<Cap 29 - I'm starting to understand>

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(...Obs: CAPITULO NÃO REVISADO...)

- E se eu tivesse as tatuagens? - perguntou Gulf. - Poderia utilizá-las?

-Não - disse Mew mal-humorado. - As Marcas são apenas partes de um todo. Existem testes, provações, níveis de treinamento... Ouça, esqueça isso, tá? Fique longe das minhas lâminas. Aliás, não toque em nenhuma das minhas armas sem permissão.

- Lá se vai meu plano de vendê-las na Shoppee - resmungou

-Vendê-las onde?

Gulf sorriu maliciosamente para ele. - Um lugar místico de grande poder mágico.

Mew pareceu confuso, depois deu de ombros. - A maioria dos mitos é verdadeira, pelo menos em parte Gulf...

-Estou começando a entender isso.

A cortina de contas balançou outra vez, e a cabeça da Madame Dorothea apareceu.

- O chá está servido - ela disse. - Vocês não precisam continuar aí parados como duas mulas. Venham até o salão.

- Tem um salão? - exclamou Gulf.

- É claro que tem um salão - disse Dorothea. - Onde mais eu receberia os convidados?

- Vou deixar meu chapéu com o lacaio - disse Mew. Madame Dorothea lançou-lhe um olhar sombrio.

- Se você tivesse metade da graça que acha que tem meu rapaz, seria duas vezes mais engraçado do que é. - ela desapareceu novamente através das cortinas.

Mew franziu o rosto. - Não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso.

- Sério? - disse Gulf. - Para mim, fez todo sentido. - Gulf marchou através da cortina de contas antes que Mew pudesse responder.

O salão estava tão pouco iluminado que Gulf precisou piscar várias vezes até que os olhos se acostumassem. Uma luz fraca alinhava as cortinas de veludo preto que cobriam toda a parede esquerda. Pássaros e morcegos empalhados penduravam-se do teto em pequenas cordas e tinham contas pretas brilhantes no lugar dos olhos. O chão tinha uma camada desgastada de tapetes persa que levantavam poeira ao serem pisados. Um conjunto de poltronas cor-de-rosa se aglomerava ao redor de uma mesa baixa. Um baralho de cartas de taro amarrado com um laço de seda ocupava uma das pontas da mesa, e uma bola de cristal com a base dourada ocupava a outra. No centro da mesa havia um conjunto prateado de chá, disposto para convidados: um prato de sanduiches, um bule azul exalando fumaça branca e duas xícaras em pires combinados em frente a duas cadeiras.

- Uau - disse Gulf suavemente. -Está ótimo. – Gulf se sentou em uma das cadeiras. Era agradável. Dorothea sorriu, com um olhar astuto e brilhante.

- Tome um pouco de chá - disse ela, levantando o bule. - Leite? Açúcar?

Gulf olhou de soslaio para Mew, que estava ao lado dele e já havia tomado posse do prato de sanduíches. Ele o estava examinando cuidadosamente.

- Açúcar - disse Gulf.

Mew deu de ombros, pegou um sanduíche e devolveu o prato à mesa. Gulf o observou cautelosamente enquanto ele comia. Ele deu de ombros novamente.

- Pepino - disse ele em resposta ao olhar fixo de Gulf.

- Eu sempre acho que sanduíche de pepino combina perfeitamente com chá, não é mesmo? - perguntou Madame Dorothea, para ninguém em particular.

- Detesto pepino - disse Mew e entregou o resto do sanduíche a Gulf. Ele deu uma mordida, estava temperado com a quantidade perfeita de maionese e pimenta. Seu estômago roncou em agradecimento ao receber a primeira comida desde os nachos que comera com Namjoon.

-Pepino e bergamota - disse Gulf. - Tem mais alguma coisa que você odeie que eu deva saber?

Mew olhou para Dorothea por cima da borda da xícara de chá.

- Mentirosos - ele disse.

Calmamente, a senhora repousou a xícara de chá.

- Você pode me chamar de mentirosa, se quiser. É verdade, não sou uma bruxa. Mas minha mãe era.

Mew engasgou com o chá. -Isso é impossível.

- Por que é impossível? - perguntou Gulf, curioso. Ele tomou um gole do chá. Estava amargo e fortemente aromatizado.

Mew respirou fundo.

-Porque são semi-humanos, semidemônios. Todas as bruxas e feiticeiros são mestiços. E, por serem mestiços, não podem ter filhos. São estéreis.

-Como as mulas - disse Gulf, pensativo, lembrando alguma coisa da aula de biologia. -Mulas são criaturas mestiças estéreis.

- Seu conhecimento sobre pecuária é impressionante - disse Mew- Todos os habitantes do Submundo são em parte demônios, mas só os feiticeiros são filhos de pais demônios. É por isso que são os mais poderosos.

- Vampiros e lobisomens, eles também são em parte demônios? E fadas?

-Vampiros e lobisomens resultam de doenças trazidas por demônios de suas dimensões habitacionais. A maioria das doenças demoníacas é fatal a humanos, mas nesses casos provocaram mudanças estranhas nos infectados, sem matá-los de fato. E fadas...

- Fadas são anjos caídos - disse Dorothea - que desceram do paraíso por seu orgulho.

- Essa é a lenda - disse Mew. - Também se diz que elas são frutos de anjos e demônios, o que para mim sempre pareceu mais provável Bem e mal, misturados. As fadas são tão bonitas quanto os anjos deveriam ser, mas têm muita travessura e crueldade em si. E você pode perceber que a maioria evita a luz do meio-dia...

- Pois o demônio não tem poder - Dorothea disse suavemente. Como se estivesse recitando uma velha rima - Senão na escuridão.

Mew franziu o rosto para ela. Gulf disse:

- Deveriam ser? Você quer dizer que anjos não...

- Chega de falar de anjos - disse Dorothea, subitamente prática - É verdade que feiticeiros não podem ter filhos. Minha mãe me adotou porque queria se certificar de que haveria alguém para cuidar deste lugar depois que ela se fosse. Não preciso fazer mágica. Devo apenas vigiar e guardar.

-Guardar o quê? - perguntou Gulf.

- De fato, o quê? - Com uma piscadela, a senhora alcançou um sanduiche no prato, mas este estava vazio. Gulf havia comido tudo Dorothea sorriu.

- E bom ver um menino comendo bem. Na minha época, os meninos eram criaturas fortes e robustas, não os gravetos que são hoje em dia...

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