<Cap 46 - I don't hate them>

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(CAPITULO NÃO REVISADO)

Os olhos de Mew faiscaram, mas ele respondeu calmamente.

- De jeito nenhum. Os Irmãos do Silêncio podem ajudá-lo a recuperar as lembranças.

-Você detesta os Irmãos do Silêncio - protestou Mild.

-Não os detesto - disse Mew com sinceridade. - Tenho medo deles. Não é a mesma coisa.

- Pensei que você tivesse dito que eles eram bibliotecários - disse Gulf.

-Eles são bibliotecários.

Namjoon assobiou. - Você deve estar com umas multas por atraso bem altas.

-Os Irmãos do Silêncio são arquivistas, mas não é tudo interrompeu Hodge, soando como se estivesse perdendo a paciência. -Para fortalecer a mente, escolheram aplicar em si mesmos os símbolos mais poderosos que já foram criados. O poder desses símbolos é tão grande que seu uso... - ele se interrompeu e viu a voz de Boat em sua mente dizendo: eles se automutilam. - Bem, deformam e transformam sua forma física. Não são guerreiros no sentido que outros Caçadores de Sombras são. Seus poderes são da mente, não do corpo.

- Eles conseguem ler mentes? - indagou Gulf, com a voz baixa.

- Dentre outras coisas. Estão entre os caçadores de demônios mais temidos.

- Não sei - disse Namjoon. - Não me parece tão ruim. É melhor ter alguém brincando com a sua cabeça do que a arrancando.

- Então você é um idiota maior do que aparenta ser - disse Mew. Olhando para ele com uma careta.

- Mew tem razão. Disse Mild, ignorando Namjoon. - Os Irmãos do Silêncio são assustadores.

A mão de Hodge estava cerrada sobre a mesa.

- Eles são muito poderosos - ele disse. - Andam pela escuridão e não falam, mas podem abrir a mente de um homem como você abre uma amêndoa, e podem deixá-lo gritando sozinho na escuridão se quiserem.

Gulf olhou para Mew, espantado.

- E você quer me deixar com eles?

- Quero que eles o ajudem. - Mew se inclinou tanto sobre a mesa que Gulf podia ver pontinhos mais escuros nos olhos claros dele. - Talvez a gente não possa procurar o Cálice. A Clave faça isso. Mas o que está na sua mente pertence a você. Alguém disse suavemente. - Talvez escondeu segredos aí, segredos que você não consegue ver. Você não quer saber a verdade sobre a própria vida?

-Não quero outra pessoa na minha mente - Gulf sabia que ele estava certo, mas a ideia de se entregar a seres que torturam a sua mente não o agradava nem um pouco. Gulf considerava os Caçadores de Sombras assustadores fazia com que ele chegasse a tremesse.

-Eu vou com você - disse Mew. - Fico com você enquanto eles fazem o que precisam.

-Basta. - Namjoon havia se levantado da mesa, vermelho de raiva. - Deixem-no em paz.

Boat olhou para Namjoon como se tivesse acabado de notá-lo, tirou os cabelos pretos dos olhos e piscou.

-O que você ainda está fazendo aqui, mundano? Indagou Boat

Namjoon o ignorou.

- Eu disse, deixem-no em paz.

Mew olhou para ele, de forma lenta, doce e venenosa.

- Boat está certo - Mew disse. - O Instituto jura abrigar Caçadores de Sombras, não amigos mundanos. Principalmente quando já abusaram da nossa hospitalidade.

Mild se levantou e pegou o braço de Namjoon.

- Eu mostro o caminho da rua. - Por um instante, parecia que ele ia oferecer resistência, mas ao captar o olhar de Gulf do outro lado da mesa, balançando a cabeça lentamente, Namjoon cedeu. De cabeça erguida, permitiu que Mild o retirasse da sala. Gulf se levantou.

-Estou cansado - Gulf disse. - Quero dormir.

- Você não comeu quase nada... - protestou Mew.

Gulf pôs de lado a mão dele, que se esticava em direção a si.

- Não estou com fome.

Estava mais frio no corredor do que na cozinha, Gulf se apoiou na porta, puxando a camisa que estava grudando no suor frio que saía de seu peito. No fundo do corredor, ele podia ver as figuras de Namjoon e Mild que desapareciam engolidas pelas sombras. Ele os observou silenciosamente, com uma sensação estranha crescendo no estômago. Quando Namjoon se tornara responsabilidade de Mild, e não sua? Se havia uma coisa que Gulf estava aprendendo com tudo isso era a facilidade com que é possível perder tudo que se pensa que será para sempre...

A sala era dourada e branca, com paredes altas que brilhavam como esmalte, e um teto, lá no alto, claro e brilhante como diamante. Gulf trajava um terno de veludo verde e trazia um leque dourado na mão. Seus cabelos, bem alinhados para traz, faziam com que sua cabeça parecesse estranhamente pesada cada vez que ele virava para olhar para trás.

- Está vendo alguém mais interessante do que eu? -Perguntou Namjoon. No sonho, misteriosamente, ele era um dançarino fantástico. Ele conduzia Gulf pela multidão como se ele fosse uma folha caída na corrente de um rio. Ele estava todo de preto, como um Caçador de Sombras, o que realçava as cores dele: cabelos escuros, pele marrom, dentes brancos. Ele é bonito, pensou Gulf, com uma ponta de surpresa.

– Ninguém é mais interessante que você. Disse Gulf. - E este lugar. Nunca vi nada assim. - Gulf virou novamente enquanto passavam por uma fonte de champanhe: uma enorme bandeja prateada, no centro uma sereia com uma jarra que entornava vinho espumante em suas costas nuas. As pessoas enchiam as taças na fonte, rindo e conversando. A sereia virou a cabeça quando Gulf passou e sorriu. O sorriso mostrava dentes brancos tão afiados quanto os de um vampiro.

- Bem - vinda à Cidade de Vidro - disse uma voz que não era a de Namjoon. Gulf descobriu que Namjoon havia desaparecido, e ele agora estava dançando com Mew, que estava vestido de branco, e o material da roupa era algodão fino; ele podia ver as Marcas pretas através da roupa. Havia uma corrente de bronze ao redor do pescoço dele, e os olhos e os cabelos do rapaz estavam mais prateados do que nunca; Gulf pensou em como gostaria de pintar o retrato dele com a tinta dourada que às vezes via em ícones.

-Onde está Namjoon? - Gulf perguntou ao passarem novamente pela fonte de champanhe. Gulf viu Mild lá, com Boat, ambos vestindo azul Estavam de mãos dadas, como João e Maria na floresta escura.

-Este lugar é para os vivos - disse Mew. Suas mãos eram frias contra as de Gulf.

Gulf estreitou o olhar para ele. -O que quer dizer?

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