<Cap 73 - Flying Together>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

Havia certa dormência nas mãos de Gulf, uma pressão forte no peito. Era adorável, isso ele podia perceber: a cidade se erguendo ao lado dele como uma floresta de prata e vidro, o brilho cinza e fosco do East River, cortando Manhattan e o subúrbio como uma cicatriz. O vento soprava fresco em seus cabelos, na pele, uma sensação maravilhosa após tantos dias de calor e viscosidade. Mesmo assim, ele nunca tinha voado, nem mesmo de avião, e o vasto espaço vazio entre eles e o chão o deixava apavorado. Ele não podia deixar de fechar os olhos enquanto voavam sobre o rio.

Logo abaixo da Queensboro Bridge, Mew virou a moto na direção sul e foi para a ponta da ilha. O céu havia começado a clarear, e, a distância, Gulf podia ver o arco brilhante da Brooklyn Bridge, e além dela, no horizonte, a Estátua da Liberdade.

- Você está bem? - perguntou Mew.

Gulf não disse nada; apenas se agarrou com mais força nele. Mew endireitou a moto e logo eles estavam indo em direção à ponte, e Gulf podia ver as estrelas através dos cabos de suspensão. Um trem matutino estava passando da linha Q, transportando várias pessoas sonolentas.

Gulf pensou em quantas vezes já estivera naquele trem. Uma onda de vertigem se abateu sobre ele, e ele fechou os olhos com força, completamente enjoada.

- Gulf? - chamou Mew. – Gulf, você está bem?

Ele balançou a cabeça, com os olhos ainda fechados, sozinho no escuro e no vento, acompanhado apenas das batidas do coração. Algo afiado arranhou o peito dele. Gulf ignorou novamente, até que veio mais uma vez, insistente. Mal abrindo um olho, ele viu que era Namjoon, com a cabeça saindo do bolso do casaco, mexendo com a pata de forma alarmante. - Tudo bem, Namjoon - ele disse com esforço, sem olhar para baixo. -Foi só a ponte...

Ele arranhou outra vez, depois apontou para o horizonte da água do Brooklyn, subindo à esquerda deles. Tonto e enjoado, Gulf olhou e viu, além dos contornos dos depósitos e fábricas, que um nascer do sol dourado estava começando a se tornar visível, como o pedaço de uma moeda.

- Sim, é muito bonito - disse Gulf, fechando os olhos novamente. -Belo nascer do sol.

Mew enrijeceu subitamente, como se tivesse levado um tiro.

-Nascer do sol? - Mew gritou, depois virou a moto subitamente para a direita. Os olhos de Gulf se abriram enquanto eles iam em direção à água, que começara a brilhar azul com a aproximação do amanhecer. Gulf se inclinou para perto de Mew, o máximo que podia, sem esmagar Namjoon entre eles.

- O que há de tão ruim com o nascer do sol?

-Eu te disse! As motos funcionam com energia demoníaca! - ele retraiu de modo que ficaram no nível da água, passeando sobre a superfície com as rodas sobre as águas. A água do rio bateu no rosto de Gulf.

-Assim que o sol subir... - A moto começou a crepitar. Mew resmungou furiosamente, acelerando com tudo. A moto deu uma arrancada, depois pegou, impactando sob eles como um cavalo pulando. Mew ainda estava resmungando quando o sol começou a surgir sobre o velho cais do Brooklyn, iluminando o mundo com ampla claridade. Gulf podia ver cada pedra abaixo deles, enquanto saiam de cima do rio e chegavam à margem estreita, Abaixo deles estava a estrada, já movimentada com o trânsito da manhã. Eles mal passaram por cima, as rodas quase raspando no teto de um caminhão. Mais além, encontrava-se um estacionamento sujo de um enorme supermercado.

-Segure firme! - Mew gritava, enquanto a moto sacudia e crepitava sob eles. - Segure firme, Gulf, e não...

A moto empinou e atingiu o asfalto do estacionamento, com a roda da frente primeiro. Ela se lançou para a frente, cambaleando violenta mente, e deslizou, colidindo contra o solo irregular, fazendo a cabeça de Gulf sacudir para a frente e para trás com intensa força. O ar cheirava a borracha queimada, mas a moto estava desacelerando, parando, depois atingiu uma barra de estacionamento com tanta intensidade que Gulf foi lançado ao ar e arremessada de lado, sua mão soltando o cinto de Mew.

Gulf mal teve tempo de se contrair em uma bola protetora, mantendo os braços o mais firme possível e rezando para que Namjoon não fosse esmagado quando caíssem no chão.

Gulf atingiu o solo com força, e o braço se encheu de dor. Algo o atingiu no rosto, e ele estava tossindo enquanto rolava para cima das costas. Gulf pôs a mão no bolso. Estava vazio. Ele tentou dizer o nome de Namjoon, mas estava completamente sem ar. Ele arquejou enquanto tentava respirar. Estava com o rosto molhado e o colarinho ensopado Isso é sangue?

Ele abriu os dolorosamente. Seu rosto um grande hematoma, os braços doíam e espetavam. Como carne crua.

Gulf rolou de lado, estava caído em uma poça de água suja. O amanhecer já havia chegado com tudo, ele podia ver os restos da motocicleta, transformando-se em um monte de cinzas irreconhecíveis ao ser atingida pelos raios de sol. E lá estava Mew, levantando-se. Ele começou a se apressar em direção a Gulf, depois desacelerou ao se aproximar. A manga da camisa estava rasgada e havia uma longa linha ensanguentada no seu braço esquerdo. O rosto dele, sob os cachos platinados sujos de suor, sujeira e sangue, estava branco como uma folha de papel.

Gulf ficou imaginando por que ele estava daquele jeito. Será que a perna dele havia sido mutilada e estava em algum lugar no estacionamento, mergulhada em uma poça de sangue?

Gulf começou a tentar se levantar e sentiu uma mão no ombro.

- Gulf?

-Simon!

Ele estava ajoelhado ao lado dele, piscando os olhos como se ele mesmo não conseguisse acreditar naquilo. Suas roupas estavam amarrotadas e sujas, e ele havia perdido os óculos em algum lugar, mas, fora isso, parecia intacto. Sem os óculos, ele parecia mais novo, indefeso e um pouco confuso. Ele esticou o braço para tocar o rosto de Gulf, mas ele recuou.

-Ai!

- Você está bem? - ele disse, com certa hesitação no rosto. - A melhor coisa que vejo desde...

-É porque você está sem os óculos – Gulf disse fracamente, mas, se estava esperando uma resposta engraçadinha, não obteve uma. Em vez disso, ele jogou os braços sobre Gulf, abraçando-o com força. As roupas dele cheiravam a sangue, suor e sujeira, o coração dele estava acelera do, e ele estava pressionando os machucados de Gulf, mas, mesmo assim era um alívio ser abraçado por ele e saber, saber de fato, que ele estava bem.

- Gulf - ele disse, rouco. - Eu pensei... pensei que você...

-Não fosse voltar para buscar você? Mas é claro que voltaria - Gulf disse. - É claro que eu voltei.

Namjoon o abraçou. Tudo nele era familiar, desde o tecido gasto da camiseta até o ângulo agudo abaixo de seu queixo. Ele pronunciou o nome de Gulf, e ele acariciou as costas dele. Quando olhou para trás por um instante, viu Mew virando, como se o brilho do sol nascente machucasse seus olhos...

!¿Where it all began?!Onde histórias criam vida. Descubra agora