R. Pasquarelli
Certa vez eu caí de um andaime dentro de um canteiro de obras. Estávamos no limite para entregar uma casa que eu havia projetado e, infelizmente, a minha vida estava um amontoado de confusão por causa da internação da Elisa.; foi tudo na mesma época.
Eu ainda não havia descoberto o tumor na cabeça e constantemente me sentia mal, então, nesse dia, acabei me desequilibrando e caindo.
Foi uma queda de uma altura não tão assustadora, mas a pancada na cabeça foi certeira.Fui levado ao hospital por alguns caras da minha equipe e foi aí que descobri o tumor.
Passei por tantos exames que me senti virado do avesso, justamente em uma época onde o que menos importava era a minha saúde.E me recordo disso justamente porque assim que me acordo na minha cama, com a minha esposa ao meu lado e uma claridade infernal no meu rosto, sinto uma dor tremenda na cabeça e no pescoço, igual à dor que senti após me acordar da queda.
A diferença é que dessa vez não parece que vou receber um diagnóstico de uma doença fatal.
É só uma ressaca infeliz. Logo eu que nunca gostei de beber!
Que porra eu fiz?!
Levanto o braço e tento levar a mão até o rosto, mas um incômodo profundo na minha palma me faz resmungar por entre os dentes. Com os olhos estreitados consigo perceber que há um corte horroroso de fora a fora na minha mão com as bordas avermelhadas e alguns hematomas roxos pelos dedos, descendo pelo pulso.
As telhas de vidro! Disso eu me lembro.
─ O que foi? ─ Karol pergunta com a voz sonolenta, sentando-se ligeiramente desorientada, tirando os cabelos do rosto.
Eu mal consigo manter os olhos abertos de tanto que a minha cabeça dói, mas faço um esforço, porque sua imagem é um conforto diante de tanta dor que cerca os meus ossos.
Ainda que eu ache que estou sonhando, porque tenho plena certeza de que a minha esposa vai me deixar.
Ela frisou isso ontem. É isso o que ela quer.─ Você está aqui mesmo? ─ Balbucio esticando a mão boa, tateando o ar até que ela segura a minha mão na sua, deslizando o polegar pela pele dos meus dedos. ─ Ah você está, sim! ─ Guincho, tentando me sentar.
Que tontura dos diabos!
─ Eu estou e a ressaca também, não é? ─ Graceja com um bom humor que me surpreende. ─ Espera um pouco que eu vou buscar uma coisa pra você, cachaceiro.
Fecho um dos olhos e afundo o rosto no travesseiro, sentindo o cheiro dela na fronha.
Com o olho que continua aberto consigo vê-la entrar no banheiro e logo sair, trazendo nas mãos uns envelopes de comprimidos e uma garrafinha de água mineral.
Assim que se senta na cama, Karol pega a minha mão boa e vira a palma pra cima, destacando os remédios e me entregando.
─ Que remédios são esses? ─ Murmuro após enfiar os comprimidos na boca e dar um gole na água.
O liquido mal chega ao meu estômago e eu já sinto vontade de vomitar.
─ Você toma e depois pergunta? Podia ser veneno.
─ Eu confio em você. ─ Entrego a garrafa a ela, deitando a cabeça no travesseiro de novo. ─ E confio também que teria o bom senso de me deixar sofrer bastante antes de me matar de fato.
Ela ri, cruzando as pernas em cima do colchão.
─ Acha que eu sou tão cruel assim?
Passo a língua pelos lábios ressecados e assinto vagamente.
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El Amor Cambia de Piel - Livro 1
Storie d'amore" Na bíblia diz que uma serpente ludibriou Eva ao ponto de deixá-la à mercê de seus encantos e, por fim, a fez sucumbir à vontade de comer o fruto proibido. A serpente seria Satanás, o anjo mais belo já criado por Deus. Um ser de mui...