira enorme logo abaixo da janela, deitei lá e bebi um gole do whisky. O líquido descia rasgando a minha garganta, mas isso me distraía da situação. Iria ajudar uma gangue, eu, a mocinha, que se sentia mal por matar um inseto.
Escutei uma batida na porta e logo Colin apareceu com as mãos nos bolsos. Revirei os olhos e os desviei para a vista linda da janela.
— Não sabia que bebia. — ele debochou, mas me mantive em silêncio.
Ele se sentou ao meu lado e meus pelos se arrepiaram quando seu braço se encostou ao meu, ele tomou a garrafa das minhas mãos e bebeu um grande gole.
— Isso não vai te relaxar, precisa disso. — ele falou e pegou algo em seu bolso.
— Eu não fumo. — disse de relance.
Ele deu de ombros e acendeu um, olhei de relance e tomei de sua boca.
— Era para você estar de repouso. — o repreendi.
— Pelo visto, ainda se preocupa comigo. — não o respondi. — O meu trabalho não pára se eu parar. — ele explicou.
O encarei e logo desviei o olhar, pois o jeito que ele me olhou de volta me causou sensações que eu não queria sentir. Coloquei o cigarro na boca e tosse com a fumaça, escutei ele rir e logo após ele começou a me ensinar a tragar.
— Eu não quero isso, Colin, eu não quero nada disso, você sabe, eu me afastei de você por causa disso, e parece que cada vez mais você quer que eu me aproxime desse seu lado, por que você me tortura assim? — perguntei em um desabafo e ele desviou o olhar.
Ao escutar seu silêncio, me levantei irritada e o deixei sozinho no banheiro, por que ele não me deixa em paz?
. . .
Me olhei no espelho e suspirei, o que eu estava fazendo da minha vida?
Um vestido lindo cobre o meu corpo, ele é um tomara que caia preto justo e tem uma pequena fenda acompanhada de franjinha de strass prata. Prendi meu cabelo em um coque com várias mechas soltas e coloquei um batom vermelho sangue e uma sombra simples.
Saí do meu quarto e dei um boa noite para Alice, logo já estava descendo as escadas. Colin está vestido em um terno de sempre, camisa social aberta até o segundo botão e o blazer preto. Logo quando ele ouviu o som dos meus saltos baterem nos degraus, desviou seu olhar para mim.
Ele me olhou de um jeito tão intenso que senti um rubor em minhas bochechas, era como se eu fosse a coisa mais bela do mundo inteiro, como uma preciosidade, ele me fez me sentir assim, como uma rainha.
— Você está… linda. — sua voz falhou e eu sem pensar sorri.
— Obrigada.
Assim que chegamos, dei de cara com outra mansão. Colin saiu do carro e estendeu a mão para mim, assim que coloquei a minha na dele, ele deu um beijo molhado me fazendo sentir um formigamento na pele.
Assim que entramos, a música clássica invadiu meus ouvidos e as pessoas conversando me fizeram morder o lábio pelo nervosismo. Um garçom passou e peguei uma taça de champanhe, igual a Colin.
O lugar é simplesmente divino.
— Vamos apenas curtir a festa. — ele falou, piscou e degustou a bebida.
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Changes
RomanceElisa Barnes, brasileira que estudava nos Estados Unidos e viveu intensamente durante essa temporada, infelizmente, acabou grávida e se mudando para a Califórnia. Trabalhando em um dos melhores hospitais como enfermeira, ela recebe um paciente inesp...