● Sete

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Três dias sem falar com o Ruggero e dessa vez não é nem por culpa dele. Na verdade, eu fui quem não fiz questão alguma de responder às suas mensagens ou de atender às suas ligações.

Quer dizer, um lado meu gostaria que ele tivesse insistido mais, talvez até ido à minha casa; contudo, o outro lado simplesmente fica contente por ele não forçar a barra e entender que eu quero ficar em paz.

E a minha birra não é nem tanto pela questão de ele se tornar sócio ou não da firma, até porque Ruggero cumpriu solenemente sua palavra e mandou um e-mail ao meu pai recusando a oferta.
Ou seja, todo o me impasse é, na verdade, porque me sinto muito envergonhada depois do outro dia quando me atiçou ao limite na entrada de carros da minha mansão.

Fui tão fraca!

Eu simplesmente me deixei levar. Caí no jogo dele.

O infeliz me envolveu numa armadilha de sedução que não pude me salvar.

Aquele cretino me deixou na mão. Ele me levou ao auge da excitação e depois me largou afundando, sem rumo.
Eu sequer sabia como acalmar o meu próprio corpo depois que o imbecil se foi.

Era como se uma parte minha gritasse seu nome, teimando que só voltaria ao normal caso ele terminasse o que começou.

E isso é ridículo!

Por isso me foquei unicamente no trabalho. Afinal não é porque sou filha de quem sou que posso ser desleixada. Para ser justa, especialmente por carregar o sobrenome do fundador de tudo aquilo é que preciso ser exemplo e mostrar que se estou naquele cargo é porque fiz por merecer.

Então, procurei alguns dos ex-sócios e marquei reunião com dois deles. Se tudo desse certo, eu salvaria a firma.
Não me custava tentar. E eu não iria desistir.

E enquanto me ocupava disso, eu conseguia deixar Ruggero longe dos meus pensamentos.

Quer dizer, até a noite chegar...

O meu travesseiro se tornava o poço das minhas lembranças sobre ele, porque assim que eu me deitava, Ruggero brotava na minha mente e se ramificava por todos os lados, como se estivesse realmente presente.

Ele é como uma droga. E eu preciso me desintoxicar.

Por isso fiquei muito contente quando Daiane me disse que um dos amigos doidões dela iria dar uma festa em um condomínio próximo ao nosso. Não era nada com o que eu estivesse acostumada, afinal eles partilhavam do mesmo neurônio, e surfavam nessa coisa toda de tarô, incensos e meio mundo de coisas que eu não entendo, porém, iria ter bebida.

Bebida e música.

E hoje eu só preciso disso.

─ Melhora essa cara, Karol. Eu juro que você vai gostar. Vai ser uma social bem legal. A galera é muito alto astral.

Respiro fundo.

Estamos dentro do carro da minha amiga, paradas em frente à mansão na qual estão oferecendo a tal festa.

Mesmo daqui já posso ver umas cortinas coloridas penduradas nas janelas, umas barracas brancas bem ao estilo "acampamento" montadas em vários lugares do jardim, além de muitas luzinhas, mandalas suspensas no ar por fios quase transparentes que estão amarrados em estacas e estes sustentam alguns piscas-picas azuis, deixando tudo mais intimista.

Muita gente já perambulava por todos os lados, principalmente perto da piscina que tinha uma iluminação bem interessante em volta, deixando a água colorida vez ou outra.

Porém, apesar de estar tudo muito bonito, mesmo parecendo um acampamento hippie, ainda assim, hesitei.

─ Talvez tenha sido uma má idéia no fim das contas, Dai.

El Amor Cambia de Piel - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora