● Vinte e Nove

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( De antemão já peço perdão pelo capítulo gigante, mas é que eu me empolgo hahaha Outra coisa, sei que estamos navegando por águas turbulentas, mas não abandona a tia, não. Tudo vai melhorar!)

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─ Você transou com o seu marido? ─ Daiane quase, quase grita. A sorte é que estamos dentro de seu carro, no meio do trânsito. Mas não posso deixar de olhar para os lados. ─ Garota, você não ia fazer greve de sexo?!

Da próxima vez eu corto a minha cabeça antes de pedir carona a ela!

O problema é que tudo parece atrapalhar o meu plano de pegar o meu carro na casa dos meus pais.
Cada vez que eu decido ir, algo acontece.

E ontem não foi diferente.
Não falei nem com Santiago quando sai da construtora. Apenas peguei as minhas coisas e corri para fora, irritada comigo mesma por ter me entregado, por ter feito sexo com o homem que mais odeio.

Sequer olhei para trás. Eu não queria ver seu semblante ao me ver ir embora, deixando-o ali ainda ofegante.

Balanço a cabeça, afastando as lembranças.

Já é outro dia. Por sorte consegui sair sem vê-lo.

─ A greve está mantida. Aquilo foi só um deslize. ─ Afirmo, alisando o meu cinto de segurança. ─ Você tinha razão quando disse que o que sempre houve entre nós foi só sexo, desejo, atração. Nunca foi amor. Eu que me iludi muito. Mas já passou.

─ Anrram...

─ E é até melhor, sabe? Agora eu sei que nunca foi amor e que nunca será. ─ Dou de ombros com desdém, olhando pela janela. ─ Finalmente a minha ficha caiu.

─ Caiu a ficha, a sua calcinha, a sua força de vontade... ─ Cantarola, gracejando.

Fico firme para não me virar e dar um beliscão nela.

─ Foi só coisa de momento, Daiane.

─ E você não sentiu nada de diferente?

─ De que lado você está, hein? Já se esqueceu de quem estamos falando?

─ Eu? Não. Você? Claramente. ─ Retruca. ─ Mas eu não te julgo. Você o odeia, ok, já entendi isso, mas o ódio e o amor andam juntos. Compreende? Quanto mais você o odeia, mais...

─ Cala a boca! ─ Chio, esticando o braço e cobrindo a boca dela com a minha mão. ─ Não tem ódio que me faça amá-lo.

─ Iludida! ─ Resmunga, babando os meus dedos de propósito.

Resmungo com nojo e limpo a mão na minha calça, praguejando.

─ Sua porca!

─ Fresca!

─ Ah vai à merda, Daiane!

─ Sabe de uma coisa? Você claramente está em negação.

─ Negação? ─ Repito, zombeteira. ─ Já viu a porcaria da minha situação?

─ Aquele homem não é santo, eu sei, mas essa sua tática de querer odiá-lo não está funcionando. Quem se odeia não transa no meio do escritório, durante o expediente, correndo o risco de ser pego. Hum, hum. Isso é coisa de gente apaixonada!

Ela fala a última palavra bem devagar, prolongando a chacota.

Afundo no banco, cruzando os braços.

─ Sabe, eu ia ajudar você com o Santiago, mas não vou mais.

El Amor Cambia de Piel - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora