CAPÍTULO 77

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Oliver 🖊️

Oliver: O que isso? Ele leu minha vida? -Indago, após, ouvir o "Conselho do dia", dado pelo locutor da rádio, seguido de uma música.

No trajeto até a empresa, permaneci calado para ouvir bem do que se tratava a letra. Foi impossível não lembrar de Verônica e do que aconteceu ontem.

Me pergunto como ela chegou em casa, se está bem... Pelo menos, fisicamente. Verônica tem a saúde mental muito sensível, tenho medo de algo ter acontecido e ela estar sozinha.

Oliver: Que idiota. Como pôde cair na lábia de Nicole? -Me culpo.

Antes de chegar a empresa, corto o caminho e decido ir ver Verônica. Dirijo para o gabinete da promotoria. Eu preciso que ela me ouça.

(...)

Adentro o lugar e ando às pressas até o elevador.

Recepcionista: Ei. O senhor não pode entrar assim. -Fala tentando me impedir, mas a ignoro.

A elevador chega ao andar em que Verônica trabalha as portas se abrem. Caminho na direção de sua sala e viro a maçaneta. Meus olhos varrem o local, mas estava vazio, não havia ninguém.

Oliver: Ela não chegou ainda.

Decido espera-la e me sento na cadeira, que fica de frente com sua mesa. Encaro meu relógio de pulso para saber das horas.

Nesse momento eu já devia estar na empresa, mas Verônica é mais importante para mim agora.

Minutos depois, ouço barulhos de saltos vindos do corredor, o som se aproximava cada vez mais, me fazendo pensar que era ela.

Respirei fundo na esperança de tomar coragem e tentar explicar para ela o que de fato aconteceu.

A porta se abriu. Me virei para encarar e vi Verônica, parada me olhando de volta. Ela tinha a aparência abatida, pouca maquiagem, cabelo preso num rabo de cavalo e notava-se que não havia dormido bem.

Seu olhar em mim era de supresa, com certeza não esperava me ver ali.

Verônica: O que faz aqui? -Indagou, ainda parada na porta.

Oliver: precisamos conversar...

Verônica: Não, não temos nada o que conversar, Oliver. -Retrucou fechando a porta e caminhando na direção de sua mesa.

Oliver: Verônica, você tem que me ouvir e entender o que realmente aconteceu.

Verônica: Você quer me fazer entender o que já está bem claro para mim? Oliver, eu vi tudo.

Oliver: Não Verônica, você não viu! -Digo levemente frustrado- Você chegou lá viu cenas que levariam ao ato, e tomou sua própria conclusão. Nem quis me ouvir... Preferiu acreditar na Nicole, sabendo como ela é. Eu sei que é difícil, mas não duvida nem um pouquinho de tudo o que rolou ontem? Em nenhum momento você se perguntou "Oliver faria mesmo isso?" "Será que é mesmo verdade tudo isso?". Confiava mesmo em mim, Verônica? -Pergunto a encarando nos olhos.

Ela permaneceu calada me olhando. Sei que sua cabeça está martelando minhas palavras. Nisso tudo, o que me deixa mais triste é que Verônica, sequer, quis me ouvir. Preferiu engolir o teatrinho de Nicole e encerrar tudo. Me doeu, já que eu faria diferente.

Verônica: Eu duvidei quando cheguei lá. Mas Oliver, o que pensaria ao entrar na casa de um ex meu, se deparando com bebidas pela mesa, roupas pelo chão e eu, jogada na cama dele, apenas, de calcinha e sutiã. O que pensaria?

Oliver: Eu iria te ouvir. -Digo calmo. Sua feição se suavizou- Eu pensaria a mesma coisa que você. Ela está me traindo. É inevitável, mas eu tentaria te ouvir, Verônica. Porque, eu ainda sentiria uma pontinha de dúvida. Meu amor por você, me impediria de acreditar num estranho. -Pausei e soltei um longo suspiro, encarando o chão.- Não aconteceu nada. -Confesso levantando o olhar para encarar seus olhos- Antes de ir ao jantar, ela me ligou dizendo que havia sido assaltada, então eu fui, para ajudá-la. A levei para casa e acabei tomando um copo de suco, depois disso, apaguei.

Verônica: Tá dizendo que ela drogou você? E encenou tudo aquilo? -Indagou, com as sobrancelhas erguidas e os braços cruzados.

Oliver: Ela sabia que você ligaria, cedo ou tarde.

Verônica: por que não me disse que iria ajudá-la? Ou que estava com ela? Por que ocultou?

Oliver: Não achei que isso fosse acontecer, Verônica. Eu só ia lá ajudá-la, talvez, ficar até a polícia chegar e pronto.

Verônica: É difícil pra mim, Oliver. Meu trabalho é lidar com os fatos, se tudo indica que houve crime, é porque houve. Em um assassinato, quando se encontra todas as evidências que nos levam ao suspeito devemos prende-lo imediatamente. Não posso simplesmente, acreditar nas suposições e ignorar as provas.

Oliver: Mesmo quando o crime pode ter sido, supostamente, forjado? Quando o suspeito em busca de se safar, culpar outra pessoa inocente? -Questiono. Ela fica quieta, enquanto me olhava nervosa- Tudo bem prender um inocente para não ignorar as provas, que na verdade, nem são verdadeiras? E permitir que o culpado fique livre? É essa a sua justiça? -Verônica engole seco, enquanto segue calada- Não coloque seu trabalho nisso, para se justificar, Verônica. Para começar, não aconteceu crime nenhum. E eu não sou um assassino.

Dou as costas e saio de sua sala. Caminho pelos corredores com o coração doendo. Definitivamente, tá acabado. Entendo que ela esteja machucada, viu coisas nada agradáveis, mas o fato de nem me oferecer um voto de confiança foi demais para mim.

Eu nem queria muito, apenas que me ouvisse.

ME AME INTENSAMENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora