Claramente um vício perigoso

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Quando acordei, minha respiração estava descontrolada. Era como se nenhum ar conseguisse preencher meus pulmões por completo. Por isso, levantei da cama ainda cambaleando e fui até a janela. Lá eu tinha que encontrar o ar que precisava.

Os pesadelos estavam ficando cada vez mais sem sentido. Dessa vez, eu não estava no mesmo lugar de antes e sim no meio de uma rua onde muitas pessoas passavam. Ainda assim, eu estava sozinha. Parecia que as pessoas que caminhavam não conseguiam me ouvir ou me ver. Por isso fiquei desesperada por ajuda. Se sentir sozinha mesmo não estando era algo assustador.

Respirei fundo, enquanto o vento gelado tocava meu rosto. Finalmente consegui controlar minha respiração, embora meu coração ainda não estivesse batendo normalmente.

Eu estava cansada. Continuar acordando no meio da noite e não conseguir pegar no sono novamente estava me matando bem lentamente.

Quando olhei o relógio, eram 4h47. Como eu sabia que não iria conseguir dormir novamente, peguei a jarra vazia que estava na mesa ao lado da minha cama e fui até a cozinha para enchê-la novamente.

Meus passos eram tão silenciosos que nem mesmo eu conseguia ouvir. A casa estava escura e, por isso, demorei para chegar até a cozinha. Acordar alguém naquela hora seria um desastre. Ninguém tinha que passar pelo mesmo que eu e ficar sem dormir.

Quando cheguei na cozinha, coloquei água na jarra e aproveitei para molhar o rosto com água da torneira. Estava muito gelada, mas aquilo me faria ficar acordada por mais tempo.

⎯ O que está fazendo?

Tomei um susto e molhei a roupa que estava usando. Por sorte, não gritei ou fiz qualquer barulho alto demais.

Meu dia com certeza seria um completo desastre porque eu não estava acreditando que com todo meu cuidado, tinha acordado alguém. Alguém chamado Cha Eunwoo.

⎯ Fala baixo, tá? ⎯ Me virei para ele. Seus olhos estavam quase se fechando. Seu cabelo estava bagunçado e percebi que não existia nada que fizesse ele parecer menos atraente. ⎯ Se você não quer dormir, outras pessoas querem.

⎯ Como posso dormir com você andando pela casa no meio da madrugada?

⎯ Você tem a audição de um morcego? Eu não fiz nenhuma barulho pra você acordar.

Ele deu de ombros e foi até a geladeira como se tivesse ignorado totalmente o que eu disse. Cha Eunwoo pegou o bolo que tinha sobrado da festa de Emma e colocou em cima da bancada.

⎯ Você vai comer isso? ⎯ Perguntei. ⎯ Agora?

⎯ Qual é o problema? Você é dona das horas certas agora?

Atrevido.

⎯ Espero que você tenha dor de barriga. ⎯ Disse e peguei a jarra com água para voltar ao quarto.

⎯ Você não quer? ⎯ Ele segurou a colher na minha frente.

⎯ Não.

Meu estômago começou a sinalizar que eu deveria comer e isso fez Cha Eunwoo me olhar com um sorrisinho de quem tinha ganhado alguma aposta inexistente.

⎯ Tem certeza? ⎯ Ele insistiu, tentando me manipular. O bolo realmente parecia irresistível. ⎯ Você vai se arrepender de não experimentar isso aqui.

Um pouquinho não ia fazer mal nenhum, certo?

⎯ Você me convenceu. ⎯ Eu disse derrotada e peguei a colher de sua mão.

Quando levei a primeira colherada à boca, senti o mundo girar. Por que estava tão bom? Por que eu não tinha provado nada na festa de Emma? Isso é porque eu estava cega de ciúmes?

JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora