Muito cedo para lamentar

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⎯ Claro que sim, nós somos amigos. ⎯ Respondi tensa depois de passar com certeza um minuto inteiro encarando Cha Eunwoo como se eu não tivesse mais controle das minhas ações. Acho que realmente não tinha.

⎯ Não é isso...

⎯ É melhor você prestar atenção no trânsito. Eu preciso chegar inteira no orfanato.

⎯ Você tem andado muito tempo com minha prima ou é apenas impressão minha? ⎯ Ele estava sendo irônico mas fingi não perceber isso.

Durante todo caminho, fiquei balançando minha perna direita. Eu estava nervosa e não sabia se o motivo era Eunwoo está do meu lado, ou por saber que eu iria voltar ao orfanato depois de muito tempo.

Todos os anos, os alunos de música da Universidade faziam campanhas beneficentes em lugares que um grupo de pessoas específico escolhia. Naquele ano, eu pude dizer uma sugestão e o orfanato onde morei por tanto tempo foi escolhido.

Também concordei sem nenhum problema em tocar para os visitantes que iram comparecer ao orfanato. Mas eu não podia negar que estava mais nervosa do que qualquer outra vez que toquei. Eu estava praticamente entrando em colapso.

⎯ Tudo bem aí? ⎯ Cha Eunwoo perguntou. Ele devia estar incomodado com a minha inquietude.

⎯ Desculpa. ⎯ Eu disse e tentei parar de me mexer.

Ele assentiu e continuou dirigindo lentamente. Eu queria muito pedir que ele fosse mais rápido, embora soubesse que não iria funcionar. Então, esperei pacientemente com os olhos fechados enquanto tentava lembrar todas as notas em ordem novamente.

⎯ Estamos aqui. ⎯ Ele disse estacionando o carro.

Quando abri os olhos, estávamos na frente do orfanato. Uma onda de adrenalina me consumiu ao ver minha antiga casa. Nada tinha mudado, mas ao mesmo tempo parecia que tudo não era o mesmo. Meu coração acelerou e tinha certeza que comecei também a soar frio. Por um momento o pensamento "Eu não quero ficar nesse lugar" passou pela minha cabeça. No entanto, tratei de afastá-lo. Como assim eu não queria ficar onde passei maior parte da minha infância? Eu não era esse tipo de pessoa.

⎯ Não vai sair? ⎯ Cha Eunwoo perguntou. Eu não me dei conta de que ele tinha aberto a porta para que eu saísse.

⎯ Sim... eu vou. ⎯ Abracei mais meu violino junto ao meu corpo. Parecia que ele podia tirar o pressentimento ruim que eu estava tendo.

⎯ Yejin, tem certeza que está bem? ⎯ Ele balançou a mão na minha frente e parei de encarar o orfanato para olhá-lo.

⎯ Estou bem. ⎯ Respondi figindo um sorriso e entrei antes que mudasse de ideia.

A textura da maçaneta da porta principal era a mesma. Os móveis continuavam no mesmo lugar de quando fui embora. A cor das paredes ainda era um vermelho escuro e os tapetes também continuavam maltratados.

Olhei para o corredor onde ficava a porta da sala da Sra. Choi. Ela ainda seria diretora do orfanato?

Tive minha pergunta respondida quase instantaneamente quajdo ela apareceu na nossa frente.

⎯ Olá, Ye-Jin. ⎯ A voz dela ainda tinha o mesmo quê de ignorância.

⎯ Oi, Sra. Choi. ⎯ Comprimentei sem deixar ela perceber como eu estava abalada por está de volta. ⎯ Como tem passado?

⎯ Estou muito bem, obrigada.

Seu tom rígido parecia não me afetar mais. Por isso o motivo do meu desconforto era outra coisa.

⎯ Esse é... ⎯ Me virei para Eunwoo que estava bem atrás de mim assistindo cada detalhe e tirando suas próprias conclusões. ⎯ Cha Eunwoo.

Sra. Choi olhou para ele dos pés à cabeça e da cabeça aos pés respectivamente. Eunwoo estendeu a mão para ela e passou um bom tempo esperando ela fazer o mesmo para cumprimentá-lo. Talvez, ela precisasse de um empurrãozinho.

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora