<Cap 60 - White Souvenirs>

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(CAPITULO NÃO REVISADO)

-Minha assinatura - Magnus disse. - Sabia que estava defeituosa quando fiz. Um ato de hubris...

-Você assinou a minha mente? - Gulf perguntou incrédulo. Magnus levantou a mão, traçando as letras de fogo contra o ar. Quando soltou a mão, ficaram lá, quentes e douradas, fazendo com que as linhas pintadas de seus olhos e boca queimassem com o reflexo da luz. MAGNUS BANE.

-Fiquei orgulhoso do meu trabalho em você - ele disse, olhando para Gulf. -Tão limpo. Tão perfeito. O que você visse se esqueceria, mesmo ao ver. Nenhuma imagem de fada ou duende ou fera de pernas longas permaneceria para atrapalhar seu sono mortal. Era assim que ela queria.

A voz de Gulf era fraca e tensa.

- Assim que quem queria?

Magnus suspirou e, ao toque da respiração, as letras de fogo se transformaram em cinzas brilhantes. Finalmente ele falou, e apesar de não se surpreender, de saber exatamente o que ele iria dizer, mesmo assim Gulf sentiu as palavras como um sopro contra o coração.

- Sua mãe - ele disse.

-Minha mãe fez isso comigo? - Gulf perguntou, mas sua surpresa não soava convincente, nem para ele próprio. Olhando em volta, ele viu pena no olhar de Mew e no de Boat; até Boat sentia pena dele. -Por quê?

-Não sei. - Magnus esticou as longas mãos. - Perguntar não faz parte da minha função. Eu faço o que sou pago para fazer.

- Nos limites do Pacto - Mew o lembrou, com a voz macia como pelo de gato.

Magnus inclinou a cabeça.

-Nos limites do Pacto, é claro.

-Então o Pacto concorda com isso tudo, com essa violação da mente? – Gulf perguntou amargamente. Como ninguém respondeu, ele afundou na ponta da cama de Magnus. - Foi só uma vez? Havia alguma coisa específica que ela queria que eu esquecesse? Você sabe o que era?

Magnus andou de um lado para o outro, impacientemente, até a janela.

- Acho que você não entende. Na primeira vez em que o vi, você devia ter mais ou menos 2 anos. Eu estava olhando por esta janela - ele cutucou o vidro, liberando uma nuvem de poeira e lascas de tinta - e a vi correndo pela rua, segurando algo embrulhado em um cobertor. Fiquei surpreso quando parou à minha porta. Ela parecia tão comum, tão nova.

A luz do luar tocou o perfil dele, iluminando-o em tom prateado. - Ela desembrulhou o cobertor quando entrou pela minha porta. Era você que estava dentro do embrulho. Ela colocou-o no chão e você começou a fazer bagunça, pegando coisas, puxando o rabo do meu gato, você gritou como uma Banshee quando o gato o arranhou, então perguntei para a sua mãe se você era parte Banshee. Ela não achou graça. - Ele fez uma pausa. Todos olhavam intensamente para ele agora, até mesmo Boat. - Ela me disse que era Caçadora de Sombras. De nada adiantaria mentir a respeito; marcas do Pacto aparecem, mesmo quando já desbotaram com o tempo, como fracas cicatrizes prateadas contra a pele. Elas se mexiam quando ela se movia. - Ele esfregou a maquiagem ao redor dos próprios olhos. - Ela me disse que tivera a esperança de que você tivesse nascido com um Olho Interno cego: alguns Caçadores de Sombras têm de ser ensinados a enxergar o Mundo de Sombras. Mas ela vira você naquela tarde provocando uma fada que havia ficado presa nas plantas. Ela sabia que você podia ver. Então me perguntou se era possível cegá-lo da Visão.

Gulf emitiu um pequeno ruído, soltou uma respiração dolorida, mas Magnus prosseguiu sem qualquer remorso.

- Eu disse a ela que aleijar essa parte da sua mente poderia deixá-lo com sequelas severas, possivelmente até louco. Ela não chorou. Não era o tipo de mulher que chorava facilmente, a sua mãe. Perguntou se havia outro jeito, e eu disse que poderia fazê-lo esquecer dessas partes do Mundo de Sombras que podia ver, mesmo enquanto as via. O único incômodo seria ela ter que vir até mim a cada dois anos, quando os efeitos do feitiço começassem a diminuir.

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