Sinto a cama irrequieta ao meu lado e tento lembrar-me de quando foi a ultima vez que dormi em condições...oh, isso seria nunca! Abro os olhos e vejo quando uma pequena grande bebé agita os braços para cima, a cara virada para mim, os olhos verdes brilhantes enquanto guinchos deixam os lábios carnudos. Os seis meses são agitados.
-Bom dia.- A minha voz sai rouca e sorrio. Ela parece tão bonita como a mãe adormecida ao seu lado.
O cabelo da Sophia está espalhado pela almofada e os lábios separados enquanto a respiração suave escapa. Tenho quase a certeza de que o brilho na bochecha dela é baba, só não sei se é dela ou da minha filha irrequieta. Agarro o corpinho pequeno e coloco-a em cima do meu peito. Ela parece hipnotizada com a tinta preta no meu peito e as mãos batem repetidamente antes de a sua cabeça se tornar demasiado pesada e ela a descansar cima de mim. A minha mão balança-a nas costas e ela faz barulho. Sei que ela está com fome e está prestes a chorar, mas a Sophia tem andado tão stressada com infeção no ouvido da Juliet que não têm dormido nada.
Levanto-me e saio devagar. Quando chego á nossa nova cozinha tento lembrar-me em que saco o leito materno está guardado para emergências. Juliet agarra-me o cabelo e riu-me. A sua boca aberta bate na minha bochecha e decido que não consigo fazer nada com ela assim. Coloco-a dentro do berço de madeira que temos na sala, mas assim que ela se senta o seu lábio treme e ela chora alto.
-Tudo bem, anda cá.
Volto a agarra-la e caminho para a cozinha de novo á procura de um biberão.
-Precisas de ajuda?
A voz ensonada da minha deusa salvadora faz-me virar depressa e ela anda até mim.
-Como está a minha bebé esfomeada?
Julliet sorri ainda com as bochechas molhadas, mais uma vez não sei dizer exatamente o que é. Elas adoram-se, é incrível! Sei que os filhos amam os pais, mas sinto que é diferente connosco, a Sophia diz que todos os pais pensam assim, e talvez seja verdade, mas continuo a dizer que connosco é mais especial.
-Bom ela está bem, eu é que estou meio a dormir ainda.
Ela sorri e beija-me os lábios suavemente antes de pegar na Julliet e se sentar no sofá com ela. A sua camisola desce e observo como a minha filha se agarra ao peito da mãe desesperada. A Sophia sorri e passa os dedos pelos fios de cabelo soltos que nascem aleatoriamente em todo o lado. É como se ela amasse a nossa filha numa profundidade diferente, como se o nosso amor ganhasse um formato. É um ser humano nosso.
-Meu Deus isto ainda é tão desconfortável como no inicio.- A Sophia encosta a cabeça ao meu ombro e beijo-lhe a testa.
-Tu és muito afincada de qualquer maneira, já podias ter parado de a amamentar, no entanto continuas.
-Bom, no fundo é uma sensação boa, saber que ela se está alimentar daquilo que lhe dou...para além do puré de fruta e de batata, e da sopa...
Rio-me do comentário dela.
-Estás a ser ultrapassada pela comida rápida.
-O quê? Eu sou mais rápida que fast food, é só sugar por amor de Deus!
-Claro que sim.- Beijo-lhe o cabelo e ela suspira enquanto os lábios pequenos de Julliet trabalham sem descanso.
É incrível como a vida muda em torno de um ser humano tão pequeno. É segunda feira e são seis e meia da manhã e eu e Sophia estamos fora da cama porque a Julliet têm fome, em ciscunstancias normais pré Julliet estaríamos os dois a lutar um com o outro para ver quem ia sair da cama primeiro. Tenho uma viagem de negócios esta tarde para Boston e é a primeira vez que vou deixar a Sophia e a bebé e sinto-me tão tentado em fazer as coisas á minhas maneira que as minhas mãos coçam com vontade de ligar a Lara para dar três dias de descanso á Soph...as probabilidades de tudo isto dar muito errado são gigantes, mas costumes do passado custam a perdes, o mesmo com fantasmas...
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...