<Cap 87 - Why did you>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

Hodge, engasgando, olhou para trás de si, fechando e abrindo os punhos. A mão esquerda estava completamente coberta pelo fluido escuro e molhado que escorrera do peito. O olhar que tinha no rosto era um misto de exaltação e ódio a si mesmo.

- Hodge! - Gulf socou a parede invisível entre eles. O braço doía absurdamente, mas não era nada comparado à dor que sentia no peito. Ele tinha a sensação de que o coração ia saltar para fora das costelas. Mew, Mew, Mew, as palavras ecoavam na mente, querendo ser berradas. Gulf as conteve. - Hodge, me solte!

Hodge virou, balançando a cabeça.

- Não posso - ele disse, usando um lenço cuidadosamente dobrado para esfregar a mão suja. Ele parecia genuinamente triste. - Você vai tentar me matar.

- Não vou - Gulf disse. - Prometo.

- Mas você não foi criado como Caçador de Sombras - ele disse - E suas promessas não significam nada. - A ponta do lenço agora estava soltando fumaça, como se tivesse tocado ácido, e a mão não estava menos escura. Franzindo o rosto, ele desistiu. 

- Mas, Hodge - Gulf disse desesperada — Você não ouviu o que disse? Ele vai matar Mew. 

- Ele não disse isso. - Hodge estava na mesa agora, pegando um pedaço de papel. Ele pegou uma caneta no bolso, e começou a batê-la com força na ponta da mesa para fazer a tinta fluir. Gulf o encarou. Ele estava escrevendo uma carta? 

- Valentim disse que Mew estaria com o pai em breve. O pai de Mew está morto. O que mais ele poderia estar dizendo? - Hodge não tirou os olhos do papel em que estava escrevendo. 

- É complicado. Você não entenderia.

- Eu entendo o suficiente. - Parecia que ia queimar a própria língua com tamanha amargura. - Entendo que Mew confiou em você e você o entregou a um homem que detestava o pai dele, e provavelmente o odeia também, por pura covardia de viver com o castigo que merecia.

Hodge levantou a cabeça. 

- É isso que você pensa?

- É o que eu sei.

Ele repousou a caneta, balançando a cabeça. Ele parecia cansado, e tão velho, muito mais velho que Valentim, embora tivessem a mesma idade.

- Você só sabe pedaços e fragmentos, Gulf. E é melhor assim. - Ele dobrou o papel em que estava escrevendo e jogou-o no fogo, que subiu com um verde ácido brilhante antes de desaparecer.

- O que você está fazendo? - perguntou Gulf.

- Enviando uma mensagem - Hodge se afastou do fogo. Ele estava perto de Gulf, separados apenas pela parede invisível. 

Gulf pressionou os dedos contra o obstáculo, desejando furar os olhos de Hodge, apesar aparentarem tanta tristeza quanto os de Valentim aparentaram fúria. 

- Você é jovem - ele disse. - O passado não é nada para você, nem mesmo um estranho como o é para os mais velhos, ou um pesadelo como o é para a culpa. A Clave me amaldiçoou porque ajudei Valentim. Mas eu não era o único membro do Ciclo a servi-lo; por acaso, os Lightwood não eram tão culpados quanto eu? Ou os Suppasit? Eu fui o único condenado a viver fora da minha vida sem nem sequer poder pisar lá fora, sem poder colocar a mão através de uma janela.

- Isso não é culpa minha - disse Gulf. - E não é culpa de Mew. Por que castigá-lo pelo que a Clave fez? Entendo entregar o Cálice a Valentim, mas entregar Mew? Ele vai matá-lo, como matou o pai dele... 

- Valentim - disse Hodge -  Não matou o pai de Mew.

Gulf sentiu um aperto no peito.

 - Não acredito em você! Só o que você faz é contar mentiras! Tudo que já disse é mentira! 

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