Mas aqui está você

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Quando cheguei na universidade e olhei pra San-ha, pensei no que anteriormente Ji-Woo tinha me falado. Ele era mesmo um máximo e tinha dito que gostava de mim. Por que eu não podia sentir o mesmo por ele? Por que eu não sentia nem mesmo uma pequena emoção no fundo do peito?

⎯ Chegou cedo! ⎯ Ele disse com a voz meio estranha. San-ha parecia envergonhado e eu entendia completamente o porquê.

⎯ Alguém quase me derrubou da cama hoje de manhã.

Ele riu já sabendo de quem eu estava me referindo.

Quando começamos a frequentar a mesma universidade, San-ha ia me visitar muitas vezes em casa e dessas vezes, ele passava o dia com Ji-Woo enquanto eu praticava no jardim. Parecia até que ela gostava mais dele do que a mim que morava na mesma casa que ela há anos.

⎯ O que vai praticar hoje? ⎯ Ele perguntou, embora já soubesse qual seria minha resposta.

Durante três meses eu estive praticando incansavelmente para uma campanha beneficente. O dinheiro arrecadado iria para minha antiga casa. O orfanato.

⎯ O mesmo de sempre. ⎯ Percebi que as coisas estavam meio estranhas entre nós porque nem mesmo ele e nem eu sabíamos o que falar um ao outro. E sempre sabíamos o que falar um para o outro. ⎯ Descobri um lugar novo. ⎯ Falei para que pudéssemos mudar de assunto e aquele clima pesado não se tornasse um problema. ⎯ Você quer jantar hoje... comigo?

San-ha quase engasgou com o café que estava tomando.

⎯ Você está bem? ⎯ Me aproximei dele ao perceber que ele estava um pouco vermelho.

⎯ Sim. Estou ótimo e... é claro que quero. Parece um ótima ideia. ⎯ San-ha foi até a porta. ⎯ Vou sair por um minuto.

Fiz que sim e ele foi embora.

Aquilo aconteceu simplesmente porque perguntei se ele queria ir a algum lugar comigo? Não era como se nunca tivéssemos feito nada juntos.

Mais tarde, arrumei minhas coisas enquanto San-ha me esperava no mesmo lugar em que ele sentava para me ver praticar. Geralmente eu demorava bastante escolhendo o que levaria para casa e o que deixaria no armário da universidade para o dia seguinte. No entanto, ele sempre parecia muito paciente e nunca reclamava da minha demora muitas vezes inútil.

⎯ Se importa se eu passar em casa para me trocar? ⎯ Perguntei.

Ele balançou a cabeça indicando que não tinha nenhum problema, então saímos da Universidade antes mesmo de anoitecer e entramos no carro. San-ha ainda não sabia dirigir, por isso eu sempre cuidava dessa parte quando íamos para algum lugar.

⎯ Por que ainda não sabe dirigir? ⎯ Questionei apenas para irritá-lo, mas com o olhar bem concentrado na direção.

⎯ Por que você pode me levar a qualquer lugar que eu queira ir. ⎯ Respondeu ele e nós dois começamos a rir. Eu entendia que ele ainda não tinha feito isso porque seu tempo sempre estava apertado e também eu não tinha nenhum problema em dirigir para ele.

⎯ Eu não sou sua secretária ou algo do tipo. Você nem é famoso ainda.

⎯ Quando eu for, você vai se arrepender por dizer isso. ⎯ Ele disse rindo mais um pouco, mas não compartilhei da mesma alegria quando vi um carro diferente parado na frente de casa. Tínhamos recebido visitas naquela hora?

Desci do carro juntamente com San-ha e abri a porta principal para que ele pudesse entrar. Assim que entramos em casa, Ji-Woo veio correndo, porém, para minha surpresa, ela passou direto por mim e foi abraçar San-ha que retribuiu com a mesma animação que ela.

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora