III. Salmos 43:5 †

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"Por que você está assim tão triste, ó minha alma?
Por que está assim tão perturbada dentro de mim?
Ponha a sua esperança em Deus!
Pois ainda o louvarei;
Ele é o meu Salvador e o meu Deus"

Yang Jeongin odiava a igreja.

Se revelasse este fato a qualquer um, certamente julgariam-no como um devoto discípulo de Satanás, um contraventor repugnante, e, possivelmente, seria condenado à forca, afinal, as pessoas tendem a tirar conclusões precipitadas sobre tudo a partir de suas interpretações errôneas e ignorantes.

Todos somente veem o querem ver.

Há uma história inteira oculta por trás de cada alma sôfrega munida de vida ao redor do globo terrestre. Todavia, nem sempre existir faz correlação com viver. Figuradamente, só porque você existe não quer dizer que esteja, de fato, vivendo.

E Jeongin queria viver.

Acreditava em Deus e amava-o do seu modo. Contudo, não almejava dedicar sua vida ao sacerdócio, só gostaria de viver para si.

É claro, ninguém o entenderia, pois soava egoísta demais.

Aspirava poder experienciar momentos únicos que estavam muito distantes de sua realidade, como conhecer o maior número de países e vilarejos que pudesse, abraçar diversas culturas, nacionalidades e crenças, tudo que expandisse seus horizontes. Viver uma rotina monótona não fazia parte de seus objetivos.

— Yang Jeongin, estou falando com você!

Mas então, ele era puxado de volta ao mundo real, onde levava uma vida que não era sua.

— O que é?

— Está vendo, Jeongmi? — Yang Jeonghee bradou enraivecido. — Eu não entendo o que se passa nesta família. Deve ser alguma maldição, não há outra explicação!

— Queremos lhe dar uma notícia importante, querido — a mulher disse ao filho, mantendo a calma.

— Estou ouvindo. — Mas não dou a mínima.

— Pois não é o que parece — o homem rebateu.

— Bem... Não sabíamos como contar sobre nossa decisão antes, então apenas deixamos acontecer. — A feição delicada de Jeongmi tornou-se apreensiva e ela cruzou os dedos sobre a mesa. — Você será o irmão mais velho agora. Eu estou grávida, querido.

Jeongin sentiu a alma sair do corpo por alguns instantes e permaneceu estático, encarando os pais em choque.

Um irmão?!

— Imaginamos que seria uma surpresa e tanto. Não sabíamos qual seria a sua reação, nem se era a hora certa para contar.

— E a hora certa seria quando você estivesse quase parindo? — questionou indignado. — Estavam planejando outro filho e sequer consideraram me contar?

O amargor tomou conta de si quando percebeu que sentia-se traído, magoado como nunca antes. Não queria que aquela criança viesse a nascer, pois imaginava o propósito pelo qual seria concebida, e aquilo lhe causou repulsa.

Seus pais não podiam ser tão baixos assim.

— Innie...

— Por que? — Mirou-os friamente. — Ao menos sejam sinceros comigo e me digam: por que decidiram ter outro filho agora?

A mulher olhou receosa para o marido, que não hesitou em responder sem encobrir o rastro de indiferença e menosprezo que sentia pelo filho.

— Não é evidente? Sempre desejamos um filho morigerado que honrasse o nome da família e fosse um exemplo de moralidade para a comunidade, mas ao que parece, fomos amaldiçoados com frutos podres. Seu novo irmão virá para satisfazer as necessidades que vocês não supriram.

𝐇𝐀𝐃𝐈𝐒 - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora