<Cap 88 - False Truth>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

Ele olhou para Gulf, sem dizer nada, e Gulf de repente se lembrou do lobo no beco, todo preto, exceto por uma linha cinza na lateral, e ele se lembrou do disco que o atingiu, então percebeu.

 -Você é um lobisomem.

Ele afastou a mão da camisa; os dedos estavam manchados de branco.

 -Sim - ele confirmou, lacónico. Ele foi até a parede e a arranhou com força: uma, duas, três vezes. Em seguida virou novamente para Gulf.

- Sou.

- Você matou Hodge - Gulf disse, lembrando-se. 

- Não - ele balançou a cabeça. - Eu o machuquei bastante, eu acho, mas quando voltei para pegar o corpo, não estava mais lá. Ele deve ter fugido.

- Você atacou o ombro dele - Gulf disse. Eu vi.

- Sim. Mas vale a pena observar que ele estava tentando te matar. Ele machucou mais alguém?

Gulf mordeu o lábio. Ele sentiu gosto de sangue, mas era sangue velho de onde Hugo a havia atacado.

- Mew -  ele disse em um sussurro. - Hodge o nocauteou e o entregou... a Valentim. 

- A Valentim? - perguntou Luke, abismado. - Eu sabia que Hodge tinha dado o Cálice Mortal a Valentim, mas não sabia...

- Como você sabia disso? - começou Gulf, antes de se lembrar. - Você me ouviu conversando com ele no beco. Antes de pular em cima dele. 

- Eu pulei em cima dele, como você mesmo disse, porque ele estava prestes a arrancar sua cabeça - disse Luke, em seguida olhou para cima enquanto a porta da cela se abria novamente e um homem entrava, seguido por uma mulher pequena, tão baixa que parecia uma criança. Ambos vestiam roupas simples e casuais: jeans e camisetas de algodão, e ambos tinham o mesmo penteado desarrumado, embora os cabelos da mulher fossem claros e os do homem, grisalhos. Os dois tinham o mesmo rosto jovem-velho, sem rugas, mas com olhos cansados. 

- Gulf - disse Luke - Estes são meu número dois e número três, Gretel e Alaric.

Alaric inclinou a enorme cabeça para Gulf.

- Nós nos conhecemos. 

Gulf o encarou, alarmado.

- Conhecemos?

- No Hotel Dumort. Você pôs uma faca nas minhas costelas.

Gulf se encolheu contra a parede. - Eu... Eu sinto muito...

- Não sinta - ele disse. - Foi um arremesso excelente. - Ele pôs a mão no bolso do peito e pegou a adaga de Mew, dando uma piscadela com o olho vermelho. Ele a estendeu para Gulf. - Acho que isso é seu!

Gulf olhou fixamente. - Mas...

-Não se preocupe. - Ele o tranquilizou. - Eu limpei a lâmina.

Sem palavras, Gulf pegou a adaga. Luke estava rindo consigo mesmo.

 -Pensando bem - ele disse - Talvez a incursão no Dumort não tenha sido tão bem planejada quanto poderia ter sido. Eu havia separado um grupo dos meus lobos para observá-lo, e irem atrás de se você corresse algum perigo. Quando você entrou no Dumort... 

-Eu e Mew poderíamos ter dado conta do recado - Gulf pós a adaga no cinto.

Gretel sorriu para Gulf de forma tolerante. 

- Foi para isso que nos chamou, senhor? 

- Não - disse Luke. Ele tocou o lado do corpo. - Minha ferida se abriu, e Gulf está com alguns ferimentos que também demandam alguns cuidados. Se você não se importar em buscar o material....

Gretel inclinou a cabeça.  -Já volto com o kit de primeiros socorros - ela disse, e saiu, Alaric a seguiu como se fosse uma sombra gigante.

 -Ela te chamou de "senhor" - disse Gulf, assim que a porta da cela se fechou atrás deles. - E o que você quer dizer com número dois e número três? Dois e três em que?

- No comando. - Luke disse lentamente -  Sou o líder deste bando. E por isso que Gretel me chamou de "senhor". Pode acreditar, tive muito trabalho para fazer com que ela parasse de me chamar de "mestre".

- Minha mãe sabia?

- Sabia o quê?

- Que você é um lobisomem?

- Sim. Ela sabe desde que aconteceu.

- Nenhum de vocês dois, é claro, pensou em mencionar nada para mim.

 -Eu teria contado - disse Luke. - Mas sua mãe estava decidida a não deixar que você soubesse nada sobre os Caçadores de Sombras ou sobre o Mundo de Sombras. Eu não poderia explicar o fato de ser um lobisomem como um evento isolado, Gulf. Tudo faz parte da situação maior que sua mãe não queria que você soubesse. Não sei o que você já sabe... 

- Muita coisa - Gulf disse secamente. Sei que minha mãe era uma Caçadora de Sombras. Sei que foi casada com Valentim e roubou dele o Cálice Mortal, e se refugiou. Sei que, depois que me teve, ela me levou a Magnus Bane a cada dois anos para tirar a minha Visão. Sei que, quando Valentim tentou te convencer a contar para ele onde estava o Cálice Mortal em troca da vida da minha mãe, você disseque não se importava com ela. 

Luke olhou fixamente para a parede. 

-Eu não sabia onde o Cálice estava - ele disse. - Ela nunca me contou.

- Você poderia ter tentado negociar...

- Valentim não negocia. Nunca negociou. Se a vantagem não for dele, ele nem conversa. Ele é inteiramente egoísta e não tem a menor compaixão, e apesar de ter amado a sua mãe um dia, não hesitaria em matá-la. Não, eu não iria negociar com Valentim.

- Então você simplesmente decidiu abandoná-la? - Gulf perguntou furiosamente. - Você é o líder de um bando inteiro de lobisomens e simplesmente decidiu que ela não precisava da sua ajuda? Sabe, já era ruim quando eu pensava que você fosse outro Caçador de Sombras que tinha virado as costas para ela por causa de algum juramento estúpido de Caçador de Sombras, mas agora sei que você não passa de mais um membro lodoso do Submundo que sequer se importou com o fato de que durante todos aqueles anos ela te tratou como um amigo, como um semelhante, e é assim que você retribui! 

- Ouça só você - Luke - Você soa como um Lightwood.

Gulf franziu os olhos.

- Não fale de Boat e Mild como se os conhecesse. 

- Estava falando dos pais deles - disse Luke. - A quem conheci, muito bem, por sinal, quando todos nós éramos Caçadores de Sombras.

Gulf sentiu os lábios se partirem em uma reação de surpresa. - Eu sabia que você era do Ciclo, mas como conseguiu impedi-los de descobrir que você era um lobisomem? Eles não sabiam?

- Não - disse Luke. - Porque eu não nasci um lobisomem. Fui transformado em um. E sei que, se você se dispuser a ouvir alguma coisa que eu tenha a dizer, terá que ouvir a história inteira. É longa, mas acho que temos tempo...

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