<Cap 52 - Terrifying Dark>

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(CAPITULO NÃO REVISADO)

- Você está bem?

Gulf fez que sim com a cabeça, não confiando em si mesmo para falar. As escadas acabavam em um solo superficial; à frente deles, esticava-se um túnel, longo e negro, invadido por raízes curvilíneas de árvore. Uma fraca luz azulada era visível no fim do túnel.

- É tão... Escuro - gaguejou.

- Quer que eu segure a sua mão? Perguntou Mew.

Gulf colocou as duas mãos atrás das costas como uma criança pequena...

- Não fale assim comigo.

- Tá bom... - Mew passou por Gulf, a tocha derramava faíscas à medida que ele se movia. - Não precisa fazer cerimônia, Irmão Jeremiah - Mew disse. - Vá na frente. Estamos logo atrás.

Gulf deu um salto. Ele ainda não estava acostumado às idas e vindas silenciosas do arquivista. Ele passou silenciosamente de onde estava atrás de Gulf e foi túnel adentro. Após um instante, Gulf o seguiu, empurrando para o lado a mão esticada de Mew enquanto passava.

A primeira visão de Gulf da Cidade do Silêncio consistiu de fileira após fileira de arcos de mármore que se erguiam para o alto, desaparecendo na distância como fileiras de árvores em um pomar. O mármore em si era puro, com marfim, de aparência dura e polida, marcado em alguns pontos por linhas finas de ônix, jaspe e jade. Ao se afastarem do túnel e se aproximarem da floresta de arcos, Gulf viu que o chão estava inscrito com os mesmos símbolos que às vezes decoravam a pele de Mew com linhas e giros e curvas.

Enquanto os três passavam pelo primeiro arco, alguma coisa larga e branca se erguia à esquerda, como um iceberg na proa do Titanic. Era um bloco de pedra branca, liso e quadrado, com uma espécie de porta encravada na frente. Parecia uma casa de bonecas do tamanho de crianças, mas não suficientemente grande para que Gulf conseguisse ficar de pé lá dentro.

- É um mausoléu - disse Mew, direcionando a luminosidade para ele. Gulf podia ver que havia um símbolo entalhado na porta, que estava selada com parafusos de ferro. - Uma tumba. Enterramos nossos mortos aqui.

- Todos os seus mortos? – Gulf disse, como se quisesse perguntar se o pai dele estava enterrado ali, mas Mew já tinha seguido em frente, fora do alcance auditivo. Gulf se apressou atrás dele, não querendo ficar a sós com o Irmão Jeremiah nesse lugar arrepiante. - Pensei que você tivesse dito que este lugar era uma biblioteca.

-Há muitos níveis na Cidade do Silêncio, disse Jeremiah. -E nem todos os mortos estão enterrados aqui. Há outro ossuário em Idris, é claro, muito maior. Mas nesse nível encontram-se os mausoléus e o local de cremação.

- Local de cremação?

-Os que morrem em batalha são queimados, e as cinzas, utilizadas para fazermos os arcos de mármore que você vê aqui. O sangue e os ossos dos matadores de demônios são em si uma forte proteção contra o mal. Mesmo na morte, a Clave serve à causa.

Que coisa mais exaustiva, pensou Gulf, lutar a vida inteira, e ter de continuar com a luta mesmo depois de ela ter chegado ao fim. Com a visão periférica, Gulf podia enxergar as câmaras mortuárias quadradas e brancas se erguendo em cada um dos lados em fileiras de tumbas organizadas, cada porta trancada pelo lado de fora. Agora ele entendia por que se chamava Cidade do Silêncio: os únicos habitantes eram os Irmãos mudos e os mortos, guardados com tanto zelo.

Eles chegaram à outra escadaria que levava a mais crepúsculo; Mew colocou a tocha à sua frente, formando sombras nas paredes.

- Vamos para o segundo nível, onde ficam os arquivos e as salas do conselho - Mew disse como se estivesse tranquilizando Gulf.

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