Parece que há um replay na minha cabeça. Quantas vezes eu ouvi isto? Demasiados acho eu. Fecho os olhos e suspiro, ando até á cozinha e abro a torneira, arregaço as mangas e começo a passar por água a loiça que Ave deixou ontem aqui. Sinto Harry atrás de mim, lentamente ele fecha a torneira e viro-me para ele. Cada pelo do meu corpo está eriçado e o meu coração bate desenfreado.
-Pensa nisso Sophia.- Ele sussurra.
-Não vou deixar a Ave.- Suspiro.
-Acho que este rapaz era capaz de querer viver com ela.- Olho para ele, os olhos brilhantes parecem não querer mentir-me, na verdade acho que ele está a ser mesmo sincero e não a trabalhar para o seu próprio interesse.
Não é que eu não queira, só que tenho medo. Medo de falhar, de deixar ir e de repente já não estar no meu controlo.
-Sophia...
-Eu gostava que um dia pudéssemos realmente dividir uma casa.- Olho para ele a sorrir.
-E podíamos fazer isso. Agora.- Ele passa uma mecha de cabelo para trás da minha orelha. A respiração dele bate na minha testa e levo a mão ao cabelo dele, desço suavemente e encontro a velha cicatriz debaixo dos meus dedos, o relevo faz-me arrepiar.
-Uma casa que eu pudesse ver, escolher e pagar contigo.- Respondo.
Harry revira os olhos e sorri para mim, é engraçado como de repente já não é mais sobre is viver com ele, há uma implicação a escolher algo nosso. Não dele.
-Posso pagar e mais tarde podes devolver-me o dinheiro?
-Não me quero endividar.- Beijo-lhe suavemente os lábios.- Para além disso escolhemos falar disto daqui a uns meses.
-Gostava de poder acordar com a sensação irritante do teu cabelo debaixo da minha cara.- Ele sorri e acabo por me rir. É verdade o meu cabelo fica sempre preso debaixo da cabeça dele por dormirmos tão perto.
-Ainda podes.- Viro-me de novo para o lavatório e recomeço, lavando as chávenas lentamente. Quando acabo ele está encostado ao balcão de pequeno-almoço.
- Liguei para uma loja na 5ªAvenida, podes ir escolher um vestido e sapatos.- Ele passo o cabelo para trás da testa.
-Okay, obrigada.- Sorriu e começo a secar as canecas. Pela minha visão periférica consigo vê-lo de boca aberta.
-O quê?- Riu-me.
-Estás mesmo a aceitar isto?- Talvez deva fechar a boca dele.
-Sim, porque não? Para além disso gostei mesmo dos sapatos que me deste.- Encolho os ombros. E talvez eu tenha entendi que também preciso de fazer cedências.
-Meu Deus já te podes casar comigo.- Ele sussurra e engasgo-me. A tosse provoca-me convulsões e apoio-me na bancada. Harry passa-me um copo de água e bebo-o devagar. Sinto lágrimas de aflição nos olhos e limpo-as olhando para ele.
-Uh ainda bem que não tinha um anel aqui, senão tinhas pisados os meus sentimentos.
-Não...quero dizer, somos muito novos.- Murmuro ainda a respirar com dificuldade, viro-me e começo a colocar as canecas no armário.
A porta da casa de banho abre-se e Paul aparece vestido, roupas decentes cobrem-no agora, e sinto-me muito mais séria sobre falar com ele agora. Os olhos escuros estão divertidos, ele deve ter ouvido o que o Harry disse.
-Bom, vou andando, lamento eu disse que ficava mais cinco minutos mas acabei por adormecer, vou chegar atrasado ao trabalho e...esqueçam. -Ele calça os sapatos e tanto eu como o Harry ficamos a olhar para ele. Ele é quase tão alto como o Harry, talvez um centímetro ou dois a mais.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...