trinta e três

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ARIANA

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ARIANA

A sensação que eu tenho é que um buraco se abriu abaixo dos meus pés e agora estou despencando em um abismo escuro e sem fundo. Meu coração está acelerado e eu mal posso acreditar que isso está acontecendo justamente quando tudo parecia prestes a se encaixar. 

— A-Adam? — gaguejo. — O que você… o que você está fazendo aqui? 

A postura dele é completamente indiferente. Ai, não…

— Fiquei sabendo que você pediu demissão — informa ele, seco. — Vim aqui para podermos conversar sobre isso, mas pelo visto você está muito ocupada, né? 

Fico sem saber o que dizer. Uma sensação intensa de enjoo se instala no meu estômago, e tenho a impressão de que vou desmaiar a qualquer momento. Tenho vontade de chorar. Isso não era para estar acontecendo, mas eis aqui o meu pior pesadelo, e eu sei que o que eu mais temia acabou de acontecer, e não há nada que eu possa fazer quanto a isso. 

— Adam… — me sinto acuada. 

— Vamos subir — não é uma escolha. — Acho que temos assuntos a tratar. 

Minha única alternativa é aceitar os seus termos. Eu entro no saguão do prédio com ele ao meu lado, e por mais que eu esteja andando e respirando, me sinto morta. Doente. Não estou preocupada comigo — seja lá o que Adam esteja planejando fazer, eu posso me reerguer —, mas sim com Damien. Todo esse tempo eu estive preocupada com o futuro dele, e agora… agora eu sinto que joguei tudo no lixo por algo que poderíamos ter evitado. 

Deus do céu, o que eu faço agora? 

O silêncio prevalece no elevador. Não tenho coragem de começar esse assunto, e uso o tempo da subida para formular um discurso coerente para nos tirar — ou pelo menos tentar — dessa enrascada. Agora é tudo ou nada, e preciso colocar minhas últimas cartas na mesa, mesmo que elas não sejam uma jogada muito inteligente. Bom, eu já cheguei ao fundo do poço; pior não pode ficar. 

Finalmente as portas se abrem no hall. Eu saio primeiro, a fim de respirar um pouco de ar. Estava me sentindo sufocada lá dentro, e a presença de Adam na atual circunstância espalha uma aura pesada e sombria ao redor de mim. 

Encaro a vista pela parede de fundo. San Francisco se torna ainda mais espetacular à noite, mas nem mesmo toda sua gloriosa beleza é capaz de me acalmar agora. Escuto os passos sorrateiros do meu ex-marido atrás de mim, quase como se estivesse se divertindo por me ter nas mãos agora. Como se soubesse que… eu faria qualquer coisa que ele pedisse para proteger a integridade daquele que eu amo. 

— Então… — começa ele, a voz solene. — Você tem algo a dizer? 

Eu me viro lentamente para Adam. Ele está parado a poucos metros de mim, mas eu posso sentir a sua presença em cada célula do meu corpo. Apesar de estar com medo, eu não mostro fraqueza na frente dele. Ergo o queixo, a expressão impassível, os olhos vazios. Eu prometi a Damien que iria lutar por nós, e é isso que eu vou fazer. 

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