● Vinte e Oito

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Martín está definitivamente machucado. Muito machucado. Seu belo e harmonioso rosto está inchado, roxo e vermelho. Uma mistura de tons que não favorece sua beleza que agora se esconde por trás dos hematomas que o meu marido deixou em sua pele.

Dessa vez ele até está usando óculos escuros, e logo imagino que se ele está se escondendo atrás das lentes, algo pior está por baixo.

─ Tem certeza de que está bem mesmo? ─ Pergunto, desafivelando o cinto assim que chegamos ao restaurante de comida vegetariana que ele tanto ama. ─ Por favor, não tente parecer forte.

Martín rir, soltando-se do próprio cinto também.

─ Você sabe que não sou esse tipo de homem que fica se fazendo de forte. Essa coisa de "macho" e tal, isso...não combina comigo. Eu sou desconstruído, sabe? A minha vida é enaltecer as mulheres. Principalmente se elas forem lindas como você...

Aperto os lábios quando sua mão acaricia o meu rosto, pondo uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

─ Martín, eu...

─ Adorei receber o seu convite, sabia? O meu dia melhorou mil por cento.

Sorrio, olhando-o de esguelha.

─ Quero que me perdoe pela forma como o meu marido agiu ontem. De verdade, ele foi um troglodita. Não compactuo com a ação dele. O Ruggero não tinha o direito de te agredir.

Martín solta o ar de uma forma barulhenta e esfrega as mãos no tecido da calça jeans que usa, claramente magoado com o escândalo de ontem.

Sinto-me mal por vê-lo assim.

─ Eu não entendo como pode ter o dedo tão podre, deusa. Primeiro foi o jornalista mauricinho, depois esse homem agressivo. É sério, eu me preocupo com a sua integridade física. Um homem daquele não sabe se controlar. Parece um maluco.

Torço o nariz para esse pensamento, porque por mais que o Ruggero tenha sido um filho da puta com os meus sentimentos até aqui, jamais o imaginei como alguém capaz de ralar o dedo em mim de forma agressiva. Isso nunca nem passou pela minha cabeça.

Contudo, depois da forma como ele agiu ontem...

─ Não é para tanto, Martín. ─ Desconverso, alisando a alça da minha bolsa.

A mão do meu amigo toca o meu braço, fazendo-me olhá-lo.

─ Você não sabe como ele foi chulo com as palavras ontem. Aquele tal de Ruggero te ver como... um lanchinho, sabe? Nunca vi um marido que diz amar a esposa falar dela de forma tão deplorável. O meu estômago revirou, deusa. Fiquei embasbacado. Senti um nojo terrível.

─ Por favor, vamos mudar de assunto.

─ Deusa, é sério. Toma cuidado. O cara suja a sua honra assim como quem não se importa... ─ Ele suspira, deslizando a mão pelo meu braço até segurar a minha mão. ─ Mas não se preocupa. Eu estou aqui para te defender, tá? Deixei bem claro para ele que apesar de não gostar de violência, eu o mato se te mencionar daquele jeito nojento como ele mencionou. É óbvio que é difícil para mim agir como um homem das cavernas, mas aquele cara precisava de um choque de realidade.

Aperto os lábios numa linha reta e engulo silenciosamente a decepção que sinto por causa do Ruggero.
É a coisa mais dolorosa possível. Ele é o pior tipo de homem.

─ Que tal irmos comer? ─ Forço-me a dizer. ─ Estou faminta.

─ Como você quiser. ─ Martín abre a porta e salta de seu banco para fora, dando a volta no carro para abrir a minha porta. ─ Eu te ajudo a descer, deusa.

El Amor Cambia de Piel - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora