JUVENTUDE: Algum Lugar Que Só Nós Conhecemos

Se houver uma resposta

Todos dias eu levava Ji-Woo para escola já que o caminho era o mesmo para a Universidade. Ji-Woo acordava e ficava pronta mesmo antes de mim.

Quando meu alarme não tocava ela mesma batia na minha porta para me acordar. Isso não era uma coisa rara. Acontecia quase todos os dias.

⎯ Está pronta Yejin? ⎯ Essa era a quarta vez que ela perguntava isso. Eu não entendia como Ji-Woo gostava tanto de ir para escola. Quando eu tinha a idade dela, não lembro de ser desse jeito.

⎯ Estou. ⎯ Abri a porta quando ela
estava prestes a bater de novo. Ji-Woo abaixou a mão e fingiu mexer no cabelo. ⎯ Não estamos atrasadas. ⎯ Eu disse olhando para o relógio.

⎯ Não estamos, mas se estivéssemos seria muito deselegante.

Ela tinha 12 anos, mas adora tirar o contexto dos mais velhos

⎯ Quem disse isso? ⎯ Perguntei tentando lembrar onde tinha colocado a chave do carro. Não me lembro de quando comecer a ficar tão esquecida. Acho que estava ficando velha rápido de mais. Embora 22 anos não fosse tanto assim.

⎯ Ninguém. Na minha concepção, chegar atrasado em algum lugar é sinônimo de falta de educação. Além disso, fica bem claro quando a vovó fica brava sempre que isso acontece. ⎯ Ji-Woo passou na minha frente e abriu a porta para podermos sair. ⎯ Acho que você tem que aprender mais coisas comigo, Yejin.

Comecei a rir silenciosamente não deixando que ela visse. Embora Ji-Woo fosse uma criança, ela tinha um nível de sarcasmo muito avançando pra sua idade. Eu não queria receber um sermão logo de manhã. Ainda mais se esse sermão vinhesse de Ji-Woo.

Encontrei a chave em cima da mesa da cozinha. A única coisa estranha é que não lembro de ter ido a cozinha depois que cheguei em casa na noite passada.

Ji-Woo entrou no carro, colocando o cinto de segurança logo em seguida e esperou que eu fizesse o mesmo para começar nossa conversa matinal.

⎯ Então, Yejin... ⎯ Ela começou.

Eita!

Isso não era a maneira certa de começar uma conversa. Depois de três anos levando Yejin para escola eu já estava acostumada com seu tipo de conversa e quando ela começava assim, não significava que iria sair algo bom.

⎯ Sim?

⎯ Por que você não namora?

Se eu não fosse experiente em dirigir, teria batido o carro com aquele tipo de pergunta.

Olhei ela pelo retrovisor. Sua expressão estava séria. Algo que não era normal para uma criança. Isso significava que ela queria uma resposta rápida. Mas rápida do que eu poderia dar.

⎯ Eu não sei... acho que não encontrei a pessoa certa.

⎯ Para com esse papinho! ⎯ Ela cruzou as pernas. ⎯ Aquele seu amigo é o máximo. Se ele não for a pessoa certa, quem é?

San-ha?

Só poderia ser ele. Não havia outro homem que visitou nossa casa como meu amigo nos últimos tempos.

Comecei a rir e dessa vez não consegui esconder isso dela.

⎯ Você anda tão espertinha. Onde aprendeu essas coisas?

⎯ Anos de prática, fofinha. ⎯ Ela ficou em silêncio e esperei ter dado a resposta que ela queria ouvir. ⎯ Está esperando meu primo voltar pra vocês terem uma linda história de amor juntos?

Dessa vez tive que fazer um enorme esforço para não me desconcentrar do trânsito. Estava ficando perigoso levar Ji-Woo para escola. Ainda mais se ela ficasse fazendo aquelas perguntas enquanto eu dirigia.

⎯ Eu? ⎯ Comecei a rir. Rir de nervoso. ⎯ Por que acha isso? Quem liga se ele está voltando? Eu não ligo.

Imagina! Por que eu estaria esperando uma pessoa como ele? Por que eu iria me rebaixar nesse esse nível?

Ji-Woo abriu a porta do carro para sair e finalmente eu podia ficar no carro sozinha sem precisar ouvir e responder suas perguntas.

⎯ Você parece ligar. ⎯ Ela acenou e foi embora saltitando como se tivesse muito feliz.

Mas eu não estava.

Ver Cha Eunwoo de novo não era algo que eu queria que acontecesse tão cedo, mesmo que eu não pudesse evitar isso para sempre. Fazíamos parte da mesma família, embora não tivéssemos o mesmo sangue. E evitá-lo não era algo que ia conseguir fazer.

A única coisa que eu ainda podia fazer era fingir que nada ⎯ nada mesmo ⎯ aconteceu três anos no passado.