● Cinquenta e Dois

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K. Sevilla

Eu pensei em voltar para casa após a ligação do Felipe, mas decidi tirar um tempo para pensar.
Na minha cabeça pairavam as dúvidas, porém uma parte minha se negava a dar ouvidos ao homem que me traiu e que quase matou o meu marido.

Entretanto... a foto da Leila não se encaixava nesse quebra-cabeça.

O que o Ruggero tinha dito mesmo sobre ela? Ah sim, ele disse que ela fazia pesquisa de mercado e lhe entregava relatórios.
Balela! Acabei de ligar para a Suzana e perguntei sobre a tal Leila e a pesquisa de mercado, mas a secretária do meu marido ficou mais confusa do que cego em tiroteio; Suzana não fazia ideia de quem era a mulher que eu mencionei.

Ruggero mentiu. E se ele mentiu nisso, o que mais posso esperar?

Confrontá-lo parece inevitável, mas também uma burrice. Quem mente uma vez pode vir a mentir de novo.

Portanto, cabe apenas a mim tirar essa história a limpo. Ainda sou capaz de perdoar essa mentira sobre a Leila, mas dependendo do que vier, já não posso garantir, porque estou apostando todas as minhas fichas na inocência do meu marido no caso da tal traição. E não quero perder, porque também significaria que meu casamento nunca passou de uma farsa bem montada.

— Caramba! Eu estava preocupado com você. — Meu marido diz ao me ver adentrar a sala de jantar onde ele está conversando com a Sarita.

A mesa de jantar já está posta, contudo não sinto um pingo de fome. Sequer me dei conta de que fiquei tanto tempo fora; já anoitecera.

— Eu me despedi da minha mãe e fiquei lá pela mansão. — Deixo minha bolsa em cima de uma cadeira vazia e vou até ele, abraçando-o. — Como foi no trabalho? Tudo certo por lá?

— Sim, tudo certo. Tem certeza de que estava na mansão dos seus pais? Eu liguei para lá e a empregada falou que você saiu logo depois que a dona Carolina foi para o aeroporto.

Pigarreio, afastando-me dele.

Aceno para Sarita que arruma alguns talheres e ela sorri, despedindo-se em seguida, deixando-nos a sós.

— Vai desconfiar de mim agora?

— Não estou desconfiando de você. Eu só fiz uma pergunta.

— Pareceu mais uma acusação, Ruggero.

Noto-o pousar as mãos na cintura e me fitar com o cenho franzido; confuso.

— Karol, há alguma coisa que você queira me dizer? Por favor, seja sincera.

— Eu não tenho nada a dizer. Você tem, Ruggero? Há alguma coisa que eu preciso saber e que você ainda não me disse?

Quero que ele reaja, que abra a maldita boca e conte sobre a Leila, a Elisa e todas as outras merdas que esconde.
Porém o meu marido aquiesce, desviando os olhos de mim.

— Não há nada o que dizer. — Murmura, puxando uma cadeira para que eu me sente. — Só fiquei preocupado com você. Só isso.

Ok. — Sibilo, sentando-me. — Mas eu estou bem como pode ver.

Ele ocupa seu devido lugar na cabeceira da mesa e me olha, atento.

— Senti a sua falta o dia todo na empresa.

Bato os cílios, encarando o meu prato ainda vazio.

Também senti saudades. Senti muitas. O nosso dia anterior foi lindo, a nossa noite foi perfeita e o nosso início de manhã também. Um verdadeiro conto de fadas que ele criou para mim; especialmente para atender aos meus sonhos.

El Amor Cambia de Piel - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora