(CAPITULO NÃO REVISADO)
-Onde está Namjoon? - Gulf perguntou ao passarem novamente pela fonte de champanhe. Gulf viu Mild lá, com Boat, ambos vestindo azul Estavam de mãos dadas, como João e Maria na floresta escura.
-Este lugar é para os vivos - disse Mew. Suas mãos eram frias contra as de Gulf.
Gulf estreitou o olhar para ele. -O que quer dizer?
Mew se inclinou para perto de si. Gulf podia sentir os lábios dele em sua orelha. Não tinham nada de frio.
- Acorde Gulf - sussurrava. - Acorde. Acorde.
Gulf se levantou abruptamente, engasgando, suado e com o cabelo gruda do na testa. Estava com os pulsos presos a um punho forte; tentou se soltar, mas depois percebeu quem o estava segurando. - Mew?
- É.
Mew estava sentado na ponta da cama - como eu tinha ido parar na cama? – pensava Gulf, descabelado, e aparentando estar semiacordado, despenteado e com os olhos sonolentos.
- Solte-me.
-Desculpe. Os dedos dele escorregaram dos pulsos de Gulf. - Você tentou me bater no segundo em que pronunciei seu nome.
- Estou um pouco agitado, eu acho. – Gulf olhou em volta. Estava em um quartinho mobiliado com madeira escura. Pela característica luz fraca que entrava pela janela entreaberta, ele imaginou que estivesse amanhecendo, ou que acabara de amanhecer. A mochila dele estava apoiada em uma das paredes.
- Como vim parar aqui? Não me lembro...
- Te encontrei dormindo no chão do corredor. - Mew parecia entretido. - Hodge me ajudou a trazê-lo para a cama. Achamos que ficaria mais confortável em um quarto de hóspedes do que na enfermaria.
- Uau. Não me lembro de nada. - Gulf passou as mãos pelos cabelos, tirando os dos olhos. - Que horas são?
- Mais ou menos cinco.
- Da manhã? - Ele olhou fixamente para Mew. - É bom que tenha uma boa razão para me acordar.
- Por que, estava tendo um sonho bom?
Gulf ainda podia ouvir a música nos ouvidos e sentir as joias pesadas encostando-se a sua face. - Não me lembro.
Ele se levantou.
-Um dos Irmãos do Silêncio está aqui para vê-lo. Hodge me mandou aqui para acordá-lo. Na verdade, ele se ofereceu para chamá-lo pessoalmente, mas, como são cinco da manhã, achei que fosse ficar menos mal-humorado se pudesse olhar para alguma coisa bonita.
-Quer dizer você?
- O que mais?
-Não concordei com isso, você sabe - disparou Gulf. - Essa história de Irmão do Silêncio.
- Você quer encontrar sua mãe - ele disse - ou não?
Ele olhou fixamente para Mew.
- Só precisa encontrar o Irmão Jeremiah. Só isso. Você pode até gostar dele. Ele tem ótimo senso de humor para alguém que nunca diz nada.
Gulf pôs as mãos na cabeça.
- Saia daqui para eu poder trocar de roupa.
Gulf pôs as pernas para fora da cama assim que a porta se fechou atrás dele. Embora mal estivesse amanhecendo, um calor úmido estava começando a se acumular no quarto. Ele fechou a janela e foi até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Sua boca tinha gosto de papel velho.
Cinco minutos depois, ele estava calçando os tênis verdes. Gulf vestiu shorts e uma camiseta preta. Se ao menos as cochas um pouco gordinhas das pernas parecessem um pouquinho mais com as cochas esguias e macias de Mild. Mas não havia nada que pudesse ser feito. Ele arrumou os cabelos e foi se juntar a Mew no corredor.
Church estava com Mew, resmungando e andando em círculos.
- O que há com o gato? - perguntou Gulf.
- Os Irmãos do Silêncio o deixam nervoso.
- Parece que deixam todo mundo nervoso. Mew deu um sorriso discreto. Church miou quando partiram pelo corredor, mas não foi atrás. Ao menos as pedras pesadas da catedral ainda sustentavam um pouco do frio da noite: os corredores eram escuros e frescos.
Quando chegaram à biblioteca, Gulf se surpreendeu ao ver que as luzes estavam apagadas. Estava iluminada apenas pelo brilho leitoso que passava pelas janelas altas posicionadas no teto vazio. Hodge estava sentado atrás de uma mesa enorme em um terno, com os cabelos grisalhos iluminados pela luz do amanhecer. Por um instante, Gulf pensou que ele estivesse sozinho na sala: que Mew pregara uma peça nele. Depois viu uma figura sair da sombra, e percebeu que o que achara que fosse um pedaço mais escuro da sala, na verdade, tratava-se de um homem. Um homem alto com uma túnica pesada que se estendia do pescoço aos pés, cobrindo-o completamente. O capuz da roupa estava levantado, cobrindo a face. A túnica em si tinha cor de pergaminho, e os desenhos elaborados dos símbolos ao redor da bainha e das mangas pareciam ter sido marcados com sangue. Os pelos se arrepiaram nos braços e na nuca de Gulf, picando quase dolorosamente.
- Este - disse Hodge - é o Irmão Jeremiah, da Cidade do Silêncio.
O homem veio na direção deles, a capa pesada balançando enquanto ele se movia, e Gulf percebeu o que havia de estranho nele: ele não emitia qualquer ruído enquanto andava, nem um passo sequer que fosse. Até sua capa, que deveria fazer algum barulho, era silenciosa. Gulf quase poderia ter imaginado se ele era um fantasma - mas não, Gulf pensou quando ele parou na sua frente, havia um cheiro estranho nele, adocicado, como sangue e incenso, o cheiro de alguma coisa viva.
- E esta, Jeremiah - disse Hodge, levantando-se da escrivaninha -, é o menino a respeito de quem lhe escrevi: Gulf Kanawut.
O rosto encapuzado virou lentamente para si. Gulf sentiu frio até a ponta dos dedos.
-Oi - Gulf disse de forma educada.
Não houve resposta.
- Acho que você tinha razão, Mew - disse Hodge.
-Eu tinha razão - disse Mew. - Em geral, tenho.
Hodge ignorou o comentário.
- Mandei uma carta à Clave sobre isso tudo ontem à noite, mas as lembranças de Gulf são dele. Ele é o único que pode decidir como quer lidar com o conteúdo da própria cabeça. Se quiser a ajuda dos Irmãos do Silêncio, a escolha deve ser dele...
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!¿Where it all began?!
RomanceIniciada: 26/12/2021. (1°temporada) Terminada: 27/07/2022 Gulf Kanawut decide passar a noite em uma boate popular em Nova York, e o maior de seus problemas possivelmente seria lidar com o segurança da entrada, certo? Errado. Gulf testemunha um cri...