CAPÍTULO 76

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Verônica 🦋

Abro a porta de minha casa e entro. Permaneço um tempo parada encarando o nada. A bolsa desliza do meu ombro e cai no chão, não faço nenhum esforço para pegá-la.

Tiro meus sapatos e os deixo por lá também, olho para minha estante, avistando minhas bebidas, caminho até lá e pego uma garrafa de gim.

Pego um copo na cozinha e coloco o líquido lá. Encaro a vista da cidade pela janela e mais lágrimas começam a rolar. Viro o primeiro copo de bebida, sentindo o gosto queimar minha garganta.

Verônica: Desgraçado... -Xingo Oliver, enquanto me apoio no balcão.

Pego o telefone e vejo que haviam mensagens e várias ligações perdidas dele.

✓Oliver: Verônica... Por favor, precisamos conversar. Você precisa me ouvir, eu juro que não aconteceu nada. Nicole tramou tudo, foi ela.

✓Oliver: Eu te amo. Nunca faria algo assim com você. Nunca.

✓Oliver: Por favor, vamos conversar amanhã com mais calma, ok?!

Verônica: Me ama... -Repito as palavras que li com pouco caso.

Nunca me amou, por que continua me dizendo isso?

Bloqueio o telefone e volto a beber. A única coisa que precisava agora, era preencher esse buraco no peito. É como se algo fosse arrancado de mim, deixando um vazio doloroso e, sinto que bebida, é minha única solução.

Claro, ela não vai curar e nem tampar esse buraco, mas vai amenizar essa dor. Pelo menos, é o que espero.

DIA SEGUINTE 🌞

Abro os olhos incomodada com a claridade. Me encontro deitada de qualquer jeito na cama, nem me lembro quando e como vim parar aqui.

A dor de cabeça se faz presente, me confirmando que passei dos limites ontem.

Me levanto e tomo um remédio, coloco o café para fazer na cafeteira e vou para o banheiro. Tomo um banho morno e tento relaxar, mas é em vão. Lembranças de ontem insistem em me torturar.

Oliver dormindo tranquilo na cama daquela mulher, depois de um boa e longa transa. Ele tentando se explicar... Ahh, por que?

Termino o banho e escovo meus dentes. Seco os cabelos, penteio e visto minhas roupas para ir trabalhar. Pois é, ainda tem isso.

Quando já estava pronta, bebo um gole do café e como ovos mexidos. Puppy não saia do meu pé um só segundo, era como se sentisse o mesmo que eu, ou apenas, tentava se manter ao meu lado em forma de consolo.

Saio do apartamento e tranco a porta. Depois de chegar no estacionamento, entro no carro e ligo o mesmo. Dirijo para a promotoria enquanto escuto a rádio.

Locutor: Hoje, a previsão é de chuvas intensas com fortes ventanias, no período da tarde. Não esqueça o guarda chuva e não pegue um resfriado. -Disse, com sua voz grossa e relaxante. Até que é adequada para se ouvir logo pela manhã- E o conselho do dia é: Não, o mundo não desaba só em cima de você. Não, a vida não te odeia. Não, você não é azarado, amaldiçoado ou o que quer que pense. Todos passamos por momentos exaustivos, todos temos nossas próprias desgraças. E vai passar. A tempestade chega para qualquer um, se não, como é que nossos rios se encheriam? Como nossas plantas sobreviveriam? O ar ficaria seco. Nós ficaríamos doentes e por aí vai. Precisamos das chuvas. Não esqueça disso. -Que isso? Ele leu meus pensamentos? Parece que falava comigo.- E agora uma música para te fazer relaxar.

A música oferecida era "someone you loved" do Lewis Capaldi.

Verônica: Não era para relaxar? Essa música só vai me deixar pior.

ME AME INTENSAMENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora