Um plano B

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Quando entrei no quarto, sentei-me no chão e apoiei a cabeça nos joelhos, mas logo saí dessa posição para encarar meu violino intacto do outro lado do quarto. Eu estava arrependida do que disse para Eunwoo e a culpa estava me matando aos poucos de uma forma extremamente dolorosa. Mas era irreversível porque eu quis que fosse assim.

No jantar, todos pareciam animados com o fato de faltar apenas uma semana para o casamento de Si-a. Olhei inúmeras vezes para Cha Eunwoo que fez questão de sentar bem distante de mim. Todas as vezes que olhei, ele estava de cabeça baixa mexendo na comida de um lado para o outro sem chegar à provar nada.

Aquilo me fez pensar no porquê ele estaria daquela forma. Ele gostava de Emma não é mesmo? Por que ficar daquele jeito quando uma pessoa aleatória fala que não gostava de você? O ego dele era tão grande assim? Todos tinham que gostar dele?

Após o jantar, voltei para o quarto depois de me despedir de todo mundo dizendo que estava com muita dor de cabeça. Era uma mentira, é claro. Eu não aguentava mais fingir que estava feliz e também eu tinha um plano para colocar em ação.

Primeiro: Eu esperaria todo mundo dormir para poder sair sem ser percebida.

Sengundo: Iria até o orfanato descobrir se lá havia alguma resposta para as minhas dúvidas.

Terceiro: voltaria para casa sem que ninguém me notasse, assim como saí.

Meia-noite logo chegou, e depois de não ouvir mais nenhum barulho que podia indicar a presença de alguém acordado, deixei o quarto, vestindo um casaco para não pegar um resfriado e também peguei uma máscara para usar em um caso de extrema urgência. Se eu precisasse fugir, ela seria útil para ninguém ver meu rosto.

A porta da frente estava fechada como eu já havia imaginado, por isso usei a porta dos fundos para sair. Ela também estava fechada, mas eu sabia onde a chave ficava e por isso não foi difícil destrancar.

Pensei em dirigir até lá, mas aquilo chamaria muita atenção, então desisti e fui para rua decidida em pegar um taxi. Aquilo não seria barato já que o orfanato não era tão perto, mas nada poderia valer mais a pena do que descobrir meu passado de verdade.

Dentro do táxi, recebi mensagens de Se-Wan perguntando se eu estava bem.

Domingo, 00h15
Se-wan: Tudo bem com você?
Se-wan: Resolveu seu compromisso?
Se-Wan: Se não tiver tudo bem, podemos sair novamente. Apenas nós duas. Nada de garotos.

Sorri ao ver a tela do celular. Eu tinha encontrado uma ótima amiga depois que entrei na faculdade. Embora Se-Wan fosse mais velha, ela era muito compreensível comigo.

Domingo, 00h17
Ye-Jin: Estou bem, não se preocupe.
Ye-Jin: Nos vemos amanhã.

Desliguei a tela do celular esperando que ela parasse de responder, mas ao invés disso, Se-Wan me ligou como se não fosse muito tarde para isso.

⎯ Ye-Jin, o que está aprontando? ⎯ Ela me interrogou assim que atendi a ligação.

Se-Wan parecia ter instalado um GPS em mim. Como ela sabia que eu estava aprontando? Quer dizer, como ela sabia que eu estava resolvendo um problema?

⎯ O que? ⎯ Me faço de desentendida. ⎯ Como assim aprontando?

⎯ Não se faça de sonsa. ⎯ O tom de voz de Se-Wan mudou. Sei que ela estava desconfiada. ⎯ Você sempre dorme cedo quando tem que ir para a universidade no outro dia. Se não está fazendo isso agora, quer dizer que está fazendo outra coisa. Que coisa é essa?

O bom de ter amigos próximos é que eles conhecem você muito bem, o ruim de ter amigos próximos é que eles conhecem você muito bem.

⎯ Estou resolvendo um problema. ⎯ Contei, um pouco hesitante porque sabia exatamente o que Se-Wan iria fazer com aquela informação.

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora