vinte e sete

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ARIANA

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ARIANA

Eu devo estar muito louca para deixar um cara que não contém carteira de motorista dirigir o meu carro. Apesar da possibilidade de sermos parados por um policial e ficarmos bem encrencados, nada disso importa agora. Eu apenas me encosto no banco, aproveitando a brisa de um dia de verão enquanto o teto da Ferrari 458 Spider está abaixado. 

Ele parece estar se divertindo bastante, e seu entusiasmo por estar dirigindo um carro tão sofisticado e esportivo me contagia. Eu sempre fui amante de carros, apesar de entender muito pouco sobre eles. Passei a colecionar alguns modelos ao longo dos anos, alguns deles esportivos, como esse. Normalmente eu tenho muito ciúmes de deixar alguém dirigir — Adam sempre dizia que eu era paranóica quanto a isso —, mas eu me sinto segura e confiante sendo a caroneira de Damien. 

E chega de pensar no Adam. 

Ainda dói… dói muito. Mas prometi ao homem sentado bem ao meu lado que eu vou tentar libertar a minha mente do sofrimento e focar apenas na diversão que nos espera, mesmo que eu não saiba do que se trata; Damien não quis me contar sobre o que está tramando. 

Eu liguei para a faculdade e inventei uma desculpa de que estava doente. Me sinto um pouco culpada por mentir tão descaradamente — eu nunca fiz isso —, mas ao mesmo tempo tão rebelde… prefiro pensar que estou fazendo isso por uma boa causa. Minha saúde mental precisa vir em primeiro lugar. 

Desliguei o celular. A única pessoa para quem estou disponível é Damien. 

Passamos pela praia, e a sensação é revigorante. Deixo a brisa salgada tomar conta de mim e os raios solares preencherem o meu rosto coberto por um óculos de sol. A dor parece se anestesiar aos poucos, apesar de eu senti-la um pouco intensa demais. Vai passar. Tudo passa, seja momentos bons ou ruins. 

Quando Damien para em uma rua estreita, com algumas lojinhas de artesanato e um Café um pouco desleixado, fico confusa. Olho para ele, em busca de explicações, e o espertinho apenas oferece um sorriso enigmático enquanto ergue o teto do carro. Ele faz questão de descer e abrir a porta do carona para mim. 

— O que viemos fazer aqui? — Não aguento de curiosidade. 

Ele não solta minha mão. Andamos alguns metros pela calçada com os dedos entrelaçados, e não deixo de notar o ato afetivo. Não quero parecer muito emocionada, mas… isso aquece o meu peito. 

— Relaxa — diz ele, sem dar pistas. — É logo ali — inclina a cabeça em uma direção. 

Ergo a cabeça e dou de cara com um letreiro azul néon, se destacando entre todas as outras cores neutras. O lugar tem pichações artísticas nas paredes, formando inúmeros desenhos impressionantes, e logo me dou conta do lugar para onde ele me trouxe. 

— Você vai fazer uma tatuagem nova? — pergunto, animada. 

— Não — balança a cabeça e depois corrige: — Nós vamos. 

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