El Amor Cambia de Piel - Livro 1

● Trinta e Oito

─ Como assim noivos? ─ Guincho, ajeitando a alça da bolsa no ombro. ─ O Ruggero nunca disse que já foi noivo. Aliás, ele nunca disse coisa nenhuma sobre nenhuma ex-namorada.

─ O Ruggero sempre foi um homem discreto. ─ Kiara me responde, cruzando os braços. ─ Talvez ele não tenha querido te deixar enciumada, porque apesar de termos nos separado, ainda trabalhamos juntos na construtora da Itália.

Coço a lateral da cabeça, levando meu olhar até Sarita que apenas assente, desconcertada.

Engulo em seco, voltando a encarar a loira entojada à minha frente.

Empino o queixo.

─ E porque eu teria ciúmes? ─ Ergo a minha mão esquerda, mostrando a aliança. ─ Eu me casei com ele. Você quase conseguiu, mas acabou sendo apenas a colega de trabalho.

─ É, talvez você tenha razão.

─ Não, meu anjo, eu tenho razão. ─ Abro um sorriso, por mais que esteja magoada por dentro. ─ E você pode ficar tranquila, porque eu não sou ciumenta. Além do mais, os nossos lugares na vida do Ruggero estão bem demarcados, não acha? Eu sou a mulher da vida dele, e você é a mulher que nunca poderá ocupar esse cargo.

Kiara abre a boca para rebater, mas eu não lhe dou oportunidade.

Viro as costas e vou embora para o andar de cima, com o peito estufado e o olhar firme, sem titubear, sem dar amostras do meu descontentamento e da dor que invade o meu peito por causa dessa maldita descoberta.

Ele podia ter me escondido qualquer coisa, menos isso!

Não havia problema algum ter sido noivo no passado, o problema é ter sido noivo e me escondido isso, além de ter mantido essa loira aguada dentro da construtora, convivendo com ela dia após dia; provavelmente até se falavam mesmo após o nosso casamento.

Ruggero é um cafajeste!

Furiosa, passo voando pelo corredor, porém, detenho os meus passos quando chego à porta do meu quarto, voltando um pouco, lembrando-me da expressão sacana que vi na cara daquela cobra canina lá embaixo.

Aquele olhar venenoso é de uma mulher de ego ferido. E uma mulher com o coração partido é capaz de tudo.

Mas não aqui.

Não na minha casa.

Entro no meu quarto e vou até o closet, enfiando todas as roupas que posso dentro das malas que encontro.

Quando estou saindo, pego o meu travesseiro e uma garrafa de uísque que surrupiei da adega outro dia quando não conseguia dormir e achei que seria uma boa idéia me embebedar.

Resultado: dor de cabeça e um dia inteiro a mais na cama.

O luto acaba com a gente; mas uns goles de uísque matam mais.

Mas enfim, já passou.

Abro a porta e saio, deixando para trás aquele quarto, indo até o quarto do meu marido.

O nosso quarto até aquela italiana insossa sumir da minha vida.

●

R. Pasquarelli

Passo pela porta da frente da mansão com pressa, desejando imensamente o meu chuveiro e a minha cama, só para poder descansar a minha consciência pesada e as minhas costas doloridas.

Ter passado o dia inteiro no centro de tratamento embaixo daquele sol acabou comigo.
Mas valeu à pena. Assim que inaugurar, o sonho da minha irmã estará realizado, e de alguma forma que ainda não sei como, irei trazê-la até aqui para que conheça.