XI. Mateus 18:15 †

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"Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão"

— Será que você pode falar de uma vez? 

Jeongin e Wooyoung seguiam o trajeto para casa ainda em silêncio e o mais novo estava impaciente. Posteriormente a Felix sair arrastando os dois para deixar Minho e Jisung sozinhos, ele somente empurrou-os e disse que iriam agradecê-lo mais tarde.  

— Se você estiver disposto a ouvir… — Wooyoung deu uma olhadela no outro. — Mais do que isso, Jeongin, eu preciso que você esteja disposto a tentar entender o meu lado em vez de vir com pedras na mão para me julgar. É um assunto sério e muito delicado para mim, por isso peço sua compreensão. 

Os músculos de Jeongin enrijeceram e ele cogitou escutá-lo. Admitia que antes não estava verdadeiramente interessado nas desculpas fajutas do Jung, mas vê-lo falar de modo tão sério era deveras estranho, ainda não estava acostumado com aquilo, e, talvez, apenas talvez, realizou que seu julgamento podia ter sido distorcido em relação a ele. 

Não assumiria, porém sentia falta dele, de sua amizade. 

— Tudo bem. Estou ouvindo. 

Wooyoung soltou a respiração que nem percebia prender, aliviado. 

— Ok, antes de tudo, eu quero que saiba que nunca tive intenção de magoar nenhum de vocês — dizia entristecido —, mas eu o fiz, e estou muito arrependido, de verdade. Fui coagido, no entanto, isso não justifica nada. 

— Quem o obrigou? 

— Meu pai. Tudo começou quando ele descobriu que eu… — Olhou brevemente para Jeongin, receoso com a reação dele, revelando baixo e hesitante: — Que eu gosto de garotos. 

— Ah. — O Yang mantinha-se inexpressivo. 

— Como assim "ah"? Cadê o choque, o espanto, o nojo? 

— E onde está a surpresa nisso, oras? — Revirou os olhos. — Wooyoung, basta olhar na sua cara de abestalhado para ver que você não curte mulheres. 

— Ah. Que porcaria, não? — Sua testa enrugou, devaneando sozinho sobre suas tentativas falhas de parecer viril, e ao perceber que estava se distraindo, retomou: — Como eu dizia, meu pai descobriu e forçou-me a abandonar vocês, então eu disse aquelas besteiras para que não desconfiassem do que estava acontecendo comigo.

E quando Wooyoung manifestou uma postura ancípite, de fácil abalo, e começou a contar cada atrocidade que sofrera nas mãos de seu progenitor, os olhinhos de Jeongin tornaram-se úmidos e pesarosos, não contendo o ímpeto de abraçá-lo apertado, repetindo continuamente o quanto sentia muito.

— Ei, está me sufocando! — O loiro cutucou-o, ocasionando um riso fino dele pelas cócegas que sentia. — E pare de chorar, eu não vou cuidar de nenhum remelento! 

— Desculpe pelo meu comportamento anterior e por tê-lo destratado. — Jeongin ignorou-o e se afastou, passando a mão sobre os olhos. — Eu fui impulsivo. 

— Você é impulsivo — corrigiu. — Eu imaginei que fosse ao menos desconfiar das minhas atitudes, porque eu não costumo agir daquele jeito. Mas tudo bem, não é como se eu esperasse o mínimo de inteligência vindo de você.

— Veja só quem fala! — provocou, sorrindo debochado. — Sabe o que dizem sobre loiros…

Wooyoung apenas encarou-o de cima a baixo, falsamente metido e esnobe. 

— Caso não tenha reparado, Ryujin, Felix, Jisung, Yeosang e eu somos loiros. Isso quer dizer que nosso grupo é majoritariamente composto por loiros e, bem, você, o impostor — desdenhou brincalhão. — E assim concluímos que loiros são mais gostosos, obviamente, porém, eu sou o gostoso supremo! 

𝐇𝐀𝐃𝐈𝐒 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora