XII. Provérbios 17:17 †

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"O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade" 


— Pensaste na minha proposta? — A voz conhecida soou como um eco distante em meio ao abismo silencioso sob seus pés. 

— Pensei. — Levantou-se do chão onde estava sentado e encarou o céu estrelado, soltando um suspiro longo e plangente antes de virar-se para encarar o dono do chamado, e também, de seu coração. — Eu gostaria de aceitar, mas você sabe que não posso. 

— Imaginei que esta seria a sua resposta. 

— A ideia da imortalidade é tentadora e unir-me a você para sempre é tudo que eu mais almejo neste mundo, porém, ainda há coisas que preciso realizar aqui, ou do contrário jamais conseguirei ter paz em meu coração. — Abaixou a cabeça, permitindo-se expor as fraquezas que ninguém desconfiava dilacerar seu interior. — Não posso permitir que a morte de minha mãe tenha sido em vão. 

— Sempre respeitarei qualquer decisão sua, seja ela qual for, e se é de sua vontade permanecer aqui, então tem meu apoio. 

— Tão previsível… — Revirou os olhos com a fala compreensiva. — Pare de ser tão perfeito, seu babaca! 

— Oh, perdoe-me por ser um homem decente! — ironizou. — Esqueci que você é um ogro que não está habituado às boas maneiras de seres magnânimos como eu. 

— O que eu vi em você? — indagou retórico, fingidamente desgostoso. 

— Ora, não é evidente? Não existe alguém melhor e mais bonito do que eu neste planetinha miserável. Você tem sorte, deveria glorificar de joelhos por me ter! 

— Você é um idiota. — Riu alto, em um gesto de negação. Era bom poder ter um curto momento de descontração prévio ante às tensões que se acumulavam. 

— Mas…? 

Aproximou-se decidido, embora regularmente se sentisse acanhado na presença dele. Ainda assim, encarou seus olhos com determinação, mesmo sabendo que ele tinha ciência do que diria. 

— Eu te amo, Min. 

— Tão previsível… — Revirou os olhos, recebendo um soco em seu peito pela imitação barata e escutando a risada que tanto estimava. 

— Aja com seriedade, homem! Diga o que eu quero ouvir. 

— Sabe que é recíproco, amor meu. — Seu tom fora brando, deixando de lado a brincadeira, enquanto encarava-o afetuoso. 

— Você nunca consegue ser direto quando se trata de seus sentimentos, Minho. Quando irá confessar que me ama com todas as palavras? 

— Um dia. 

— Até este dia chegar eu já estarei a sete palmos da terra — brincou. 

— Como está se sentindo? — desconversou de forma abrupta, tentando esconder o descontentamento em relação ao assunto anterior, ainda que fosse nítido. 

— Ah. — A questão trouxe à tona as preocupações do ofício. — Estou um pouco tenso. Os persas desembarcarão em breve e estamos nos preparando há meses, mas você sabe como eu fico ansioso no período pré-batalhas. 

Minho fez uma análise meticulosa no garoto à sua frente, aprovando a maneira como o chiton encurtado e sandálias de couro caíam-lhe bem, tal qual seus cabelos ondulados, os mesmos que tinha grande apreço por puxar quando compartilhavam de um momento íntimo, e somente pensar naquilo fez com que sua mão agarrasse instintivamente a cintura dele, puxando-o ao encontro de seu corpo. 

𝐇𝐀𝐃𝐈𝐒 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora