O resto do voo foi tão calmo como poderia ser depois de ter acordado, e quando aterrei no aeroporto de Álborg a manhã caminhava para mim a passos largos, a minha mochila estava nas minhas costas e senti-me grata por não ter trazido uma grande mala, isso evitou-me tempo na fila para recolher a bagagem.
Olhava atentamente toda a gente, não que fossem diferentes, apenas mais loiros, mas de certa forma estar noutro pais dava-me uma perspetiva melhor do que se seguiria, e percebi que o que tornou mais suportável a separação do Harry quando fui para Nova York foi realmente saber que ele estava longe, e que mesmo que quisesse cede não podia, e agora, aqui, longe dele, do cheiro dele, do toque e da voz dele dá-me uma ilusão de facilidade em lidar com tudo isto.
-Soph!- Viro-me e vejo a minha mãe.
Mas a minha boca esta no chão quando vejo o seu cabelo mal preso num rabo de cavalo confortável, o cabelo escuro a tentar escapar do aperto do elástico, as calças de fato de treino, e o casaco de pelo enorme, parece descontraída como quase nunca vejo a minha mãe, quase desleixada, mas feliz com isso, o olhar triste foi-se e corro para ela, abraço-a como se não a visse por meses, e deixo-me ficar desajeitada nos braços familiares que não importa o quê, vão amar-me sempre.
-Olá para ti também, estás muito carinhosa hoje.- Ela murmura quando me afasto, o nó na minha garganta cresce ao lembrar-me de uma das últimas conversas que tive com ela, sobre o Harry.
-Estou tão contente por estra aqui, á anos que não vinha cá.
-Estou contente por teres vindo, por estarmos todos aqui, o teu irmão vai chegar amanhã com a Meredith.- A minha mãe estendo o casaco pesado extra para mim e apresso-me a vesti-lo. É quase impossível voltar a colocar a mochila por isso ando com ela na mão ao lado da minha mãe, ouvindo as conversas estranhas que me passam pelos ouvidos, sem perceber nada, apenas fascinada com aquilo que é o desconhecido.
Quando me sento no lugar do passageiro a minha mãe liga o aquecimento dos bancos e derreto-me em cima do cabedal, o frio lá fora em Abril ainda é forte, mais do que um mau dia em Nova York.
-Meu Deus é tão estranho ouvir as pessoas a falar outra língua.- Murmuro quando a minha mãe liga o rádio.
-Não te lembras te uma única palavra?- A minha mãe diz meio zangada.
-Não...não sei.- Murmuro a puxar pela memória.- Tu ainda sabes falar Dinamarquês?- Olho para ela, e quando paramos num semáforo ela ri-se.
-Querida nasci aqui, ás vezes digo coisas feias ao pai em dinamarquês e ele não entende nada.- Ela ri-se.
-Oh.- Digo, desejando saber alguma língua a mais.
-Vamos fazer um teste?- A minha mãe volta a acelerar o carro e começa.- Hej?
Reviro os olhos, esta é fácil.
-Significa "Olá"- Murmuro.
-Farvel?
-"Adeus"
- Din far er i dårligt humør i dag?
-O pai está...- Digo rindo-me.
-O teu pai está de mau humor hoje.
-Chegava lá por dedução.- Bato na cabeça.
-Alguma palavra que ainda consigas dizer sem eu te dar uma ajuda.
Puxo pela cabeça e encosto-me para trás no banco, quer lembrar-me de algo espirutuoso ou engraçado para dizer, alguma piada, ou trava língua que tenha ouvido, mas não sai nada, estou bloqueada.
-Bedstefar...- Murmuro olhando para um baloiço abandonado pelo qual passamos, o meu avô montou-me o meu primeiro baloiço, deu-me o meu primeiro empurrão. É isso que a palavra significa "avô", e foi isso que me trouxe aqui.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...