— É hora de iniciarmos a reunião.
Em um grupo de algumas dezenas, o conjunto de homens estava reunido em torno de uma grande mesa arredondada, devidamente prontos para dar início à assembleia, ainda que estivessem desfalcados, dado os três assentos vagos no local, fato que não passou despercebido por um dos integrantes.
— Não estão todos presentes.
— Por hoje somos apenas nós.
Ninguém contestou.
— Devemos prosseguir cautelosos, as pessoas podem desconfiar a qualquer momento — comentou um homem grisalho, entrelaçando os dedos acima da mesa.
— Ninguém desconfiará, já faz algum tempo desde o último desaparecimento. Nem ao menos lembro-me do nome da desvirtuada.
— Seo Soojin.
— Oh, é mesmo — desdenhou. — Gostaria de iniciar nossos trabalhos com uma contribuição.
— Estamos ouvindo.
— Eu desconfiava da família Kim — revelou, causando expressões surpresas em vários membros. — A filha mais nova certamente é suspeita, e soube que a senhora Kim possui vasto conhecimento sobre plantas, além de ser viúva. E então, recebi uma denúncia, alegando que as suspeitas são verdadeiras.
— Ora, então não há suposições! É evidente que elas se enquadram no perfil que buscamos.
— Devemos eliminá-las o quanto antes.
Todos os integrantes concordaram, sem objeções. Estavam prestes a continuar com o debate quando a porta abriu-se com tanta força que assustou-os, fazendo com que ficassem estatelados contra as cadeiras.
— Boa tarde, senhores.
— Quem é você?
— O que faz aqui?
— É estritamente proibido entrar nesta sala.
— Eu sei, porém admito que não sou bom em seguir ordens — o recém-chegado sorriu em escárnio. — Quanto mais cedo terminarmos, melhor para mim. Juntarei-me a vocês nesta reunião.
— Você não é um membro do Conselho, senhor. Por favor, retire-se! — pediu um homem na faixa dos trinta anos. Seu corpo estremeceu rudemente com o olhar que recebeu do homem jovem que acabara de entrar.
— Oh, é uma reunião da igreja? — indagou cínico e fingido. — Pois eu jurava que era aqui que ocorria a conclave de assassinos, mas vejo que errei de endereço. Queiram desculpar pela minha indiscrição e intromissão.
Os olhos de todos os homens arregalaram-se, como se tivessem sido pegos em flagrante sem esperar por isso, enquanto o corpo elegante e robusto desvencilhava-se da porta e caminhava predatoriamente em suas direções. Não sabiam o motivo, porém, temiam a existência daquele desconhecido com suas vidas, tamanha era a intensidade e obscuridade da energia que emanava dele.
— A partir de agora, é minha vez de falar e somente eu falarei, enquanto vocês ficarão quietinhos sem dar um pio, entenderam? — ditou pacífico, contrário ao tom autoritário utilizado. Um dos homens fez menção de levantar, ao que foi impedido pelas mãos rudes e pesadas que o empurraram de volta, forçando-o a sentar. O rosto incrivelmente belo do homem, até então desconhecido, debruçou-se ao lado da cadeira, encarando os olhos medrosos que lhe fitavam. — Não pedirei duas vezes, e eu garanto que não irão querer ver-me irritado. Será que podemos começar agora, senhores?
Em resposta, dezenas de cabeças assentiram em um silêncio absoluto.
— Certo. Primordialmente, iniciaremos com a situação atual deste vilarejo, algo que tem sido um grande inconveniente para mim. É de seu conhecimento que a Europa vem sendo assolada por mortes e desaparecimentos misteriosos há, mais ou menos, quatro séculos? É claro que sabem, afinal, vocês tornaram-se adeptos a esta prática imoral assim como eles — expunha em ousio, dotado de uma gnose superior, um soprar arrogante e opíparo de quem sabia de tudo. — Pensaram que poderiam dizimar quantos inocentes quisessem e ninguém descobriria? Ou são muito ingênuos ou carecem de inteligência em demasia. Aposto na segunda opção. — Exibiu um sorrisinho zombeteiro. — Deixando de lado a protelação, vamos ao que interessa. Imagino que estejam curiosos sobre mim, e por isso, apenas posso dizer que sou alguém extremamente influente e crucial para o equilíbrio do mundo invisível.
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𝐇𝐀𝐃𝐈𝐒 - Minsung
Fanfiction[CONCLUÍDA] Céu e Inferno. Dois pesos antagônicos coincidindo e duelando diariamente por uma mesma causa: a infundada e orgulhosa validação humana. Ah, mero engano. Seria de extrema ignorância e soberba consider-nos dignos de tal importância. O P...