Conforme nos aproximamos o sorriso do Carl cresceu dando a entender o quão entusiasmante era estar naquela situação, eu esperava que ele não pensasse que eu nutria sentimentos tão grandes assim por ele para chegar a sentir ciúmes. Porque não sentia. A única coisa que podia mexer comigo eram as memórias dos últimos anos, apenas isso.
-Olá.- Disse ao mesmo tempo que Ave e ele abraçou-nos ás duas.
-Olá miúdas, esta é a Laura, a minha namorada.- Ele apresentou-nos e apertamos as mãos, mas a Ave estava em estado de choque.
-Almocei contigo á três dias e não me dissestes nada!- As mãos dela seguraram as ancas de maneira defensiva.
-O amor é rápido.- O olhar que ele me lançou também foi rápido, e apeteceu-me revirar os olhos, ele sabia que este era o nosso restaurante e que quinta-feira era o dia mais provável de cá virmos, ele estava a fazer de propósito.
-Então Sophia como está o teu namorado?- Olhei para e reparei no ferimento quase curado na cara dele, e de repente achei quase inofensivo o que ele estava a fazer.
-Bem, provavelmente a trabalhar ainda.- Encolhi os ombros e olhei para a mesa que costumávamos escolher lá dentro a ser ocupada por dois turistas Asiáticos. Fantástico.
-Vai ser horrível quando se casarem e ele não tiver tempo para ti.- Ele disse para que parecesse uma piada, mas o meu estomago agitou-se.
-Tenho a certeza de que vamos arranjar um meio-termo se nos casarmos.- Havia sarcasmo a pingar das minhas palavras.
-Provavelmente vão. Querem fazer-nos companhia para o jantar?- Uma parte de mim achava sinceramente que ele não percebia o que se estava a passar, mas depois lembrei-me de todas as vezes que ele passou em exames com batota, e em que tentou seduzir a senhora que trabalhava na sala de fotocópias para conseguir trabalhos já feitos...então sinceramente eu sabia bem que havia um lado estranho dele, que no entanto nunca me tinha parecido maldoso, até agora claro.
-Sim.- a Ave saltitou e um sorriso satisfeito brilhou na cara de Carl.
-Ótimo, Laura?
-Por mim tudo bem.- A voz dela era suave com um timbre bonito.
-Boa.
-Preciso de ir á casa de banho, encontramo-nos na mesa lá dentro.
Todos acenaram, um por um e entramos no restaurante, com eles a moverem-se a sala de jantar e comigo a descer as escadas para a casa de banho subterrânea. Assim que entrei o ar bafiento envolveu-me, não cheirava mal, mas também não era agradável, abri a porta da casa de banho e reparei com interesse nas janelas pequenas que davam para o chão lá fora, uma pessoa não caberia ali para fugir de um possível ataque. Abanei a cabeça com convicção e lavei a cara procurando tentar não ser eu a criar mau ambiente ao jantar, no entanto sentia-me como uma criança porque era o espaço onde eu e os meus amigos costumávamos estudar e jantar depois ou antes de um filme, e agora uma mulher estava a entrar nele, e Laura parecia simpática o que me tornava ainda mais estupida.
Sê tu mesma. A minha cabeça mandou.
-É bom ver-te depois daquela noite, o teu namorado arrastou-te daqui para fora.- Carl encostou-se á porta.
-Acho que foi simpático da parte dele, sabe-se lá onde eu estaria no outro dia.
-Em tua casa.- O olhar dele foi sério.- Eu sei que as minhas atitudes não tem sido muito boas, mas...o facto de teres um namorado agora, de teres outro homem na tua vida que não o teu grande amigo fez-me ficar chateado, passei estes três anos a tentar perceber como te abordar sem nunca conseguir, e depois aparece este tipo com quem pelos vistos já tiveste uma relação, e eu aqui a pensar que eras virgem...- Abanou a cabeça a rir-se.- O que quero dizer é "desculpa" por não ter sido grande coisa nos últimos tempos, mas é mau ver como se foi trocado, e não tentes dizer que não, nem tu acreditas nisso.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...