Sou tragada brutalmente do meu sono profundo por um barulho infernal que fica ecoando dentro da minha cabeça, insistindo tanto que até me irrito, abrindo os olhos e procurando o maldito despertador.
Porém, não é o teto da minha casa que vejo.
─ Epa, apressadinha, calma aí!
Meu corpo é empurrado de volta contra o colchão – que nem de longe é tão confortável quanto o meu –, e sou confrontada com um aperto no peito, uma dor que vai se alastrando por todo o lado, além de uma sensação pavorosa de que vou vomitar.
Engulo em seco e tento tocar a minha testa, mas um fio está enrolado no meu braço; só então percebo que é a mangueira do soro.
Soro!
─ O que está acontecendo?! O que é isso?!
─ Mio Dio! Você não para quieta parece até uma criança. Será que pode ficar parada um pouco? A enfermeira já vai voltar. Juro.
Abano a cabeça que dói. Dói muito.
─ Onde eu estou? Que lugar é esse?
─ Calma... Respira...
Franzo o cenho dolorido e levo meu olhar semicerrado para o dono da voz que está sentado na beirada da cama, empurrando-me com cuidado enquanto tenta endireitar o travesseiro.
Por um momento penso em afastá-lo, mas não tenho muita força.
A dor me enfraquece. E eu odeio isso.
─ Quem é você? ─ Balbucio.
Um sorriso se alastra pelo rosto dele e isso me faz abrir os olhos mais um pouquinho – bem pouquinho mesmo.
─ Já se esqueceu de mim? Caramba! Vivem dizendo por aí que o meu sotaque é inesquecível.
Sotaque... Sotaque... Sotaque...
Ah não!
Não!
Não foi um sonho... O acidente não foi só um sonho ruim.
─ E-eu... Eu... Morri? É isso? Eu... Eu estou morta?! ─ Agito os braços para apalpar o meu corpo e ver se sinto algo além de dor, mas o estranho segura as minhas mãos nas suas e a quentura de sua pele diminui um pouco a minha agonia, roubando a minha atenção.
Seu par de olhos castanhos me fita como se reivindicassem severamente a minha concentração, mas não posso. Não consigo.
Devo estar enfartando... Se não morri antes, morro agora.
─ Tudo bem... Tudo bem... Esses bips vão me deixar surdo e vão te fazer entrar em algum tipo de colapso, portanto... Calma... Calma... Respira, por favor, respira e presta atenção na minha voz...
Abano a cabeça.
O rosto dele está bem na frente do meu, mas não consigo focar. Não consigo fazer nada além de hiperventilar e desejar gritar, espernear, implorar que façam algo.
Vou morrer. Vou morrer.
Fui traída e vou morrer.
Vou morrer com uns chifres enormes. Vou morrer antes de matar o Felipe com as minhas mãos!
─ Chama o médico... Não consigo... Res... pirar...
─ É o quê?
─ Faz alguma coisa! O ar... O ar não... O ar... Eu vou... Eu...
A minha cabeça colapsa como um planeta colidindo contra o outro, lançando pedaços de detritos por todos os lados do universo, fazendo com que as pobres estrelas corram para longe procurando um abrigo.
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El Amor Cambia de Piel - Livro 1
Romance" Na bíblia diz que uma serpente ludibriou Eva ao ponto de deixá-la à mercê de seus encantos e, por fim, a fez sucumbir à vontade de comer o fruto proibido. A serpente seria Satanás, o anjo mais belo já criado por Deus. Um ser de mui...