Metade do vazio

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No outro dia, Kevin veio me buscar no hospital porque finalmente tive alta e pude ir para casa.

Ontem à noite, eu menti quando disse que estava cansado demais para Eunwoo e Emma irem embora. Na verdade, eu odiava o fato de que ela estava sempre fingindo ser algo que não era na frente dele. Isso tirou minhas expectativas de que ele acreditasse em mim quando eu finalmente achasse que deveria parar de esconder aquill só para mim.

⎯ O que aconteceu? ⎯ Kevin perguntou. Eu deveria estar distraída pensando em Emma e todo aquele teatro que ela insistia, por algum motivo, em fazer. ⎯ Você ainda se sente doente?

⎯ Não é isso, Kevin. ⎯ Fechei mais a janela do carro, pois o ar estava começando a ficar muito gelado. ⎯ Só que... Há algo me incomodando.

Kevin suspirou e não disse mais nada.  Isso significava que eu poderia começar a contar. Ele não iria julgar ou dizer que eu estava certa. Kevin era assim.

Eu disse a ele o que aconteceu desde o início, até mesmo a parte que gostava de Cha Eunwoo. Naquele momento, não era mais segredo para ninguém.

⎯ ... Então ela disse que ninguém acreditaria em mim. ⎯ Terminei. ⎯ Mas, você acredita, não é?

⎯ Claro que sim, eu conheço você e sei que não inventaria uma coisa desse tipo. ⎯ Um peso enorme parecia ter saído de mim só de saber que pelo menos alguém acreditou no que eu disse. ⎯ Mas se o que preocupa você é Cha Eunwoo, pode ficar tranquila.

Aquilo não me tranquilizou como deveria. As respostas que eu queria ouvir ainda não tinham sido descobertas e cada vez que eu tentava encontrá-las, mais perguntas surgiam.

Quando chegamos em casa, Si-a e Ji-Woo estavam esperando por mim.  Lembrei-me de quando cheguei e fui recebida exatamente daquela maneira calorosa. Isso me fez perceber que eu não deveria ter medo de nada. Minha família acreditaria em mim. Eles não acreditariam em um estranho, acreditariam?

⎯ Estou de volta. ⎯ Anuciei minha chegada com um sorriso calmo porque calma era o que eu sentia ao ter voltado para casa.

⎯ Ye-Jin... você nos assustou. ⎯ Ji-Woo anuciou.

⎯ Bom, o que posso fazer para recompensar isso? ⎯ Perguntei com um tom de brincadeira.

⎯ Já que perguntou... por que não faz meus biscoitos favoritos?

Sorri porque sabia que ela não perderia a oportunidade.

⎯ Falaremos sobre isso mais tarde, tá bom? ⎯ Caminhei em direção a porta principal e entrei em casa. Eu não me sentia cansada, mas queria deitar na minha cama porque nada se comparava à ela.

Mal cheguei ao quarto e pousei meu violino sobre a cama que Eunwoo entrou correndo, me assustando. Mas o susto não demorou muito porque ele veio em minha direção e me abraçou, abrindo espaço para outra sensação.

Seu cuidado para não tocar no meu braço machucado era perceptível.

⎯ Senti sua falta. ⎯ Ele disse, aquecendo meu coração. ⎯ Você nem me deixou ficar ontem à noite.

⎯ Sobre isso... ⎯ Envolvi meus braços em volta dele contribuindo com o abraço. ⎯ Precisamos conversar... mais tarde.

Ele se distanciou alguns centímetros para encarar meu rosto com curiosidade.

⎯ Sobre o que?

⎯ Sobre tudo. ⎯ Eu disse e voltei a juntar nossos corpos porque eu também sentia falta dele.

Antes de conversar com Eunwoo, eu também precisava tratar de outra coisa. Agora que estava de volta em casa e o casamento já tinha passado. Eu precisava entrar no orfanato e encontrar provas de onde eu realmente vim. Lá era o único lugar que teria as respostas que eu precisava.

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora