XXIV. Cantares de Salomão 1:2-3 †

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"Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos…
Sim, as suas carícias são mais agradáveis que o vinho.
A fragrância de seu perfume é suave; o seu nome é como perfume derramado. 
Não é à toa que as jovens o amam!"


Jisung coçou o olho esquerdo por baixo da lente dos óculos e olhou para a postura derrotada do amigo debruçado sobre a mesa da biblioteca vazia. 

ㅡ Então vocês estão morando na casa de Seungmin agora. 

Sustentou o rosto entre as mãos, analítico acerca do que lhe foi recém-contado. Ainda estava abismado. 

ㅡ Sim ㅡ Wooyoung respondeu, lânguido. Seu rosto machucado apresentava, além do nítido abatimento, certo alívio em expor tudo que havia passado nos últimos dias.

ㅡ E sua mãe? ㅡ indagou Felix, preocupado. ㅡ Alguma notícia? 

ㅡ Eu fui visitá-la escondido ontem. Ela está bem, mas não quis vir comigo porque está resolvendo os papéis do divórcio sem meu pai saber. Hoseok está cuidando do caso. 

ㅡ Vai dar tudo certo, tenho certeza ㅡ Yeosang alentou-o, afagando-lhe os cabelos. ㅡ Sua mãe sabe o que está fazendo. 

ㅡ Oh, Jeongin chegou! ㅡ O loiro agitou-se após ouvir a porta abrir e ver o mais novo se dirigir a eles.

ㅡ Eu estava aflito ㅡ Jisung admitiu. ㅡ Ele não apareceu por dois dias. ㅡ Ansioso, esperou que o Yang sentasse ao seu lado para dar um tapinha no ombro dele. ㅡ Yah, o que você…

A breve euforia que havia tomado conta do grupo de amigos desapareceu em segundos e expressões perplexas, cobertas de incredulidade, adornaram seus rostos ao ver o estado do outro. 

A face de Jeongin encontrava-se, se possível, ainda pior que a de Wooyoung. O contorno de um dos olhos pequenos e a maçã do rosto estavam em tonalidades arroxeadas, o lábio inferior via-se inchado, o nariz cortado igualmente à região do supercílio, que trazia um aspecto intumescido acima do olho saudável. Arranhões grosseiros junto à marcas salientes e avermelhadas completavam a visão chocante que todos aqueles hematomas formavam. 

ㅡ Não ajam como se nunca tivessem visto isso! 

ㅡ Innie… ㅡ Felix pegou a mão dele, piscando repetidas vezes para não derramar as lágrimas presas. ㅡ O que houve? 

ㅡ O de sempre. ㅡ Deu de ombros, apesar da leve dificuldade na fala. ㅡ Meu pai é um merda, mas vocês já sabem disso. 

ㅡ Incrível como nossos pais podem dar as mãos e apodrecer no Inferno ㅡ Wooyoung retrucou desgostoso. 

ㅡ Não é à toa que são melhores amigos. Gente ruim se reconhece de longe ㅡ completou anojado. Estava expelindo raiva pelos poros. ㅡ Inclusive, eles passam o tempo todo cochichando pelos cantos como se nada tivesse acontecido. É quase uma reunião secreta sempre que se veem. Babacas! 

ㅡ Eu os vi conversando com o padre ontem ㅡ Yeosang comentou, tentando parecer imparcial. Refletia muito a respeito do comportamento do presbítero e tinha uma opinião formada, todavia, mantinha-se em silêncio. 

ㅡ Isso me faz lembrar da minha mãe. Ela está cada dia mais insuportável. ㅡ Felix bufou. ㅡ Aparentemente nenhum de nós tem uma família decente. 

ㅡ Eu tenho ㅡ o diácono contestou sorridente. ㅡ Vocês são mais que decentes, embora um tanto doidinhos, mas eu amo muito todos vocês. 

Foi impossível não sentir o coração aquecido. Yeosang fora abandonado na porta da igreja com poucas semanas de vida, nada se sabia sobre seus pais. Ele foi acolhido pela comunidade e criado dentro do cristianismo, e apesar da gratidão por todos, tinha como família única e verdadeira seus cinco melhores amigos. 

𝐇𝐀𝐃𝐈𝐒 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora