(...CAPITULO NÃO REVISADO...)
O sexto andar surgiu à frente deles, que correram naquela direção. Gulf estava engasgado, o ar passava doloroso por seus pulmões, mas ele conseguiu uma leve manifestação de alegria ao ver a porta. Era de metal pesado, cheia de pregos, as dobradiças estavam muito duras. Ele mal teve tempo de imaginar por que, quando Mew a abriu com um chute, empurrou-a para o outro lado, e seguindo atrás, bateu-a com força. Gulf ouviu um nítido clique enquanto a porta se trancava atrás deles. Graças a Deus, ele pensou.
Em seguida, virou-se de costas. O céu noturno girava sobre ele, pintado com estrelas como um punhado de diamantes soltos. Não era preto, mas claramente azul-escuro, da cor do alvorecer que se aproximava. Eles estavam sobre um telhado de ardósia com chaminés de tijolos. Uma velha caixa d'água, escurecida pela falta de cuidados, encontrava-se sobre uma plataforma em uma das pontas; uma lona pesada escondia uma pilha de lixo na outra extremidade.
- Deve ser assim que entram e saem - disse Mew, olhando a porta.
Gulf agora podia vê-lo sob a fraca luz, as linhas de fadiga ao redor de seus olhos como cortes superficiais. O sangue na roupa nova, quase todo de Raphael, parecia preto.
-Eles voam para cá. Não que isso nos ajude muito.
- Pode ser que haja uma saída de incêndio - sugeriu Gulf.
Juntos, foram cautelosamente até a ponta do telhado. Gulf nunca gostara muito de altura, e a queda de dez andares até a rua fez com que seu estômago revirasse. Assim como a visão da saída de incêndio, um pedaço de metal inutilizável pendurado na fachada de pedra do hotel. - Ou não - Gulf disse.
Gulf olhou de volta para a porta por onde haviam entrado. Ficava em uma espécie de estrutura de cabine no centro do telhado. Estava vibrando e a maçaneta sacudia com toda força. Só resistiria por mais alguns minutos, talvez menos.
Mew esfregou as costas das mãos nos olhos. O ar chumbado os estava deixando esgotados, e espetava a nuca de Gulf. Ele podia ver o suor no colarinho dele. Gulf desejou que chovesse. Uma chuva estouraria essa bolha de calor como uma bolha d'água desfeita.
Mew estava murmurando para si mesmo. - Pense Suppasit, pense...
Alguma coisa começou a se formar no canto da mente de Gulf. Um símbolo surgiu: dois triângulos para baixo, unidos por uma barra - um símbolo como um par de asas...
-É isso - suspirou Mew, relaxando os braços, e por um momento de espanto Gulf imaginou se ele teria lido sua mente. Ele parecia febril, com os olhos dourados extremamente brilhantes. - Não acredito que não pensei nisso antes. — Ele foi para a ponta extrema do telhado, depois pausou e olhou de volta para Gulf.
Gulf ainda estava parado, espantado, com os pensamentos cheios de formas brilhantes.
- Vamos, Gulf.
Ele foi atrás de Mew, afastando da mente os pensamentos de símbolos.
Ele chegou à lona e estava puxando a ponta, revelando o que não era lixo, mas sim metal cromado brilhante, couro e tinta.
-Motocicletas?
Mew foi até a mais próxima, uma Harley Davidson vermelho escura, enorme com chamas douradas pintadas no tanque e no para lamas. Ele passou uma perna por cima da motocicleta e olhou para Gulf por cima do ombro.
-Suba.
Gulf o encarou.
- Você está falando sério? Você nem sequer sabe dirigir esse negócio! Você tem as chaves?
- Não preciso de chaves - ele explicou com toda a paciência do mundo. - Ela opera com energia demoníaca. Agora, você vai subir ou quer pegar uma para você?
Entorpecido, Gulf subiu na moto atrás dele. Em algum lugar, em alguma parte do cérebro, uma pequena voz gritava para ele dizendo que essa era uma péssima ideia.
- Ótimo - disse Mew. - Agora ponha os braços em volta de mim. – Gulf obedeceu, sentindo os músculos duros do abdômen dele se contraírem enquanto se inclinava para a frente e acionava a ignição com a ponta da estela. Para o espanto de Gulf, a moto ganhou vida.
No bolso de Gulf, Namjoon chiava alto.
- Está tudo bem – Gulf disse, da maneira mais suave possível. -Mew! – Gulf gritou por cima do ronco do motor da moto. - O que você está fazendo?
Ele gritou de volta alguma coisa que parecia "acionando o engasgo!".
Gulf piscou os olhos. - Bem, depressa! A porta...
Com a deixa, a porta do telhado explodiu com uma batida, arrancada das dobradiças. Os lobos passaram pelo buraco, correndo pelo telhado em direção a eles. Por cima deles, voavam os vampiros, sibilando e gritando, preenchendo o ar noturno com uivos predatórios.
Gulf sentiu o braço de Mew recuar e a motocicleta avançar, fazendo com que o estômago dele fosse lançado contra a espinha. Gulf se agarrou com toda força ao cinto de Mew enquanto eles avançavam, com os pneus cantando pela ardósia, fugindo dos lobos, que iam ganindo e abrindo espaço. Gulf ouviu Mew gritar algo, mas as palavras dele foram sufocadas pelo ruído das rodas, do vento e do motor. A ponta do telhado estava se aproximando rapidamente, bem rapidamente, e Gulf queria fechar os olhos, mas algo os manteve abertos enquanto a motocicleta chegava ao parapeito e despencava como uma pedra para o chão, dez andares abaixo.
Se Gulf havia gritado, não se lembrava de nada. Era como a primeira queda de uma montanha-russa, quando os trilhos descem e você se sente chocando-se contra o espaço, com as mãos balançando inutilmente pelo ar e o estômago subindo até a boca.
Quando a moto se ajeitou com um arranhão e uma arrancada súbita, ele quase não se sentiu surpresa. Em vez de descerem, eles agora estavam indo em direção ao céu estrelado.
Gulf olhou para trás e viu um aglomerado de vampiros no telhado do hotel, cercados por lobos. Ele desviou o olhar - Se nunca mais visse aquele hotel na vida, não faria a menor falta.
Mew estava gritando, uivos sonoros de deleite e alívio. Gulf se inclinou para a frente, com os braços firmes em torno dele.
-Minha mãe sempre me disse que, se eu andasse de moto com algum menino, ela me mataria – Gulf gritou por cima do barulho do vento passando pelos ouvidos dele e o ronco ensurdecedor do motor. Gulf não conseguia ouvi-lo rir, mas sentiu o corpo dele tremer.
-Ela não diria isso se me conhecesse - Mew respondeu, confiante. -Sou um ótimo piloto.
Tardiamente, Gulf se lembrou de uma coisa.
- Pensei que vocês tivessem dito que só algumas motocicletas de vampiros podiam voar!
Habilmente, Mew passou por um sinal no processo de passar de vermelho para verde. Lá embaixo, Gulf podia ouvir os carros buzinando, as sirenes de ambulâncias agitadas e os ônibus parando nos pontos, mas ele não se incomodou em olhar.
- Só algumas podem!
-E como você sabia que essa podia?
- Não sabia! - Mew gritou alegremente, e fez algo que levou a moto se levantar quase verticalmente no ar.
Gulf gritou e agarrou o cinto de Mew outra vez.
- Você deveria olhar para baixo! - gritou Mew. - É incrível!
A curiosidade superou o medo e a vertigem. Engolindo em seco, Gulf abriu os olhos.
Eles estavam mais altos do que ele imaginava, e por um instante a terra balançou embaixo dele, uma paisagem embaçada de sombra e luz.
Eles estavam voando a leste, afastando-se do parque, em direção à autoestrada que se estendia pelo lado direito da cidade...
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!¿Where it all began?!
Roman d'amourIniciada: 26/12/2021. (1°temporada) Terminada: 27/07/2022 Gulf Kanawut decide passar a noite em uma boate popular em Nova York, e o maior de seus problemas possivelmente seria lidar com o segurança da entrada, certo? Errado. Gulf testemunha um cri...