CAPÍTULO 87

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Verônica 🦋

Após passar o dia no velório, vejo inúmeras chamadas perdidas em meu celular. Todas de Polly, provavelmente, preocupada por não saber o que aconteceu comigo, já que não apareci no trabalho hoje.

Decido mandar uma mensagem.

✓Verônica: Oi, Polly. O pai de um amigo morreu, estava no enterro. Desculpe se te deixei preocupada.

Bloqueio o celular e o coloco para carregar. Em seguida, tiro minhas roupas, enquanto, caminho para o banheiro, ligo o chuveiro e permito a água cair a vontade sobre meu corpo.

Meus pensamentos viajam por Oliver. Quero saber como está, o que está fazendo, se está chorando, precisando de qualquer coisa...

Me dói pensar que ele esteja sozinho agora, enquanto passa por tamanho sofrimento. Mas infelizmente, nesse momento é o melhor para ele.

Ficar sozinho e digerir tudo o que está acontecendo, é o melhor. Ele precisa se acostumar com essa dor, precisa lidar com ela e isso, só ele pode faze-lo.

Quando terminei o banho, me seco e visto um pijama. Caminho para a cozinha e encaro o relógio na parede.

20:45.

Pego algumas sobras na geladeira e esquento, para comer. Não estava nem um pouco afim de buscar criatividade para fazer algo diferente.

Dou um pulo de susto ao ouvir batidas na porta. Encaro na direção dela me perguntando quem poderia ser a essa hora.

Madison me avisaria caso fosse ela.

Caminho até lá e giro a chave destrancando, em seguida, viro a maçaneta abrindo. Meu olhos caem sobre um olhar azulado e intenso.

Verônica: Oliver? -Pergunto surpresa ao vê-lo, parado em frente minha porta, com o braço apoiado no batente.

Oliver estava visivelmente perturbado. Ele ainda estava com as roupas do enterro, mas sem o palitó e a gravata. A camisa branca meia desabotoada, os cabelos desgrenhados e seu perfume estava misturado ao cheiro forte de whisky. O que me confirmou que ele havia bebido muito.

Verônica: Oliver, está bêbado? -Questiono o encarando.

Oliver: Verônica... Eu... -Tentava me dizer algo, mas por algum motivo, não conseguia.

Verônica: Entre. -Digo, pegando em sua mão e o puxando para dentro.

Fechei a porta e o guiei até o sofá. Oliver se sentou e eu, caminhei até a cozinha para pegar um pouco de água.

Verônica: O que aconteceu? Como chegou aqui nesse estado, Oliver? -Questiono o entregando o copo com o líquido- Não veio dirigindo, né?!

Após beber um longo gole da água, ele respirou fundo e me olhou.

Oliver: Eu vim de táxi. Eu não ia vir aqui, mas o motorista acabou passando por perto, então pedi que parasse. -Respondeu. O tom de voz dele era fraco e havia um certo peso nela. Era nítido o quanto estava quebrado por dentro.

Verônica: Oliver, por favor, eu sei pelo que está passando, mas você precisa se cuidar. Por favor. Faça isso, por si mesmo, pela sua mãe... Por mim... -Pedi o olhando, sentindo lágrimas se acumularem em meus olhos.

Me doía na alma vê-lo se machucando ainda mais. Bebendo e andando sem rumo, era exatamente o que ele estava fazendo.

Oliver levou a mão esquerda até meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar. Seus olhos me fitavam com ternura e carinho.

Oliver: Não chore... -Pediu, ainda com os olhos unidos aos meus- Verônica, eu odeio te fazer chorar. Aquele dia... Eu juro, eu juro, Verônica... -Disse, enquanto, uma lágrima solitária caía sobre sua bochecha.

Verônica: Shhhh! -Digo colocando o dedo em seus lábios, o fazendo parar de falar. Eu já sabia do que ele se referia- Não se explique sobre isso. Não pense nisso agora. Falaremos outra hora sobre. -Peço, segurando sua mão, depois, de tirá-la de meu rosto.

ME AME INTENSAMENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora