<Cap 98 - You are falling>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

Uma forte batida veio do andar de baixo, tão alta que parecia que uma das paredes do hospital havia desabado. Luke, pensou Gulf, levantando-se.

Mew, apesar do olhar de horror e náusea, respondeu automaticamente, levantando-se da cadeira, com a mão ao cinto. 

- Pai, eles estão...

- Eles estão subindo - Valentim se levantou. 

Gulf ouviu passos. Um instante depois, a porta do quarto se abriu, e Luke estava na entrada. Gulf conteve um grito. Ele estava coberto de sangue, os jeans e a camisa escura cheias de coágulos, e a parte inferior do rosto formando uma barba de sangue. As mãos estavam vermelhas até os pulsos, o sangue que as manchava ainda corria. Gulf não fazia a menor ideia se o sangue era dele. Ele se ouviu gritando o nome dele, em seguida estava correndo pelo quarto em sua direção, quase tropeçando em si mesmo com a ansiedade de agarrar a frente da camisa de Luke e segurar firme, de um jeito que não fazia desde os 8 anos.

Por um instante, a mão gigantesca dele se levantou e apoiou a cabeça de Gulf, segurando-o contra o próprio corpo, com um abraço de um braço só. Depois, empurrou-o gentilmente.

- Estou todo sujo de sangue - ele disse. - Não se preocupe, não-é meu.

- Então de quem é? - Era a voz de Valentim, e Gulf virou, como braço protetor de Luke no ombro dele. Valentim estava observando os dois, com os olhos franzidos e calculistas. 

Mew havia se levantado e circulado a mesa, e estava de pé, hesitante, ao lado do pai. Gulf não conseguia se lembrar de tê-lo visto fazendo nada hesitante antes. 

- Pangborn - informou Luke.

Valentim passou a mão sobre o rosto, como se a notícia o ferisse. - Entendo. Você arrancou a garganta dele com os próprios dentes?

 - Na verdade - disse Luke - Eu o matei com isso. -  com a mão livre, ele estendeu a adaga longa e fina com a qual matara o Renegado. A luz ela podia ver as pedras azuis no cabo. - Lembra?

Valentim olhou, e Gulf percebeu seu maxilar enrijecer.

- Lembro - ele disse, e Gulf imaginou se ele também estava se lembrando da conversa que haviam tido pouco antes.

- É uma kindjal, uma adaga da Circassia. Essa, em particular, costuma fazer par com uma gêmea. Você a entregou a mim há 17 anos, e me disse para dar fim à minha vida com ela. - disse Luke, com a arma firme na mão. A arma era mais longa do que a do cabo vermelho presa ao cinto de Mew; era algo entre uma adaga e uma espada, e a lâmina tinha a ponta como de uma agulha. - E quase o fiz. 

- Você espera que eu negue? - Havia dor na voz de Valentim, a lembrança de uma antiga mágoa. - Tentei salvá-lo de si mesmo, Lucian. Cometi um grave erro. Se tivesse tido força para matá-lo pessoalmente, você poderia ter morrido como homem.

 - Como você? - perguntou Luke, e naquele instante Gulf viu algo do Luke que sempre conhecera, que sabia quando ele estava mentindo ou fingindo, que brigava com ele quando estava sendo arrogante ou fazendo algo ilícito. Na amargura da voz dele, Gulf ouviu o amor que ele já tivera por Valentim transformado em um ódio curtido. - Um homem que acorrenta a própria esposa inconsciente a uma cama com a esperança de torturá-la em busca de informação quando ela acordar? É essa a sua coragem?

Mew estava olhando fixamente para o pai. Gulf viu a raiva que momentaneamente ditou as feições de Valentim; depois desapareceu.

- Não a torturei - ele disse. - Ela está acorrentada por conta da sua própria segurança.

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