Garoto ilegal

105 16 6
                                    

⎯ Você vai tocar no casamento da minha tia? ⎯ Ele questionou quando caminhávamos para entregar as flores. Nós dois já tínhamos feito a maioria das entregas, mas ainda assim, restava algumas para finalmente o trabalho terminar.

⎯ Por que está interessado nisso? ⎯ Fingi não dar muita importância, mas estava realmente curiosa para saber o porquê.

⎯ Estou apenas curioso. ⎯ Ele disse apenas isso o que não respondeu minha dúvida.

⎯ Curioso com o que?

⎯ Quando minha vó ligava para mim, quando eu ainda não havia chegado, ela dizia que passava horas escutando alguém tocar para ela. Eu não sabia que esse alguém era você até chegar aqui. ⎯ Um brilho estranho surgiu nos olhos dele. ⎯ Minha vó parecia muito feliz quando falava de você. Eu queria realmente escutar o que ela escutava.

Fiquei boquiaberta. Desde que conheci Eunwoo, ele não tinha cara de quem gostava de escutar música clássica ou algo do tipo. Além disso, meu coração acelerou um pouquinho quando ele disse que queria me ouvir tocar. Eu não esperava que ele tivesse falando a verdade.

Porém, eu não tinha certeza sobre tocar no casamento de Si-a. E se eu errasse alguma nota ou até mesmo desafinasse em uma hora muito importante? Si-a Ficaria desapontada e essa era a última coisa que eu queria depois dela estar me ajudando tanto com meu problema.

Meu problema era mais uma das coisas que eu deveria resolver antes de decidi se tocaria ou não. Mas o tempo estava ficando curto demais e eu não saberia dizer quando seria minha próxima sessão. A hipnose acabaria meus pesadelos ou eu teria que aprender a conviver com isso para sempre?

⎯ Não faço ideia. ⎯ Eu disse com a voz um pouco baixa. As emoções tristes estavam começando a me abalar lentamente.

⎯ Não sei o que aconteceu com você no outro dia, mas ⎯ Sei que ele estava se referindo ao dia anterior quando não consegui fazer um bom trabalho. Eu realmente não queria falar desse assunto porque ele ainda estava tão claro na minha mente que me deixaria chateada de novo. ⎯ Eu não me importo de esperar pra lhe ouvir.

Paro de andar porque de alguma forma esqueço como fazer isso. Eu queria dizer como me sentia para ele também já que parecia que Eunwoo tava sendo sincero, mas não fiz isso porque na minha cabeça, era errado.

⎯ Não sei se vou conseguir... você sabe... fazer um bom trabalho. ⎯ Abaixo minha cabeça fitando a última cesta de flores que faltava. ⎯ Estou com muito medo de não conseguir. Porque isso é a única coisa que eu sei fazer.

⎯ Como pode dizer isso assim? ⎯ Ele pegou a cesta da minha mão e bateu na porta da última casa na qual tínhamos que fazer a entrega das rosas. ⎯ Você sabe fazer muitas coisas, como fazer biscoitos. Você cuida da Ji-Woo e deixa as pessoas felizes. Além disso, você sabe me irritar muito, muito bem.

Ele deu um sorrisinho e uma mulher abriu a porta para receber as rosas.

⎯ Obrigada pela preferência. ⎯ Ele disse e guardou o dinheiro que recebeu no bolso da calça. ⎯ Acho melhor voltarmos, está anoitecendo.

Começamos a andar juntos de volta pelo mesmo caminho que viemos. Eu estava cansada e se o objetivo de Se-Wan era me distrair com alguma outra coisa, ela conseguiu, pois depois da minha conversa com Eunwoo, não me ocorreu nenhuma vez lembrar sobre meu fracasso na campanha beneficente.

Quando chegamos, sentei no banco de madeira que ficava à frente da casa dos avós de Se-Wan. Alguns fios de cabelos estavam grudados no meu rosto por causa do suor.

⎯ Não vai entrar? ⎯ Cha Eunwoo perguntou ainda de pé.

⎯ Sim, só estou descansando um pouco.

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora