Ariana, uma mulher que sempre acreditou no amor, vê o seu mundo desmoronar ao enfrentar um divórcio tempestuoso com o homem que a prometeu perante o altar o tal sonhado "felizes para sempre". Aos 30 anos de idade e com o coração partido, ela acha qu...
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ARIANA
— Turma dispensada — anuncio, sem olhar para a cara de ninguém. Recolho meus pertences o mais depressa que consigo sem parecer desesperada, e me encaminho em direção à porta sem olhar para trás.
Eu me misturo com o mar de alunos que surgem por toda direção, me sentindo sufocada, desesperada para encontrar um lugar para poder cavar um buraco e me esconder lá para sempre. A minha atitude de momentos atrás ainda está pesando como chumbo em meu estômago, e tenho medo que as consequências dos meus atos sejam irreversíveis.
É claro que ninguém percebeu o significado por trás do meu surto, mas uma pessoa em específico sabe, e é disso que eu tenho medo. Não sei se terei coragem de olhar na cara dele novamente depois dessa merda, e estou determinada a ignorá-lo o quanto for possível, e dessa forma eu talvez consiga apagar aquela ceninha ridícula da minha cabeça.
A quem eu estou querendo enganar? Fico tentando convencer a mim mesma de que aquilo poderia ter acontecido com qualquer aluno, que é totalmente normal um professor, de vez em quando, passar sermão, mas, no fundo, eu sei a verdade por trás dessa fachada: eu senti ciúmes. Ainda sinto.
O jeito como ele parecia íntimo daquela garota, a forma como sorria para ela, me incomodou de tal forma que senti tudo dentro de mim entrar em colapso como um vulcão prestes a entrar em erupção. Isso não é sinal de coisa boa, e é por isso que estou tão apavorada. O que temos não pode passar de sexo casual, e sinto que estou começando a extrapolar alguns limites. Não posso sentir ciúmes de Damien, não posso me apaixonar por ele. Esse seria o meu fim.
— Professora Danvers.
Sinto todos os músculos do meu corpo ficarem rijos quando escuto uma voz bastante familiar. Tento apressar os passos, ignorar o chamado, mas me sinto em um labirinto no corredor, com um bocado de obstáculos bloqueando minha passagem.
— Professora Danvers — Damien insiste, a voz bem próxima em algum ponto atrás de mim. Sei que não posso fingir que não estou escutando por muito mais tempo. — Professora Danvers, espera!
Não tenho opção a não ser parar. Conto de um até três mentalmente e respiro fundo antes de me virar lentamente, vendo-o caminhar na minha direção com uma expressão solene. Seus olhos parecem em chamas. Abro um sorriso minguado. Todos à minha volta parecem ocupados demais em seus próprios mundos para perceber o meu nervosismo diante da situação.
Damien para bem na minha frente, tão alto e forte, e sua presença rouba todo o meu fôlego. Merda. Ele não deveria me afetar tanto assim.
— Sr. Baker — minha voz vacila um pouco, e sou obrigada a limpar a garganta para tentar recuperar um pouco de confiança. — Posso ajudar?
Ele solta um riso curto, como se estivesse desacreditando da minha capacidade de ser tão cínica. Mas o que ele esperava? Que eu começasse a tentar justificar a minha atitude — coisa que eu nem saberia fazer — no meio de todas essas pessoas? Seus olhos ficam vidrados nos meus, e eu quase posso sentir aquele olhar selvagem perfurando a minha alma.
