Eu bati a porta de casa zangada, que ao fim de todos estes anos eu ainda não conseguia fazer um táxi parar. Eu estava encharcada, enregelada, e senti-me oca, completamente oca, não tinha bem a certeza se o frio vinha de fora ou de dentro, mas quando o vapor da água quente atingiu a minha pele eu senti-me estremecer antes de começar a voltar á minha temperatura normal, meti-me debaixo da cascata de água e esperei que a minha tristeza fosse pelo ralo também, mas nada aconteceu, as palavras do Harry continuavam a flutuar dentro da minha cabeça.
Ouve uma coisa que me fez sentir bem quando estava no avião a voltar para aqui, eu fiz uma lista das coisas que normalmente me descontraiam antes do Harry, contei cada uma dessas coisas e até aterrar senti-me diferente, mas assim que o meu pé pisou terra firme percebi que todas as coisas que antes me faziam feliz se tinham tornada horrivelmente terríveis sem o Harry, nada nunca me tinha dado a adrenalina e excitação que o Harry dava, e naquele momento eu percebi que não era apenas amor que nos unia, era o facto de algo mais profundo ter acontecido naqueles seis meses.
Eu sou uma aluna de arquitetura, mas eu li imenso ao longo da minha vida, principalmente Romances, muitos romances ocupam as minhas estantes, e aqueles livros sobre pessoas que nasceram uma para a outra, ao mesmo tempo que me faziam feliz também me incomodavam, porque uma parte de mim sabia que não existiam, ou que pelo menos era um num milhão.
Bom eu sou o um num milhão. Eu encontrei o meu um num milhão e ao invés de o acorrentar a mim eu fugi dele como uma prisioneira. O Harry é tão parte de mim que mesmo que eu tivesse tido uma espécie de namorada eu apenas me interessei por ele porque ele tinha algo semelhante ao Harry, ele nunca me deixou, ele continuou a ser o responsável pelas batidas perdidas do meu coração.
Assim que acabo o meu duche saio para fora e visto o pijama, não quero sair mais de casa, infelizmente amanhã tenho um "apuramento de funções" o que me faz ter que estar na empresa novamente, e irrita-me a maneira como sou tão sentimental porque a sério? Eu vou trabalhar a ali, mas em vez de me sentir confiante em relação a isso estou preocupada como devo agir á volta de todos, do Harry...
Agarro numa manta e prendo o meu cabelo num rabo-de-cavalo enquanto me atiro para o sofá e fecho os olhos, um bocejo alto a sair dos meus lábios antes de os meus olhos se fecharem, eu não tive muito descanso a noite passada de qualquer maneira.
(...)
Oiço a porta bater e isso tira-me do meu sono, quando abro os olhos Ave está a colocar a suas chaves no chaveiro, o seu rosto é cansado e triste. Ela anda até mim e enfia-se debaixo da manta comigo, sento-me e ela coloca a sua cabeça no meu colo.
-O que foi?- Pergunto, ainda meio grogue do sono.
-Eles vão todos a Toronto, Toronto não é muito longe da minha terra natal.- Ela murmura tristemente. Ela fecha os olhos e vejo-a fechar os olhos com força enquanto se enrosca mais nela mesma.
-Tu podias ir Ave, tu trabalhas lá á um ano e tu ainda não tiveste as tuas férias.- Sorriu-lhe, mas acho que ela pensou nisso.
-Sim, mas eu estou a acumula-las para quando o meu irmão nascer, e para além disso Mr.Styles não está a dispensar uma contabilista nesta altura.- A minha cabeça gira com a informação, ela tem estado preocupada com não poder ver a sua mãe antes do nascimento do bebé.
-Sim, mas tu podias repartir as tuas férias em duas. Uma antes de o bebé nascer, e outra depois.
-Soph as viagens para o Canadá não são baratas e mesmo que eu não esteja com falta de dinheiro nós vivemos numa das cidades onde a taxa de aluguer é mais cara, metade dos nossos rendimentos vão para a casa, eu não tenho o dinheiro suficiente.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...